Estado de São Paulo aplicará 9 mil vacinas-testes contra a Covid-19 em julho

Acordo firmado com gigante da indústria farmacêutica chinesa prevê troca de tecnologia para produção de imunizante pelo Instituto Butantan até junho de 2021. Convênio custará R$ 85 milhões

Por: Eduardo Brandão  -  11/06/20  -  18:25
Atualizado em 11/06/20 - 18:30
Governador visitou na manhã desta quinta-feira (11) as instalações do Butantan
Governador visitou na manhã desta quinta-feira (11) as instalações do Butantan   Foto: Divulgação/Governo de SP

O governador João Doria (PSDB) apresentou, na tarde desta quinta-feira (11), detalhes do acordo que prevê a produção nacional e fase de testes locais de uma vacina contra o coronavírus pelo Instituto Butantan, em parceria com laboratório chinês. Nove mil voluntários brasileiros serão avaliados na terceira e última etapa de validação do medicamento a partir de julho. A expectativa é que o produto esteja disponível para produção em massa ainda no primeiro semestre de 2021. 


Os prazos e o acordo foram informados durante coletiva de imprensa sobre medidas contra a pandemia, no Palácio dos Bandeirantes. “Hoje é um dia histórico para São Paulo e para o Brasil. O Instituto Butantan fechou um acordo de tecnologia com uma  gigante da indústria farmacêutica para a produção de vacina contra o coronavírus”, afirma Doria. 


A parceria de cooperação técnica foi firmada com o laboratório chinês Sinovac, uma das 10 indústrias globais em fase de testagem de uma candidata a vacina contra a Covid-19.  E envolve cifras de R$ 85 milhões, custeadas com recursos do tesouro paulista. O Instituto Butantan utilizará uma rede de 16 laboratórios para o recrutamento de voluntários para a medicação. A seleção será por grupos sociais e faixas-etárias, por meio de amostragem.


“Os estudos (algo do acordo com o governo paulista) são um dos mais avançados contra o coronavírus e indicam que a vacina estará pronta até junho de 2021”, continua o governador. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente, existem 133 pesquisas para um medicamento contra à Covid-19. 


O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, afirma que após a fase de testes em voluntários terá início a transferência da tecnologia da medicação para a produção em larga escala no laboratório estadual. Ele garante que a unidade paulista tem capacidade para produzir aré um milhão de doses a cada 24 horas. “É um dia de esperança, em meio a essa situação periclitante, para que possamos ordenar para a luz nos próximos meses. Trata-se da ciência mostrando a sua face”. 


A medicação já avançou nas duas primeiras fases de validação da vacina. Em nota divulgada em seu site, Sinovac afirma que a vacina foi eficiente na proteção de macacos rhesus (primeira etapa de testagem). A empresa recebeu em abril a autorização na China para testes em humanos, a fim de se verificar a segurança, tolerância, dosagem e agenda de imunização. 


Doria destaca que já houve testes em 1.000 humanos na China, superando a marca de 85% de eficácia no tratamento do vírus que provoca a Covid-19. Agora, o estudo avança para a etapa de testagem em massa. O governador explica que o Brasil foi escolhido para fazer parte deste mapeamento por ser um “dos epicentros” de transmissão na doença. 


Ele destaca, ainda, que o acordo firmado com a gigante farmacêutica prevê a transferência de tecnologia para a produção em larga escala da medicação pela unidade paulista. “É isso, e não a polarização política, que vai salvar a vida de milhares de brasileiros”.  


Covas salienta que o Instituto Butantan é responsável pela produção de 80 milhões de vacinas contra a gripe, o que representa 10% da produção nacional direcionada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Essa capacidade foi citada por ele para auxiliar o programa nacional de imunização, do governo Federal, para o enfrentamento da pandemia. "É de interesse do Butantan, da Sinovac, do Estado de São Paulo, do Brasil e do mundo que possamos iniciar a produção (por aqui) muito rapidamente”, finaliza. 


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