Comércio da Baixada Santista se adapta à 'fase emergencial' do Plano SP: 'A gente não vai aguentar'

Representantes de vários segmentos, entre eles bares, restaurantes e hotéis, apontam as dificuldades enfrentadas pela fase mais restritiva imposta pelo governo estadual

Por: Matheus Müller  -  13/03/21  -  17:36
O setor de materiais de construção também foi afetado
O setor de materiais de construção também foi afetado   Foto: Matheus Tagé/AT

Os bares e restaurantes tiveram as restrições ampliadas com a fase emergencial, anunciada pelo Governo de São Paulo nesta quinta-feira (11). Agora, os clientes sequer podem ir aos estabelecimentos para retirar os pedidos – situação que, de certa forma, reduzia o volume de entrega dos empresários por delivery.


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O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes), Heitor Gonzalez, lamentou a medida e disparou: “Parece perseguição com a categoria de restaurantes e bares” e “A gente não vai aguentar por muito tempo”.


A justificativa dele para tal apontamento, apesar do aumento do contágio por covid-19, se baseia na permissividade do Estado a outros estabelecimentos, como supermercados, entre outros. "Meu Deus do céu, ele (cliente) pode ir ao açougue comprar 1kg de carne, mas não pode ir em um restaurante retirar um pacote de comida? Vai ficar menos tempo na porta de um restaurante do que dentro de um açougue ou na padaria, na fila, esperando o pão”.


Gonzalez reforça que o setor mal suportou uma semana na fase vermelha, quanto mais 15 dias na emergencial. “A situação de bares e restaurantes é calamitosa”.


“A gente não vai aguentar por muito tempo. Agora se faz urgente, realmente, que o Governo Federal edite novamente a medida dos salários (redução de salário e jornada, além da suspensão de contrato) para que a gente possa deixar os funcionários em casa e possa aguentar mais 30 ou 60 dias, porque isso não vai acabar no dia 30 de março”.


Hotéis


O Estado não impôs restrições aos hotéis, como havia sido anunciado de forma equivocada durante a coletiva de reclassificação de fase. Entretanto, o presidente do SinHoRes revela que o setor já havia sofrido um aumento de desistências nas reservas após a fase vermelha e que o cenário deve piorar.


A nova medida recomenda que fechem as praias. Então, por que uma pessoa viria para a região, ficar trancada em um hotel se não pode ir à praia, andar no calçadão, ir a um restaurante ou bar. Dificilmente (os hotéis e pousadas) terão procura”.


Construção
O setor de materiais de construção também foi afetado da mesma forma. Agora, os clientes não podem mais ir ao balcão para pedir e comprar os produtos. Devem solicitar a entrega ou comprar no esquema drive thru, em que o vendedor leva a mercadoria até o carro.


O comerciante e dono de loja de material de construção Alex Douglas cita que as vendas continuam boas e que as medidas restritivas só dificultam o processo. “Atrapalha a forma de vender, mas veremos o que vamos fazer”.


Ele aponta, no entanto, que as medidas restritivas têm causado grande impacto aos demais comércios, como os próprios bares e restaurantes, que são clientes das lojas e, com as portas fechadas desde a fase vermelha, deixam de comprar produtos para manutenção e reparos.


Padarias


Por mais que o Governo de São Paulo tenha anunciado novas restrições às padarias, o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Santos (Sinaspan), Antonio Peres Gomes, garante que não há mudança. Segundo ele, o decreto da nova fase emergencial manteve as limitações impostas na fase vermelha.


“Não muda nada. O texto do decreto do governador (João Doria, PSDB) ficou um pouco confuso. Até mesmo na declaração que fizeram ontem (na coletiva, quinta-feira), a secretária (de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen) se contradisse em um trecho, mas estamos com o decreto do Estado e para as padarias nada muda do que está sendo feito”.


Gomes explica que só não pode permitir o consumo dentro da loja – medida imposta na fase vermelha.
O sindicalista, no entanto, destaca que a restrição causou grande impacto nos estabelecimentos. “Houve uma queda média de 30% a 40% (na receita) do setor, podendo chegar a 80% em algumas casas, as maiores”.


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