Você já se perguntou para onde vão as televisões de tubo, os computadores com telas enormes e os celulares antigos? O recolhimento de materiais eletrônicos como estes deve ser realizado por serviços especializados, uma vez que os componentes de eletrônicos são altamente tóxicos para o meio ambiente, caso descartados junto com o lixo comum. A reciclagem é a principal alternativa para aumentar a vida útil do lixo eletrônico. Peças antigas podem formar novos computadores ou televisões funcionais, por exemplo.
A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) de Santos realiza coleta de materiais eletrônicos em Ecopontos espalhados pela cidade. Entretanto, é à Fundação Settaport que a prefeitura delega o título de referência para reciclagem de resíduos eletrônicos. Em 2017, Semam e Fundação fizeram dois mutirões para sensibilizar a população e recolher esse tipo de material. Em 2018, outros dois mutirões, o último deles com duração de quatro semanas, foram realizados ao longo dos meses de novembro e dezembro, em quatro pontos da cidade.
Atualmente, a situação na Fundação Settaport é crítica. O supervisor operacional do projeto lixo eletrônico da Fundação Settaport, Francisco Antonio Nogueira da Silva, conta que a Fundação passa por um momento difícil devido à falta de recursos. Atualmente, as TVs de tubo, peças de computadores, geladeiras e máquinas de lavar roupa se acumulam, representando a maioria dos materiais no galpão onde é feita a reciclagem.
Na Fundação Settaport, 100% do material coletado é reciclado, nada fica para trás. Segundo Francisco, a reciclagem dos aparelhos eletrônicos é feita após a separação por tipo de material: ferro, plástico, materiais finos, entre outros. “Na triagem, separamos o material que vai ser reciclado e o que vai ser reaproveitado”, diz. Normalmente, a sucata de ferro é transformada e volta para a área produtiva. Já o plástico é destinado a outra instituição, que o recicla.
O Projeto Lixo Eletrônico foi criado em 2011 pela Fundação Settaport e tem como objetivo receber todo tipo de material eletrônico para que o descarte correto seja feito. Os profissionais que executam este trabalho foram capacitados pela USP e hoje são responsáveis pela maior parte da reciclagem deste tipo de material na Baixada Santista.
Colocando em números, a Fundação reciclou, só neste ano, o equivalente a 45 toneladas de lixo eletrônico. “Em 2019, de janeiro a março, já agendamos 800 retiradas. Já no ano de 2018 retiramos 203 toneladas de lixo eletrônico”, conta o supervisor. “O descarte incorreto de lixo eletrônico pode causar danos ambientais e danos à saúde. Como esse lixo é composto por tóxicos, ele pode contaminar o solo e as águas, além de trazer sérios riscos para nós”, completa Francisco, que se preocupa com a conscientização sobre o assunto.
Bazar
Periodicamente, a Fundação Settaport realiza bazares para revenda de eletro-eletrônicos reformados em seu galpão com preços mais acessíveis. O supervisor do Projeto Lixo Eletrônico conta que o lucro obtido com esse bazar é o que tem ajudado a dar continuidade ao projeto.
Além de irem para o bazar, os computadores são doados a escolas da região. Funcionando perfeitamente, os computadores são montados a partir de peças de outras máquinas que foram coletadas. Depois de montados, recebem programação de um sistema operacional, softwares, e são entregues às crianças.
Recursos
Segundo a Fundação Settaport, o Centro de Reciclagem de Lixo Eletrônico é mantido com recursos vindo de origens diferentes. Por meio de nota da assessoria, foi esclarecido como o projeto é financiado:
O Centro de Reciclagem de Lixo Eletrônico é mantido com recursos vindos de origens diferentes: Do nosso mantenedor principal, o Sindicato Settaport. Temos dois patrocinadores, a Praticagem do Estado de São Paulo e a Zenith Consultores Marítimos. Da renda proveniente do Bazar Mensal de Eletrônicos; e da venda de sucata coletada.
Até 2017, uma grande empresa patrocinava o programa, mas agora, por decisão da diretoria, só investe em projetos e programas que possuem incentivos fiscais. Hoje, no Brasil, apenas os relativos ao esporte e cultura possuem esse benefício (Lei Rouanet, Leis Federal do Esporte, Proac, Promifae).
O Sindicato Settaport arca com grande parte do custo desse programa e, por estar enfrentando dificuldades devido a nova legislação trabalhista, precisamos, urgentemente, de novos parceiros para que não tenhamos de diminuir nosso potencial de trabalho ou, até mesmo, encerrar essa prestação de serviço essencial para nossa cidade e toda a região.
Neste ano, pela primeira vez, fomos contemplados com uma emenda parlamentar, através da Câmara de Santos, que nos apoiará por cinco meses, com previsão de desembolso para o segundo semestre, que nos dará um fôlego maior até o final do ano.
No site da Fundação, temos o nosso "Portal da Transparência". Lá constam nossos últimos balancetes financeiros a disposição para consulta, lembrando que somos fiscalizados e prestamos contas, anualmente, (financeira e de atividades) ao Ministério Público Estadual, nosso órgão fiscalizador. Para 2020, continuamos nessa imensa luta.
Baixada Santista
Na cidade de Praia Grande, a coleta de lixo eletrônico é realizada pela Secretaria de Serviços Urbanos (Sesurb), que realiza a coleta de materiais recicláveis em 15 ecopontos pela cidade. No entanto, a prefeitura informa que, no momento, não há um programa específico voltado para esse tipo de resíduo.
Após o resíduo eletrônico ser coletado nos ecopontos de Praia Grande, o material é encaminhado para a Associação ACAMAR e para a Cooperativa COOPERVIDA. Nesses lugares, os materiais são devidamente triados e comercializados pelas instituições.
Procuradas pela redação de A Tribuna Online, as cidades de Guarujá e São Vicente não se manifestaram sobre a coleta e reciclagem de lixo eletrônico nos municípios.
A Fundação Settaport realiza o bazar periodicamente na sede do projeto, que fica na Av. Conselheiro Nébias, 85, no Paquetá, em Santos. Além disso, também realiza coleta de lixo eletrônico à domicílio, com agendamento feito pelo telefone (13) 3221-2546.