Cachorros e gatos podem ser contaminados pelo coronavírus, diz estudo

Pesquisa da Universidade Federal do Paraná é feita com mil animais em seis capitais do Brasil

Por: Maurício Martins  -  04/03/21  -  11:28
Cães podem pegar coronavírus e ter sintomas, mas não transmitem
Cães podem pegar coronavírus e ter sintomas, mas não transmitem   Foto: Matheus Tagé/AT

Cães e gatos podem ser infectados pelo coronavírus ao ter contato com pessoas contaminadas. É o que diz uma pesquisa feita com mil animais, em seis capitais do País (Curitiba, Belo Horizonte, Cuiabá, Campo Grande, São Paulo e Recife), e coordenada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Porém, não há evidências de que eles possam transmitir o vírus aos humanos.  


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


O estudo está testando os animais de estimação, cujos donos foram infectados, por meio de sorologia (exame de sangue) e RT-PCR (coleta de secreções). Na semana passada, um caso positivo em um cão da raça boxer foi confirmado, em Belo Horizonte. Outros dez pets já haviam tido o diagnóstico: quatro cães e um gato em Curitiba, dois gatos em Recife, um cachorro e um gato em Campo Grande e outro gato em Cuiabá.   


“Os animais podem ser infectar pelo vírus Sars-CoV-2, da doença covid-19, de forma rara e acidental. Após meses de pandemia, com milhões de casos e mortes em seres humanos, temos poucos casos em cães e gatos. Experimentalmente, os gatos são mais vulnerais e podem transmitir para outros gatos. Os cães, não”, explica o professor Alexander Biondo, do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR e coordenador da pesquisa. 


Segundo ele, os animais pegam dos donos infectados. O ideal é que pessoas doentes mantenham distanciamento dos bichos e usem máscaras. “Não existe, até agora, relato de transmissão de cães e gatos para pessoas, o que leva a concluir que eles não participam do ciclo do vírus, embora se infectem” 


Para o professor, o estudando é importante justamente para acabar com esse tipo de dúvida. “Ajuda os tomadores de decisão, ou seja, os profissionais dos centros de controle de zoonoses ou das secretarias de saúde a entender que cães e gatos não oferecem oferecem risco”.  


O estudo 


É o primeiro estudo do gênero em um país tropical, já que algo semelhante só foi desenvolvido na Itália. Lá, em amostra de 817 animais, 3.4% dos cães e 3.9% dos gatos apresentaram anticorpos contra o Sars-CoV-2.  


A pesquisa brasileira é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Saúde. São dois momentos de avaliação, com amostras biológicas coletadas com intervalo médio de sete dias, entre animais cujo tutor esteja em isolamento domiciliar, com diagnóstico laboratorial confirmado por RT-PCR ou resposta imunológica apenas por IgM. 


De acordo Biondo, uma equipe de pesquisadores faz a coleta em domicílio. Os resultados dos testes são informados aos familiares através de contato telefônico e pela emissão de laudo eletrônico, enviado por e-mail ou aplicativo de mensagens. Em caso positivo, diz ele, os demais animais da residência são testados. Além disso, os familiares são orientados a estabelecer o acompanhamento veterinário por 14 dias, intensificando medidas de higiene e proteção individual e coletiva. 


Para participar da pesquisa, os tutores ou familiares voluntários receberam um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e um questionário de tele vigilância. O objetivo é determinar as características ambientais e outros fatores associados à infecção nos animais. Os resultados devem ser divulgados nos próximos meses.  


Logo A Tribuna
Newsletter