Aos 73 anos, 'Vovó do Uber' dirige oito horas por dia em Santos: 'Não trabalho, eu passeio'

Maria Albina assumiu o volante para não deixar o carro do filho parado

Por: Rosana Rife  -  23/11/21  -  07:57
Trabalho? “Eu passeio levando pessoas para o destino delas”, diz Maria Albina
Trabalho? “Eu passeio levando pessoas para o destino delas”, diz Maria Albina   Foto: Matheus Tagé

Mais de 14 mil corridas em três anos e meio. Motorista diamante, nota 4,96 e cheia de elogios. Aos 73 anos, Maria Albina Oliveira da Silva, portuguesa de nascimento e santista de coração, é motorista de aplicativo. Dedica mais de oito horas diárias ao volante, rodando, principalmente, em Santos. E virou a vovó do Uber.


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A profissão atual é pura diversão para ela, que faz de tudo para não parar em casa. “Não trabalho, eu passeio levando pessoas para o destino delas e me divirto com isso.”


Bem-humorada, ela já perdeu a conta de quantas pessoas transportou. Mas guarda as que lhe foram marcantes. “Foram três. Uns passageiros que acham que mandam na gente. Gosto de ouvir a opinião deles. Mas esses vieram querendo ter autoridade.”


Mas também coleciona histórias engraçadas. “Um dia, estava levando um jogador que vinha fazer teste para time de futebol e ele foi brincar com a esposa. Disse que tinha uma gata levando ele para o hotel. A mulher, que estava em Recife (PE), ficou muito brava e começou a brigar com ele.”


A vovó do Uber também adora quando recebe elogios. Em uma corrida, o passageiro disse que adoraria que a avó dele tivesse a mesma disposição. “Depois, chegou uma mensagem me elogiando. A pessoa disse que gostou da corrida e se sentiu como se estivesse sendo cuidada pela própria avó. Tenho certeza de que foi ele que escreveu.”


Outro orgulho é a preferência da clientela. “Não fico parada nem cinco minutos. Pego uma corrida atrás da outra. Na maioria das vezes, são mulheres. Nunca levei um susto. Mas já roubaram meu celular em São Vicente.”


Igualdade
Maria Albina também elogia os aplicativos de deslocamento de passageiros. Ela considera a atividade um meio de democratização do transporte. “É o transporte mais democrático que tem. Você tanto pode pegar uma pessoa humilde lá nos cafundós como um empresário rico em hotel chique. Não importa. Os dois vão entrar no mesmo carro e pagar a mesma coisa.”


Início
Entender-se com o GPS e toda a tecnologia para ingressar no aplicativo foram os desafios no começo. “Não me dou muito bem com essa tecnologia. Já passei nervoso. Mas agora estou craque.”


Ela começou a trabalhar no aplicativo para não deixar parado o carro recém-comprado pelo filho. “Tinha que pagar as prestações, e ele não conseguia achar quem dirigisse o veículo nas horas em que estava ocupado. Daí, resolvi assumir o volante.”


Dirigir não é novidade para ela, que já trabalhou em outras funções que também exigiam dela que viajasse constantemente. “Sempre gostei de pegar estrada. Viajava pelo Estado todo.”


Agora, ela voltou a se encontrar. “As dores passam quando entro no carro e pinta uma corrida. Sou feliz com o que faço. Dirigir sempre foi um prazer para mim. Meu negócio é a rua.”


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