Aedes aegypti ameaça seis cidades da Baixada Santista, segundo índice de infestação

Números ficaram estáveis ou diminuíram em relação a balanço passado; São Vicente tem alto risco

Por: Fernando Degaspari  -  15/12/18  -  15:05
  Foto: Walter Mello/A Tribuna/Arquivo

O Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), divulgado nesta semana pelo Ministério da Saúde, mostra que os números se mantiveram estáveis ou diminuíram nas cidades da Baixada Santista, em relação ao anterior. São Vicente, com o pior cenário, continua classificada como de alto risco - antes com oito casas infestadas a cada 100 visitadas, no novo índice aparece com seis em 100. Outros cinco municípios estão em alerta.


"Não acho significativa essa notícia. Dependendo da leitura que você faça, pode ter uma leitura de seis ou de oito na mesma medição", diz Fábio Lopes, chefe do Departamento de Doenças Vetoriais do município. "A gente está bastante infestado, e o que faz com que São Vicente tenha esse destaque na infestação é que a gente mede muito bem".


No estado, além de São Vicente, outros 42 municípios estão na mesma situação e têm alto risco de surto da doença.


Outras cidades


Os índices em Cubatão (1,3%), Guarujá (1,5%), Itanhaém (2,5%), Peruíbe (2,3%) e Santos (2,3%) se mantiveram estáveis ou tiveram pequenas variações. O que chama atenção nessas cidades, entretanto, é que elas estão na área de alerta, ou seja, têm entre um e quatro imóveis infestados a cada 100 visitados.


Bertioga (0,9%), Mongaguá (0,7%) e Praia Grande (0,6%) estão com números considerados satisfatórios. Nesses municípios, a cada 100 visitas dos agentes de saúde, uma casa tinha larvas do Aedes aegypti, mosquito que causa dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Cidades com índice satisfatório são maioria no estado: 388, indica o Ministério da Saúde. Em alerta, com infestação de 1% a 4%, são 208.


Índice de infestação de Aedes é preocupante em seis cidades
Índice de infestação de Aedes é preocupante em seis cidades   Foto: Infográfico: Mônica Sobral/A Tribuna

Avaliação


O médico infectologista Evaldo Stanislau acha que a redução não é significativa. "Parecem-me alterações mínimas e dentro de uma margem de erro amostral ou numérica", afirma o especialista.


Para o também infectologista Ricardo Hayden, a impressão que os números passam é de que as pessoas começaram a se mexer e eliminar os criadouros. No entanto, como a diferença é muito pequena, pode estar dentro de uma margem de erro.


Na opinião de Hayden, com base nos números, há chances de epidemia, sobretudo se chegar um novo tipo de vírus – a dengue tem quatro subtipos. “Se entrar um desses vírus que ainda não estiveram por aqui, que tem um número maior de pessoas suscetíveis, a gente pode ter uma epidemia. Eu mesmo tive dengue tipo 1 e tipo 2. Se entrar um tipo 3 ou 4, eu posso me infectar”, conclui.


Casos no Brasil


Os índices divulgados esta semana pelo Ministério da Saúde mostram, ainda, que o número de casos de dengue teve alta de 4%. De janeiro a 3 de dezembro de 2017, 232.372 pessoas foram infectadas no Brasil. No mesmo período deste ano, o número é de 241.664.


A quantidade de pessoas que morreram por causa da doença teve alta mais significativa: subiu de 142, no ano passado, para 176 neste ano, uma alta de 23,9%.


O número de ocorrências de zika e chikungunya caiu 52,8% e 54,2%, respectivamente. De janeiro a 3 de dezembro de 2017, o país teve 17.025 pessoas infectadas com zika e 184.344 com chikungunya. No mesmo período deste ano, foram 8.024 registros de zika e 84.294 de chikungunya.


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