O estrondo que foi ouvido nesta terça-feira (9) em diversos pontos da Baixada Santista pode ter sido causado por um raio seguido de trovão ocorrido no Vale do Ribeira, de acordo com o climatologista da ONG Amigos da Água, Rodolfo Bonafim. Ele acredita que, através de um canal na atmosfera, o som pode ter reverberado na região.
“Enquanto de manhã na Baixada Santista estava sol e calor, no Vale do Ribeira o tempo estava mais instável. Há o fenômeno de raio em céu claro, que é raro, mas acontece. Aqui não havia nuvens carregadas para que se formasse um raio, mas no Vale do Ribeira, sim”, explica. O fenômeno de ‘raio de céu azul’ já foi registrado no Vale do Ribeira, quando mãe e filha foram atingidas e acabaram falecendo.
Bonafim ainda diz que o tempo instável, mais propenso a raios e trovões, pode colaborar com a formação de ‘dutos’ para a passagem de gases e até de sons. “Eu acredito que possa ter se estabelecido um canal que formou um conduto, um conduíte, que se associou ao estrondo e canalizou o som, veio desde o Vale do Ribeira até a Baixada Santista”.
Ele ainda diz que, com o isolamento social, a redução de poluição do ar e poluição sonora podem ter colaborado para o estrondo se propagar mesmo longe da origem. “Nesses tempos de pandemia, há menos ruído, a gente ouve mais. Talvez em uma época normal a gente escutasse como um estampido fraco ou nem escutasse. Com menor poluição, há uma movimentação maior dos gases da atmosfera. Essa movimentação de gases pode ter ajudado a formar esse canal que direcionou esse estrondo para a Baixada Santista. É uma explicação baseada na instabilidade do tempo no Vale do Ribeira, principalmente”, finaliza.