Dirigente de educação da Baixada 'sugere' para professores carpirem mato de escolas; VÍDEO

Fala de João Bosco Arantes Braga Guimarães, de 21 de janeiro, repercutiu quando ele disse para que profissionais da área façam serviços de zeladoria e manutenção nas unidades de ensino

Por: Cássio Lyra  -  06/02/21  -  09:10
Reunião de forma remota ocorreu em 21 de janeiro, mas vídeo foi retirado do ar
Reunião de forma remota ocorreu em 21 de janeiro, mas vídeo foi retirado do ar   Foto: Reprodução

O dirigente regional de ensino da secretaria da Educação do Estado de São Paulo, responsável pelas escolas estaduais de Bertioga, Guarujá, Cubatão e Santos, sugeriu que professores e profissionais da área façam serviços de carpir o mato das unidades de ensino. A fala não repercutiu bem entre os professores e demais pessoas que atuam na área.


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O caso aconteceu quando o dirigente regional, professor João Bosco Arantes Braga Guimarães, discursava durante uma reunião, realizada de forma remota, sobre o planejamento das escolas estaduais visando o calendário de 2021. A reunião ocorreu em 21 de janeiro. A transmissão remota estava disponível para assistir, no canal oficial da Diretoria Regional de Santos (DER-Santos), mas foi retirado do ar na noite de sexta-feira (5).


Reunião de forma remota ocorreu em 21 de janeiro, mas vídeo foi retirado do ar
Reunião de forma remota ocorreu em 21 de janeiro, mas vídeo foi retirado do ar   Foto: Reprodução

Em determinado momento em sua fala, o dirigente fazia menção sobre o retorno dos professores para as escolas, quando fez a sugestão de que professores e supervisores das instituições usem 'roçadeiras para carpir o mato', além de 'cortar galho de árvore alta'.


"Escola preparada, roçada. Pega lá uma roçadeira. As vezes foram três supervisoras na escola, dá uma roçadeira para cada uma e vamos roçar o mato. Os PCNPs (Professor Coordenador de Núcleo Pedagógico) estão lá na escola, já deu a parte deles de serviço, porque nós temos toda a semana que vem ainda, não tem aula semana que vem, tem só planejamento. Aí, os PCNPs deram uma chegada na escola, dois três, a roçadeira tá lá parada, já pega e já vai limpar. Quem tiver árvore alta, já pede pra subir no pé e cortar galho", disse, durante reunião que ainda contava com o calendário com retorno das aulas em 1º de fevereiro.


ATribuna.com.br conversou com um professor que atua em uma escola estadual da Baixada Santista. Ele, que preferiu não se identificar, repudiou a fala do dirigente, afirmando que o pensamento de acúmulo de funções, vem do próprio secretário da pasta, Rossieli Soares.


"O dirigente é conhecido por ser intransigente e incoerente em muitas questões. Ao fazer essa 'orientação', ele simplesmente falha como gestor-mor da Diretoria de Ensino de Santos, pois é da incumbência dele junto aos diretores das escolas contratar força de trabalho para esse fim", relatou,


"Vê-se claramente na fala do dirigente a reprodução do mesmo discurso do secretário (Rossieli Soares) no sentido de gerar acúmulo de funções. Durante a pandemia, tivemos que realizar função de diretor, coordenador, coordenador de área e agente de organização escolar em nome da famigerada busca ativa", completou o profissional.


Dirigente sugeriu para professores e supervisores carpir o mato das escolas no retorno ás aulas
Dirigente sugeriu para professores e supervisores carpir o mato das escolas no retorno ás aulas   Foto: Reprodução/TV Tribuna

ATribuna.com.br tentou entrar em contato com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.


Em nota, a Secretaria da Educação (Seduc-SP) esclarece que o dirigente regional de Santos se expressou de maneira inadequada. Acrescentou dizendo que o dirigente será reorientado e está à disposição para esclarecimentos.


Confira nota na íntegra


A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) esclarece que o dirigente regional de Santos se expressou de maneira inadequada durante a reunião. As escolas da rede estadual possuem contratos com empresas de limpeza para a realização deste tipo de trabalho, inclusive através de investimentos como o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Em 2020, as 5,1 mil escolas estaduais receberam R$ 700 milhões pelo Programa Dinheiro Direto na Escola de SP. A verba foi destinada para manutenção e conservação das unidades para a volta segura das aulas presenciais. Outros R$ 700 milhões já foram liberados para os preparativos do ano letivo de 2021. O dirigente será reorientado e está à disposição para esclarecimentos.


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