Estado anuncia 'fase emergencial', com mais restrições e toque de recolher

Novas restrições começam na segunda-feira (15) e vão até 30 de março. Ocupação média de leitos de UTI chega a 87,6%

Por: Matheus Müller  -  11/03/21  -  15:45
'Fase emergencial' foi decretada na tarde desta quinta-feira (11)
'Fase emergencial' foi decretada na tarde desta quinta-feira (11)   Foto: Estadão Conteúdo

O Governo de São Paulo anunciou que na segunda-feira (15) entrará na ‘fase emergencial’ do Plano São Paulo, uma etapa nova e mais restritiva, até 30 de março. Nesta etapa, o Estado adota toque de recolher entre 20h e 5h, proíbe atividades em parques e praias, proíbe aglomerações e reforça a obrigatoriedade do uso de máscaras.


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A fase emergencial sequer fazia parte das previsões da equipe de contingenciamento da Covid-19, mas será colocada em prática devido ao aumento do contágio, ocupação dos leitos e mortes por coronavírus. De quarta-feira (10) para esta quinta (11) a ocupação média de leitos de UTIs saltou de 82% para 87,6%.



O secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, revelou que 53 municípios chegaram ao limite da ocupação em hospitais, enquanto na segunda-feira (8) eram 32 cidades nessa situação.


O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, Paulo Menezes, aponta que 12 atividades serão afetadas, o que vai impactar 4 milhões de empregos. Além disso,Gorinchteyn recomendou um escalonamento no horário de trabalho de alguns setores para evitar a aglomerações em ônibus: profissionais da indústria (5h às 7h), de serviços (das 7h às 9h) e do comércio (das 9h às 11h).


Esta etapa visa desmotivar ainda mais o fluxo e contato entre as pessoas. Sobre estabelecimentos considerados serviços essenciais: supermercados, farmácias e postos de gasolina, Doria ressalta que estes terão os horários de funcionamento mantidos. Ele destaca, entretanto, o toque de recolher como uma medida de recomendação para que as pessoas não circulem entre 20h e 5h.


Atividades religiosas presenciais coletivas (cultos, missas) ficam suspensas nesse período, assim como eventos esportivos, a exemplo do Campeonato Paulista de futebol, que terá a rodada deste final de semana e será interrompido a partir de segunda-feira (15).



Vídeo do governador


Mais cedo, antes da 187ª coletiva para atualização de dados da doença, um vídeo do governador João Doria (PSDB) circulou nas redes sociais. Nele, o chefe do Executivo já indicava o aumento das restrições. O mesmo conteúdo foi apresentado aos jornalistas antes de reclassificar a fase vermelha para a ‘fase emergencial’.


“Temos que entrar em uma nova etapa do Plano.SP. Ela é mais restritiva, eu reconheço. Não é fácil tomar essa decisão. É impopular, difícil, dura. Nenhum governante gosta de parar atividades econômicas do seu estado. Eu principalmente”, diz um trecho.


Ele segue: “Infelizmente chegamos ao momento mais crítico da pandemia. Mesmo com todos os esforços que estamos fazendo aqui em São Paulo, seguindo as recomendações dos maiores especialistas de saúde, nossos hospitais estão chegando no limite, no limite máximo de ocupação”. A ocupação média dos leitos no Estado está em 87,6%.


Doria ressaltou que “essa nova cepa do vírus é muito agressiva, é muito perigosa” e afirmou: “Teremos que adotar medidas mais restritivas de distanciamento social para diminuir a circulação do vírus no Estado de São Paulo e proteger você. É a única forma, repito, é a única forma para conter a aceleração das mortes e evitar que todas as famílias sejam devastadas”.



Educação


O secretário de Educação do Estado, Rossieli Soares, informou que não haverá aulas na rede estadual, que só será aberta para a alimentação (merenda) e distribuição de materiais e chips. "Mas tudo isso com agendamento prévio", ressaltou.


Ao mesmo tempo, o secretário anunciou a antecipação dos recessos dos professores em abril e em outubro para os dias 15 e 28 de março. "Estamos antecipando as duas semanas de recesso para diminuir as atividades nesse momento e porque nesse temos muito menos alunos na escola".


A expectativa de Soares é que, em outubro, quando ocorreria o segundo recesso, a situação esteja melhor para que os estudantes voltem às aulas.


Em relação a rede municipal de ensino e escolas particulares, o secretário ressalta que estas podem continuar funcionando com capacidade de 35%, conforme o decreto em vigor e caso julguem necessário, mas recomenda que sigam os passos do Estado em suspender as atividades. "Negociem com seus professores que antecipem as férias de meio de ano".


Fila de espera


O governador ressaltou que não se trata apenas de abrir novos leitos, de enfermaria ou UTI, que antes da pandemia eram 3.500 no Estado e, até o final de março, serão 9.200, pois não há profissionais de saúde e o volume de infectados segue em ritmo acelerado.


Na quarta-feira (10), a secretária de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Patrícia Ellen, citou que na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) – que encaminha pacientes para hospitais onde há leitos -, existe uma fila entre 1.800 e 1.900 pessoas em busca de tratamento.


Patrícia explicou, porém, que “a fila não quer dizer que não estejam sendo atendidos, mas que precisam de leitos em melhores condições”.


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