Doria critica governo federal e não garante cronograma de vacinação paulista

Segundo governador, doses da Coronavac não foram pagas e verba para calendário estadual ficou comprometida

Por: Matheus Müller  -  20/01/21  -  15:23
Pronunciamento ocorreu durante cerimônia de vacinação contra covid-19 em Santos
Pronunciamento ocorreu durante cerimônia de vacinação contra covid-19 em Santos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O governador João Doria (PSDB) garantiu na manhã desta quarta-feira (20), em evento que marcou o começo da vacinação contra a Covid-19, no Hospital Estivadores, em Santos, a imunização de todos os profissionais da saúde, indígenas e quilombolas - as duas doses, entre 21 e 28 dias. Ele, no entanto, não confirmou o calendário previstos para os idosos (em 8 de fevereiro). A explicação para o atraso foi a redistribuição da coronavac para o Governo Federal.


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Doria garantiu que vai disponibilizar vacinas para todos os brasileiros, mas, na sequência, disse: “Isso, se o Ministério da Saúde cumprir o compromisso com o Instituto Butatan. Quem compra a vacina, paga pela vacina. Esse é o procedimento normal”. O governador afirmou que o posicionamento “ainda” não é uma crítica. “Até agora, o Instituto Butantan não recebeu um único centavo do Governo Federal, zero! Zero”.


Das 6 milhões de doses da coronavac - produzidas pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan -, São Paulo ficou com 1.357 milhão. A situação, segundo Regiane Cardoso de Paula, coordenadora-geral da vacinação no Estado de São Paulo, fez com que o Programa Estadual de Imunização (PEI) adequasse as datas ao Programa Nacional de Imunização (PNI).


“O que cai é a data provável (do calendário). No PEI, tínhamos todas as datas e uma previsão de 9 milhões de doses e (agora) incorporamos todo o Brasil (na distribuição). Isso não é problema (ficar com 1.357 milhão de vacinas). Estamos garantindo a primeira dose a profissionais de saúde, quilombolas e indígenas. Em seguida, chegando mais vacinas, iremos vacinar sucessivamente (os idosos e demais grupos)”, disse a coordenadora.


A Prefeitura de Santos recebeu, na última terça-feira, 9,5 mil doses da coronavac, suficiente apenas para 4.250 pessoas (considerando as duas doses). A Cidade, por exemplo, conta com algo em torno de 24 mil profissionais da saúde.


O prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), esteve presente ao evento e contou que, em conversa com o governador, lhe foi informada a entrega de mais doses ao Município. “O Governo do Estado assumiu o compromisso de nesta semana mesmo enviar novas doses. A vacina foi aprovada no domingo, segunda-feira fui conversar com o governador, para garantir a primeira dose de hoje (ontem)”.


O chefe do executivo santista ressalta que as doses da coronavac serão entregues aos hospitais da cidade, onde serão aplicadas nos profissionais da saúde.


Mais vacinas


O governador João Doria detalhou o número de doses da coronavac em solo brasileiro: 11,5 milhões. Segundo ele, são as 6 milhões iniciais - parte já foi entregue ao Governo Federal -, e outras 5,5 milhões, que estão esperando pela liberação da Anvisa para serem envasadas.


Ainda de acordo com ele, 35 milhões de doses foram encomendadas à Sinovac. “Aguardamos apenas a autorização do governo chines para processar a importação aérea e, com isso, uma nova autorização da Anvisa para fazer o envase e distribuir a vacina em todo o Brasil”.


Doria aponta ainda que o Estado encomendou mais 15 milhões de doses, estas previstas para março. Todo o volume representa 61,5 milhões de doses.


O governador informou ter oferecido para Governo Federal a possibilidade de adquirir mais 40 milhões de doses para o laboratório Sinovac, “coisa que o Ministério (da Saúde) ainda não fez”.


Onde estão?


O governador João Doria (PSDB) informou ser favorável a todas as vacinas, mas questionou: “Onde estão as outras vacinas? Onde estão as milhões de vacinas que o Ministério de Saúde prometeu para os brasileiros, onde está a vacina da Astrazeneca (negociada pelo Governo Federal)? A única vacina que temos é a do Butantan”.


Ele lembrou que a coronavac foi “desqualificada, desdenhada e humilhada pelo Presidente da República” e destacou que os insumos para a Astrazeneca também são oriundos da China. “Se necessário for, eu irei à China para pleitear a liberação dos insumos, não apenas para a vacina do Butantan, mas para a vacina Astrazeneca. Agora, é a hora que temos que estar todos unidos”.


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