Combate ao preconceito religioso é lembrado nesta segunda

Denúncias de preconceito contra seguidores do candomblé e umbanda são as mais frequentes no país

Por: Yasmin Vilar  -  21/01/19  -  20:33
  Foto: Arquivo Pessoal

O preconceito contra a escolha religiosa é uma realidade para muitas pessoas que não seguem as religiões com mais adeptos no país. No Dia Nacional Contra a Intolerância Religiosa, celebrado nesta segunda-feira em (21), algumas vítimas contam para A Tribuna On-line episódios de discriminação vivenciados por elas.


“Como algo que prega o amor pode gerar tanto ódio, só por ser diferente?". É com esse questionamento que Olivia Andrade, de 19 anos, define a indignação por sofrer preconceito por parte da família de um namorado, por seguir o candomblé. “Minha sogra chegou a falar que eu era uma encarnação do próprio demônio, e que tinha a missão de afastar o filho dela da igreja. Porém, a gota d’água foi quando o meu ex quis que eu escolhesse entre ele e a religião. Nem preciso dizer o que escolhi”, conta.


Hoje, a estudante de Psicologia é seguidora da wicca, uma religião focada no culto ao sagrado feminino e à natureza. Olívia passou a seguir a religião por meio da leitura do Tarot e parentes que também eram adeptas.


Desconhecimento gerou preconceito contra adepta ao budismo (Foto: Arquivo Pessoal)


Segundo balanço realizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foram denunciados 42 casos de discriminação religiosa no Estado de São Paulo durante o primeiro semestre de 2018. No país, a maioria das denúncias de intolerância religiosa é de religiões de matrizes africanas, como o candomblé e a umbanda.


Outra dessas vítimas, que prefere não se identificar, relata que conheceu a umbanda por influência da mãe, passando a trabalhar e ajudar nas celebrações, sendo aceita para participar do centro. Entretanto, o primeiro episódio de preconceito surgiu dos próprios familiares, que deixaram de frequentar sua casa repentinamente, após a família passar a seguir a religião e criar um altar com santos na sala.


A jovem de 17 anos ressalta que muitas pessoas não sabem que estão sendo preconceituosas, mas ela prefere desmistificar o preconceito com sua religião do que revidar os comentários. “Já ouvi pessoas falarem que sou muito nova para iniciar, ou perguntarem se já fiz macumba para alguém. Explico que a macumba é um instrumento musical, e não uma religião. Também digo que sou umbandista, e não tocadora de macumba”.


Mas, o preconceito não se limita apenas às religiões de matriz africana. Seguidora do budismo, a empreendedora Vitoria Lelpo, de 22 anos, conta que a falta de conhecimento gera o preconceito. “Pelo fato de a nossa reza ser feita em outra língua, muitas pessoas julgam que somos muçulmanos e, consequentemente, terroristas. Outra vez, fomos questionados sobre o por quê de rezarmos para o demônio”.


Vitoria relata que já ouviu que era “do capeta”, e desejaram que ela “queimasse no inferno junto ao seu criador”, ao contar que era budista e rejeitar um papel com a imagem de um santo. “Eu parei de falar qual era a minha religião para as pessoas, por medo da reação delas”.


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