'Em abril, após a imunização, poderemos ter novo normal', diz João Doria

Governador de São Paulo também falou sobre a expansão da fábrica do Instituto Butatan, que deverá ficar pronta em abril de 2021

Por: Rosana Rife  -  27/09/20  -  11:00
Governador pediu que a Coronavac seja incluída no programa nacional de imunização
Governador pediu que a Coronavac seja incluída no programa nacional de imunização   Foto: Carlos Nogueira/AT

Está previsto para a próxima semana um novo capítulo na novela sobre a construção da ponte ligando as cidades de Santos e Guarujá. O governador João Doria tem reunião marcada em Brasília para debater o tema. Em visita a Santos na quinta-feira para assinar o termo de início das obras da segunda fase do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ele falou ainda de outros assuntos que afetam não só a cidade e a região, como o cronograma de vacinação contra o novo coronavírus, a expectativa para a liberação do confinamento em casa e do distanciamento social no Estado. O governador também falou sobre a expansão da fábrica do Instituto Butatan, que deverá ficar pronta em abril de 2021. A partir daí, será possível produzir 100 milhões de doses do medicamento.


Como andam as pesquisas da vacina no Estado. Elas devem ser concluídas logo?


Temos hoje 9 mil médicos e paramédicos sendo testados, sob coordenação do Instituto Butantan e acompanhamento acadêmico de centros universitários, em cinco estados, incluindo São Paulo. Tudo isso com acompanhamento também da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essa primeira fase termina em 15 de outubro.


A partir daí, quais serão os próximos passos?


Concluída a testagem, a Anvisa tem o prazo de até 60 dias para emitir o laudo autorizatório para a aplicação da vacina. Continuando os testes em bom andamento como estão, teremos condições de ter aprovação da Anvisa em 30dias - em 15 de novembro ou no máximo 30 de novembro. Havendo autorização da Anvisa já a partir de 15 de dezembro começaremos a imunização de médicos e paramédicos. Essa é a prioridade. E, vale destacar, que já receberemos, em duas semanas, 5 milhões de doses da vacina, importadas do laboratório privado chinês Sinovac”.


E o sr. disse que já está prevista a chegada de mais doses do medicamento?


Ajustamos, com a direção da Sinovac, a importação de mais 46 milhões de doses e está confirmada a chegada em dezembro. Portanto, já a partir de janeiro iniciaremos uma imunização, se possível, através do SUS, gratuitamente, por óbvio.


Quem serão os primeiros a serem imunizados nessa outra etapa?


Aqueles que têm mais contato direto com o público, como servidores e profissionais de segurança pública, profissionais de aeroportos e portos, centrais e terminais de ônibus e metrô, pessoas com mais de 60 anos e com comorbidades e aí seguimos o sistema de imunização tradicional e o protocolo do Ministério da Saúde. Tudo correndo bem, teremos até março a imunização de todos os brasileiros de São Paulo. E o que estamos desejosos, é que o Ministério da Saúde possa utilizar a coronavac para imunizar outros brasileiros fora do Estado de São Paulo.


O esquema de vacinação seguirá os mesmos moldes das demais, com o Estado repassando as doses para os Municípios?


Exatamente. É o mesmo programa de imunização através do SUS, que é um programa nacional, como fizemos recentemente, entre março e junho, com a vacina antigripe, que foi integralmente fornecida pelo Butantan. Foram 80 milhões de doses.


Após isso, poderemos ver o fim do confinamento no Estado de São Paulo?


Em abril, após a imunização, com certeza, poderemos ter um novo normal, sem confinamento. Porque, até março toda a população do Estado estará vacinada, se tudo correr bem. Mas preciso fazer essa ressalva: precisamos imunizar os outros brasileiros também, porque a capacidade de multiplicação do vírus, todos sabemos, é surpreendente. Ele não escolhe sexo, idade, condições sócio-econômicas. É importante que o Ministério da Saúde avance nas vacinas, e não apenas em uma, para garantir a imunização de todos os brasileiros nesse período.


Enquanto a vacina não chega, ainda haverá finais de semana de sol e feriados. O que o Estado pode fazer para evitar ajudar a evitar aglomerações nas praias em todo o litoral. Sem contar que muita gente acaba não suando máscara?


O Estado tem que voltar a orientar os prefeitos da Baixada e Litoral Norte a obrigarem a usar a máscara. É lei. Quem estiver sem, pode receber multa de R$ 524,00. Estabelecimento que receberem pessoas ou tiverem funcionários sem máscara, podem ser multados em R$5,1 mil. A fiscalização cabe a cada município e é importante que a Vigilância Sanitária de cada cidade realize a fiscalização constantemente. Mas o mais importante é que haja conscientização das pessoas.


O Estado recebeu R$ 80 milhões do Governo Federal, que serão destinados para o Instituto Butantan. Como eles serão utilizados?


O Instituto Butantan está ampliando sua fábrica e essa nova ampliação será destinada exclusivamente para produção da vacina contra covid-19. Já temos o projeto executivo. O prédio fisicamente está pronto. As instalações começam em novembro e, em quatro meses, ou seja, no final de março, teremos essa fábrica pronta. A partir de abril, como temos o direito de transferência tecnológica da Sinovac, iniciaremos a produção de vacina no Brasil. Serão 100 milhões de doses por ano.Esse investimento tem, além dos recursos do Governo Federal, investimento privado. Temos 15 doadores que já asseguraram R$ 112 milhões e há mais doadores que, até 30 de setembro, vão confirmar, Com isso teremos recursos para a ampliação, para a produção da vacina e até pra uma compra extra.


Desde que teve início a pandemia, o sr. tem enaltecido a transparência na transmissão de informações. Qual foi, até agora, o momento mais difícil que enfrentou durante esse período, o maior desafio e a decisão mais difícil de ser tomada?


O maior desafio da pandemia é salvar vidas. Tenho trabalhado exaustivamente com esse propósito. São Paulo já registra 34,6 mil mortes, sendo mais de 1.900 apenas na Baixada Santista. Lidar com os dados de óbitos diariamente é muito difícil, um estado de luto permanente. A cada dia travamos uma nova batalha para achatar a curva de contágio do coronavírus e reduzir as estatísticas de mortes. Para isso, ampliamos a estrutura hospitalar do Estado, equipamos as unidades com novos respiradores e enviamos recursos aos 645 municípios. Todo esse esforço tem resultados práticos importantes: já salvamos mais de 800 mil pessoas. E manteremos todos os esforços necessários até que tenhamos a vacina. A instituição da quarentena também foi uma decisão difícil, por todos os reflexos econômicos e sociais que ela significaria. Mas governar é priorizar e decidimos escolher a saúde, a vida. Vamos trabalhar para recuperar a economia e os primeiros indicativos da retomada já começam a surgir.


A Baixada Santista foi uma das regiões mais impactadas economicamente, porque setores fortes como turismo, comércio e serviços sofreram de maneira forte. Dados da Fundação Seade divulgados no início deste mês demonstram o grau do impacto em relação a perda de postos de trabalho. O que o Estado pode fazer, efetivamente, pela região?


Temos atuado de forma inovadora e criativa para buscar a retomada da economia, apesar dos desafios orçamentários e do cenário econômico adverso provocados pela pandemia. Temos um amplo plano de privatizações, concessões, PPP´s e incentivos que poderá atrair grandes investimentos para o Estado. Até dezembro, vamos lançar seis editais que totalizam R$ 7,4 bilhões em investimentos a partir de concessões e parcerias com o setor privado. Outros projetos ainda serão lançados até 2022. A Baixada Santista está incluída nesses planos, com grandes projetos. Apenas para citar alguns exemplos, na última quinta-feira, entregamos um pacote de R$ 270 milhões em obras na Nova Entrada de Santos e ainda demos início às obras do VLT, que significarão mais R$ 217 milhões em investimentos estaduais. Também está em estudo pela Artesp a concessão do Lote Rodovias do Litoral Paulista, que poderá trazer investimentos da ordem de R$ 3 bilhões em obras e de R$ 2,8 bilhões em operação e modernização de serviços. Além disso, o Estado tem empenhado esforços para viabilizar a construção da ponte que permitirá a ligação entre Santos e Guarujá, uma obra orçada em R$ 2,9 bilhões.


E por falar na ponte, há uma reunião marcada para uma próxima semana como governo Federal?


Da minha parte, já teria iniciado essa obra. Infelizmente, houve uma restrição do Governo Federal para a localização, que, a nosso ver, está projetada no local correto. Mas entre fazer o confronto e o entendimento, optei pelo entendimento. Tenho mantido conversas com o ministro Tarcísio Gomes de Freitas (da Infraestrutura). Temos na próxima semana (começo de outubro) uma reunião virtual. Um dos temas, é esse da ponte. Falei com ele por telefone na semana passada, senti que, após a busca do entendimento, o ministro, que é sempre muito sensato nos temas que afetam o seu ministério, vai caminhar positivamente para uma solução. Ainda que alguns técnicos ou algumas pessoas tenham visões distintas. Mas confio na capacidade dele e no bom entendimento de que, uma obra que é esperada há 90 anos, tem que ser executada. Nós já temos condições de executá-la e com uma vantagem: sem dinheiro público, através da extensão da concessão rodoviária que incluiria a obra da ponte.


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