Baixada Santista está de olho nos casos do Interior de SP e se preocupa com a covid-19

Novas medidas restritivas devem ser anunciadas nesta quarta-feira (25); autoridades da região pregam cautela diante de oscilações dos números da doença

Por: Nathália de Alcantara  -  25/02/21  -  00:58
A média diária de óbitos ficou em 3,6 com um total de 25 mortes na semana
A média diária de óbitos ficou em 3,6 com um total de 25 mortes na semana   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O Governo do Estado deve anunciou nesta quarta-feira (24) novas medidas restritivas para conter a covid-19 e a explosão de internações. Pela determinação, haverá restrição da circulação de pessoas, entre 23h e 5h, a partir de sexta-feira (26). Em terras paulistas, o avanço da doença levou a cidade de Araraquara a fechar tudo desde o último domingo (21). Já São Bernardo do Campo terá toque de recolher a partir de sábado (27).


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Enquanto isso, na Baixada Santista, autoridades da Saúde mantêm a cautela e dizem que a situação precisa ser monitorada (confira abaixo os números de ocupação de leitos). Já médicos alegam que, se nada for feito, podemos ter problemas similares aos notados no Interior Paulista, em especial, onde há redes hospitalares operando no limite.


Segundo a diretora de Vigilância em Saúde de São Vicente, Luciana Schiavetti, a cidade teve aumento de casos, mas a maioria com sintomas leves. “Por enquanto, não vimos casos graves com internação. Acredito que o comportamento das pessoas fez aumentar o número de casos, já que elas não estão conscientes. No começo, tinham medo, mas agora a doença virou algo normal e os cuidados caíram”.


Ela conta ter visto, ultimamente, muita gente andando sem máscara na rua. “A aglomeração está acontecendo. O centro comercial da Cidade está todos os dias lotado. As pessoas estão indo em certos locais sem necessidade. Entendemos o comerciante que precisa estar aberto, mas é preciso se cuidar para não contaminar o próximo”.


Suporte


Já o secretário-adjunto de Saúde de Santos, Dênis Valejo, diz que “ficamos mais acomodados com uma retaguarda hospitalar. Não temos nem metade dos leitos ocupados”.


Naturalmente, a Cidade já recebe pacientes de outras cidades. Caso os municípios vizinhos precisem de ajuda, Santos diz estar preparada. “Estamos preparados para atender toda a região. É uma doença muito instável, é um mundo novo que estamos vivendo, com altos e baixos. Hoje, não há salto com curva muito grande de casos e mortes. Há uma certa estabilidade nesse sentido em Santos”.


Trabalho árduo


O secretário de Saúde de Guarujá, Vitor Hugo Canasiro, concorda que a covid-19 está bastante oscilante. “Não me deixa confortável a nossa ocupação, pois eu queria que fosse zero. Estamos atentos para que ela não chegue próximo de um limite que possa trazer risco de colapso”.


Segundo o secretário, cada vida que se perde impacta bastante não apenas nos números gerais, mas na sociedade. “Era pai, filho de alguém, um parente ou amigo. O nosso trabalho segue embasado na questão de cumprir as regras do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde da melhor forma possível”.


Alarmante


Para infectologistas, está nas mãos dos moradores da região viver ou não um colapso na Saúde. O infectologista Marcos Caseiro se preocupa e teme uma repetição do cenário do Interior na Baixada.
“A gente tem erros históricos. Tudo pode piorar com a chegada da cepa amazonense sendo transmitida de forma rápida e perigosa”.


Para ele, o maior problema é que a maioria das pessoas não se contaminou ainda. “Não estamos fora de risco de viver uma situação grave. As características litorâneas são de muita circulação de pessoas e isso acende a luz de alerta. É o maior momento em termos de mortalidade, ocupação de leitos e casos. A circulação das novas variantes é preocupante”.


O também infectologista Evaldo Stanislau acredita que o futuro da doença na região dependerá do comportamento da população. “Se formos obedientes às regras de prevenção da covid-19 e não aglomerarmos, lavarmos as mãos e usarmos máscaras, as chances de algo semelhante são reduzidas. Mas, se não respeitarmos, a chance existe”.


Stanislau diz que o comportamento do coronavírus na região pode ser comparado a uma montanha-russa. “São momentos de pico e de vale. Em algum momento ela pode acelerar de novo e isso está na dependência do comportamento das pessoas”.


Números


>> Bertioga: 44% de ocupação em enfermaria (sete de 16 leitos) e 30% em UTI (três de dez vagas)


>> Cubatão: Prefeitura não divulga ocupação de enfermaria. UTI está em 37,75% (14 leitos disponíveis)


>> Guarujá: 36% de ocupação da enfermaria na rede pública (de 77 leitos, 28 ocupados) e 44% na privada (de 34 leitos, 15 ocupados); em UTIs, 36% na rede pública (de 45 leitos, 16 ocupados) e 50% na particular (quatro de oito leitos ocupados)


>> Mongaguá: 50% na enfermaria (UPA tem quatro leitos e dois estão ocupados); não há UTI na Cidade


>> Peruíbe: 18,4% de ocupaçãona enfermaria da UPA, única unidade com leitos para covid-19


>> Praia Grande: 15,7% de ocupação na enfermaria (são 140 leitos e22 ocupados) e 35% na UTI(são 40 leitos, sendo 14 ocupados)


>> São Vicente: 40% na enfermaria (são 10 leitos); na UTI, não há ocupação de leitos (são nove disponíveis)


>> Santos: 47% de ocupação em enfermaria e 31% em UTIs


Observação: a Prefeitura de Itanhaém não respondeu até a publicação desta matéria.


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