Baixada Santista tem queda de nascimentos e alta de mortes no primeiro semestre de 2021

Números refletem pandemia e medo de famílias. Em Santos, os cartórios registraram 3.663 óbitos de janeiro a junho

Por: Nathália de Alcantara  -  25/07/21  -  06:33
Atualizado em 25/07/21 - 06:36
 Oficial de cartório explica que a mudança no fluxo das estatísticas é observada em todos os municípios da região; levantamentos foram iniciados em 2003 pela Arpen-Brasil
Oficial de cartório explica que a mudança no fluxo das estatísticas é observada em todos os municípios da região; levantamentos foram iniciados em 2003 pela Arpen-Brasil   Foto: Vanessa Rodrigues

Nunca tantos morreram e tão poucos nasceram na Baixada Santista em um primeiro semestre como neste ano, desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos Cartórios de Registro Civil em Santos, em 2003. Foram 11.211 nascidos e 11.781 falecidos, ou 570 óbitos a mais. Por causa da pandemia de covid-19, vive-se hoje a menor diferença entre nascimentos e óbitos nos primeiros seis meses do ano.


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Em Santos, os cartórios registraram 3.663 óbitos de janeiro a junho. O número, que já é o maior da história para um primeiro semestre, é 29,8% superior à média histórica de óbitos na Cidade. Com relação a 2019, ano anterior à decretação da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a alta no número de mortes foi de 48,3%.


Com relação aos nascimentos, Santos registrou o menor número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde 2003. Até o final de junho, contabilizaram-se 3.086 nascimentos, número 37,2% menor que a média de registros de bebês no Município desde o começo da série histórica. Em relação a 2019, a queda é de 31,5%.


A diferença entre nascimentos e óbitos na Cidade, que estava na média de 2.089 nascimentos a mais em Santos, caiu para 577 óbitos a mais este ano.


Outras cidades


Para o oficial do 2º Cartório de Registro Civil de Santos, Aldir Pascoal Monte Bello, os efeitos da pandemia atingiram todas as cidades da região. “Temos mais mortes do que nascimentos, e os números se destacam ainda mais nos municípios maiores. Além dos óbitos causados por covid-19, os casais têm engravidado menos por causa da preocupação com a doença.”


A mesma realidade é encontrada nas outras cidades da Baixada Santista, em especial Mongaguá e São Vicente (veja infográfico). Monte Bello lembra que os cartórios foram serviço essencial e não paralisaram o atendimento durante a pandemia. “Foi feita apenas a redução no horário de atendimento em determinados períodos do ano passado.”


Casamentos


No primeiro semestre deste ano, Santos também registrou o quarto menor número de casamentos da série histórica, desde 2003, 16,4% inferior ao dos anos anteriores. Até junho deste ano, os cartórios celebraram 756 casamentos civis, número 21,5% maior que os 622 matrimônios realizados no mesmo período de 2020, mas 15,1% menor que os 890 celebrados em 2019.


Cruzamento de dados permite análise de mudanças


Os dados estão disponíveis no Portal da Transparência do Registro Civil (transparencia.registrocivil.org.br/inicio), base abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).


Depois, os números são cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nas informações dos cartórios brasileiros.


“Com o Portal da Transparência, podemos visualizar a real condição que a sociedade está passando, como o grande aumento no número de óbitos e a diminuição dos nascimentos”, diz o presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen/SP), Luis Carlos Vendramin Junior.


Para ele, as informações disponibilizadas são bastante preciosas. “Por meio da plataforma, o Poder Público pode fazer uma análise dos impactos da doença e trabalhar as políticas necessárias para atendimento desta nova realidade populacional”, defende Luis Carlos.


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