Aulas na rede pública de ensino na Baixada Santista retornam nesta segunda

ATribuna.com.br traz relatos de pais e professores e mostra tudo sobre a adaptação e os cuidados para o retorno dos alunos às atividades presenciais

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  08/02/21  -  09:00
Em outubro de 2020, escolas estaduais retomaram as atividades presenciais, focando em recuperações
Em outubro de 2020, escolas estaduais retomaram as atividades presenciais, focando em recuperações   Foto: Carlos Nogueira/AT

Dentre as decisões difíceis relacionadas à pandemia do novo coronavírus, uma das principais será colocada à prova a partir desta segunda-feira (8). Ainda que com restrições, a maioria das cidades da Baixada Santista retoma as atividades presenciais nas escolas da rede pública. As prefeituras prometem seguir à risca os protocolos.


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O retorno é embasado em evidências de que o afastamento das salas de aula por quase um ano tem impacto negativo para os alunos, não só do ponto de vista pedagógico, mas também socioemocional. Ainda assim, pairam dúvidas e medos, principalmente, quando o País vive o pior momento da luta contra a covid-19.


Sete das nove prefeituras da região e mais a rede estadual começam o ano letivo nesta segunda-feira (8). Boa parte seguirá as orientações do Governo de São Paulo e oferecerá ensino híbrido, com revezamento entre aulas presenciais e remotas. Veja a lista no final da matéria.


Adaptação


Carla Moreira é mãe de uma aluna da rede estadual e conta que pensou bastante sobre a volta ou não da filha à escola. No fim, optou pelo retorno. “Percebo que ela está sentindo muita falta dos amigos e isso a deixa mais triste. Conversamos sobre a importância dela sempre usar a máscara e lavar as mãos e vamos tentar”.


Neste primeiro momento, os pais podem optar por manter os alunos no ensino remoto, se responsabilizando pela participação dos estudantes nas atividades. Mas essa não é uma alternativa para todos. Paula D’Albuquerque é professora na rede municipal em Cubatão e teme o momento de retornar presencialmente para as aulas. “Hoje eu cuido de minha avó, que é uma senhora de 90 anos, com insuficiência cardíaca e pulmonar. Se eu volto para o ensino presencial, quem cuida dela?”


A professora afirma que seria irresponsável ter contato com inúmeras pessoas na escola e correr o risco de levar o vírus para casa em seguida. Por isso, diz ter medo. “Apesar de saber o quanto o ensino remoto não substitui o presencial, jamais defenderia a abertura das escolas agora. Há vários exemplos de cidades que abriram e voltaram atrás”. Isso faz Paula acreditar que o correto seria reabrir as escolas depois de uma ampla vacinação da sociedade.


Experiência nas creches


Em Guarujá, as aulas serão retomadas aos poucos a partir do dia 22. A exceção são as creches municipais e conveniadas, que já voltaram às atividades presenciais em 11 de janeiro. A Prefeitura adotou, além dos protocolos sanitários, revezamento de alunos. O secretário de Educação de Guarujá, Marcelo Nicolau, afirma que, no caso das creches, já é possível perceber o aumento da presença das crianças nas unidades.


“Os pais estão observando que as escolas estão seguindo à risca todos os protocolos de combate ao novo coronavírus e por isso estão mais seguros em permitir que o filho retorne. Muitos daqueles que no início optaram por não deixar seu filho voltar para a unidade, hoje, vejo que já estão mudando de ideia”.


De um modo geral, e ao menos por enquanto, o secretário garante que não foi identificada a necessidade de alterações no esquema. Ele se diz satisfeito com a retomada presencial de forma gradual nas creches, o que traz uma expectativa positiva em relação à volta dos demais níveis de ensino, a partir do próximo dia 22.


Atitudes dos alunos devem ser observadas


Além dos cuidados com a covid-19, as famílias e a escola também devem ter uma atenção especial ao emocional das crianças na volta às aulas, que pode ser um momento de estresse e ansiedade. “Nós estamos passando por um momento de adaptação e todos estão propensos a refletir essas transformações por meio das manifestações emocionais. Com as crianças não é diferente”, alerta Maria Mabel, professora do curso de Psicologia da Estácio.


Segundo ela, pais e os educadores são os principais responsáveis em auxiliar as crianças a ressignificarem esse momento de forma positiva. Antes de tudo é preciso conscientizá-las sobre o contexto atual, enfatizando a importância sobre a manutenção do distanciamento físico e o uso obrigatório de máscara.


Outro ponto importante é promover formas de interação entre as crianças, respeitando o distanciamento. “Uma sugestão é criar um código para representar o abraço, por exemplo, visto que o gesto não pode acontecer de fato. Assim, as crianças conseguirão se sentir acolhidas e abraçadas pelos coleguinhas, mesmo distantes”.


Além disso, os professores podem praticar momentos de relaxamento, fazendo as crianças se sentirem bem naquele ambiente e diminuírem eventuais sintomas de estresse e ansiedade. Já os pais devem estar presentes nesse processo de volta às aulas, perguntando ao filho como foi o dia na escola, se a criança se sentiu bem ou se teve medo por não estar no seu ambiente familiar e, em especial, se está segura para ir novamente.


“É importante fazer com que as crianças expressem suas emoções e se sintam integrantes do seu processo de desenvolvimento. Isso irá ajudá-las a construir autonomia e diminuir os sintomas relacionados à ansiedade e ao estresse”.


Professores do Estado fazem greve sanitária


Por considerar que as escolas estaduais não estão em condições de receber pessoas, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) decidiu em assembleia, na última sexta-feira (5), que fará greve sanitária a partir desta segunda-feira (8). Isso significa que os professores que aderirem ao movimento não irão presencialmente às escolas. Eles continuarão o ensino remoto da forma como foi feito no ano passado.


“Semana passada, quando os professores foram às unidades para o planejamento, viram em escolas do Estado janelas que não abriam, álcool gel com prazo de validade vencido”, conta a coordenadora da executiva regional da Apeoesp Tania Morais.
Ela diz que, a partir de hoje, o sindicato deve circular pelas cidades da região com carro de som explicando a situação e pedindo aos pais que não enviem seus filhos para as escolas por conta do risco.


A Apeoesp enviou cartas aos prefeitos e diretorias de Ensino sobre a greve sanitária e deve realizar, esta semana, uma nova assembleia para definir os rumos do movimento.


Funcionários santistas


Em Santos, os trabalhadores da Educação municipais decidiram construir um dia de paralisação. A partir de hoje, servidores devem conversar com os colegas e ampliar o movimento para as outras secretarias. O dia da greve ainda não foi definido.


“Vai ser uma greve em defesa da vida. Reabrir as escolas agora representa ter problemas, aumento de contágio. São 30 mil alunos e 3 mil professores que passam a circular num momento em que a vacina ainda está começando”, pontua o representante do Sindicato dos Servidores, Cássio Canhoto. O grupo reivindica que servidores sejam incluídos na vacinação.


O esquema em cada cidade e nas escolas estaduais


- Bertioga
Quando
: 22 de fevereiro.
Como: o retorno será de forma híbrida, com aulas presenciais e remotas. Contará com até 33% dos alunos por dia e nas creches, com 50%.


- Cubatão
Quando:
Estasegunda-feira (8)
Como:inicialmente, as aulas acontecerão de maneira remota. O Município não especificousobre o retorno das creches.

- Guarujá
Quando:
22 de fevereiro. Alunos de creches são exceção, pois já voltaram em 11 de janeiro.
Como: de forma híbrida, já que as aulas presenciais serão escalonadas.

- Itanhaém
Quando
: Estasegunda-feira (8)
Como:nesse primeiro momento o retorno será de forma híbrida, revezando dias de aula presencial e remota. Do Pré II ao 5º ano do Ensino Fundamental, o atendimento presencial será com até 35% dos alunos. Do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, 50%. O retorno das creches ainda está sendo analisado.

- Mongaguá
Quando:
Estasegunda-feira (8)
Como:inicialmente, as aulas voltam misturando o atendimento híbrido e remoto. O retorno presencial é apenas para as creches municipais e de forma gradativa.No 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, Atendimento Educacional Especializado e Programa de Atividade Complementar, a previsão é de retomada presencial de forma gradativa em 1º de março.No caso da Pré-Escola, será em5 de abril. Do 3º ao 7º anos do Fundamental, a data é 3 de maio. Para 8º e 9º anos do Fundamental,a previsão de retomada presencialé 17 de maio. Nos dias em que não estiverem na escola, os alunos farão atividades remotas.

- Peruíbe
Quando:
Estasegunda-feira (8)
Como: no primeiro momento, os alunos receberão atividades impressas para realizarem emcasa. O retorno presencial será de forma escalonada, a partir de22 de fevereiro, com 25% de alunos por dia, iniciando pelo Ensino Fundamental II (6º ao 9º anos). De acordo com o plano elaborado pela Comissão de Gerenciamento da Pandemia, a retomada dasaulas presenciais seguirá por fases que avançarão de acordo com o sucesso da anterior. As avaliações serão a cada 15 dias, até atingir os alunos da creche.


- Praia Grande
Quando
: Estasegunda-feira (8)
Como: de forma remota, com atividades on-line e entregade material impresso aosalunos sem acesso à internet. O retorno presencial está previsto para ocorrer a partir de março, atendendo cerca de 16 mil
alunos das turmas de Infantil II, 1º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), com a presençade 25% dos estudantes em cadadia da semana. Os alunos do
Infantil II assistirão a quatro horas de aula, enquanto os demais terão três horas de aula presencial e mais duas horas on-line diárias.Na segunda fase, prevista paraabril, o plano avança para 50% dos alunos com presença em salade aula. Fazem parte desta fase os estudantes do Infantil I e II, que permanecem com quatro horas presenciais, e 1º, 2º, 3º, 5º, 6ºe 9º anos do Fundamental e EJA, com três horas de aula presenciale mais duas horas on-line.A expectativa é de que a 3ª fase aconteça com o retorno total.

- Santos
Quando: Estasegunda-feira (8)
Como: inicialmente, Jardim, Pré-Escola, Fundamental I e II e EJA começam em formato híbrido. Até 12 de fevereiro, Jardim, Pré e 1º e 2º anos farão período de adaptação, com permanência de até 1h30. As salas de Maternal I e II seguem de forma remota até19 de fevereiro e entram no sistema híbrido no dia 22, fazendo o período de adaptação até dia 26 do mesmo mês. Os Berçários I e II só iniciamas aulas híbridas em 8 de março, realizando a adaptação de 8 a 12 de março. Cada unidade atenderá presencialmente 20% da capacidade por dia, duranteaté quatro horas. Os demais dias de aula serão remotos. Na EJA,o atendimento presencialserá três vezes por semana,por até três horas diárias.

- São Vicente
Quando:
Estasegunda-feira (8)
Como: agora, o retorno será remoto. A previsão é que, apartir de 8 de março, as aulas aconteçam de forma híbrida (parte presencial, parte remota). Em breve será divulgado o calendário de atividades das creches municipais.

- Rede Estadual
Quando
: Estasegunda-feira (8)
Como: a retomada será por meio do ensino híbrido.Neste primeiro momento, será possível receber até 35% dos alunos presencialmente.


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