Desenvolvedora de softwares trabalha bases para o mercado financeiro

BDS DataSolution, que há seis anos mantém um braço operacional em Santos, atende bancos, corretoras, corporações e a Bolsa

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  21/10/19  -  00:02
Mais do que selecionar dados úteis, é preciso saber como trabalhar com uma base de conhecimentos
Mais do que selecionar dados úteis, é preciso saber como trabalhar com uma base de conhecimentos   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

A informação tornou-se combustível da economia em um mundo digital, com cada vez menos barreiras globais. Mais do que selecionar dados úteis à tomada de decisões, é preciso saber como trabalhar essa base de conhecimentos com rapidez e transparência, a fim de gerar negócios prósperos.


Essa é a expertise da BDS DataSolution, empresa com mais de duas décadas e que, desde 2013, tem braço operacional em Santos.


Especializada em fornecer soluções para o mercado financeiro, a desenvolvedora de softwares começou numa sala no Bairro Bela Vista, núcleo econômico paulistano, onde ainda mantém escritório.


Unindo soluções inovadoras e serviços para o gerenciamento e a governança de grandes volumes de informação, formou uma robusta carteira de clientes que inclui bancos nacionais, internacionais, corretoras, grandes corporações e a Bolsa de Valores (B3).


A companhia de solução e tratamento de dados surgiu para resolver uma situação específica para as instituições financeiras do País. “No final dos anos 1990, uma regulação (do Banco Central) passou a exigir um procedimento de dados de mercados. Cotações de ações, de fundos, de moedas passaram a ser gerenciados pelos bancos de forma centralizada”, explica o sócio fundador da empresa, Alberto Teixeira.


Dessa forma, era rotina da empresa capturar dados do mercado financeiro e de variadas fontes de informações que eram necessárias ao funcionamento dos bancos brasileiros.


A partir dessa massa de dados, os sistemas desenvolvidos pelas equipes da BDS faziam cálculos estatísticos complementares, tornando-os disponíveis numa base centralizada. “Essas informações são usadas para cálculo de risco, tesouraria, câmbio”, diz Teixeira.


A bagagem acumulada em duas décadas fez com que a empresa registrasse mais de 500 mil séries históricas de informações dos mercados financeiros. Esse volume de informação é essencial para a modelagem econômica e a indicação de tendências para grandes corporações que necessitam processar dados críticos.


“Se um cliente quiser comprar dólar numa agência do Gonzaga, por exemplo, será o sistema desenvolvido pela BDS que vai indicar ao gerente da unidade a cotação da moeda naquele momento”, exemplifica.


Informações


Especializada em fornecer soluções para o mercado financeiro, a desenvolvedora de softwares registra mais de 500 mil séries históricas de informações dos mercados financeiros. Esse volume de informação é essencial para a modelagem econômica e a indicação de tendências para grandes corporações que necessitam processar dados críticos.


Serviço automatiza coleta de informações na Bolsa


Um dos grandes desafios da BDS DataSolution em Santos foi automatizar a coleta de informações corporativas das empresas negociadas na quinta maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo: a B3, antiga Bovespa. O serviço revolucionou um processo que era manual ao empregar inteligência artificial processadas em nuvem (em rede, via internet) para análise de dados.


Teixeira explica que o serviço utiliza tecnologia de machine learning (aprendizado de máquinas, em livre tradução) para ler, classificar e extrair informações relevantes dos documentos, como atas de assembleias, comunicados ao mercado e avisos a acionistas de companhias de capital aberto.


Esses dados são vitais para a valorização ou a baixa de papéis negociados na Bolsa. “Desenvolvemos, com mão de obra daqui de Santos, o primeiro sistema com inteligência artificial que transmite os dados da bolsa para todo o mercado”, conta Teixeira. Por dia, são entre 2 mil e 3 mil documentos não estruturados que são analisados, processados e com as informações hierarquizadas que passam pelos “robôs” da BDS.


O modelo automatizado desenvolvido no escritório santista também garante, no mínimo, 95% de confiança nos dados recolhidos.


O cliente pode ver o histórico das comunicações de cada evento corporativo. “A Petrobras, por exemplo, envia um documento para o mercado informado que vai pagar dividendos aos acionistas. O sistema faz a leitura desse material e, a partir de documentos históricos, extrai a informação e automatiza esse processo.”


O modelo recebe elogios de investidores. “O produto tem o objetivo de otimizar o trabalho de nossos clientes, que precisam acompanhar esses documentos e atuar com agilidade para extrair deles todas as informações que precisam”, diz o superintendente de Tecnologia da B3, Adolpho Bianchi.


Os robôs codificados pelo time santista fazem a busca de dados em cinco tipos de eventos corporativos: dividendos; dividendos para BDRs (recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas na Bolsa brasileira); juros sobre capital próprio; subscrição e bonificação.


A consolidação do projeto levou dois anos. No período, a empresa criou um laboratório de Inteligência Artificial na sede santista. “A Bolsa era fornecedora de dados e receptora de outros dados nossos. Com isso, tivemos a oportunidade de desenvolver o primeiro sistema 100% em nuvens.”


“Aqui tem mão de obra qualificada”


A mudança para ares caiçaras se deu por paixão à primeira vista e saturação com o trânsito diário na estrada. Em uma visita turística a Santos, Alberto Teixeira se apaixonou pela Cidade. Brotava uma semente para se mudar ao Litoral.


O primeiro passo foi convencer a mulher a deixar um emprego estável em São Roque, no Interior, e acompanhá-lo.


Nos primeiros anos em Santos, a rotina de Teixeira era a de enfrentar trânsito intenso e, às vezes, neblina. Foi quando optou por qualidade de vida e sensibilizou os parceiros de que, no Litoral, “havia mão de obra qualificada” em tecnologia de informação. “A nossa dúvida era se teríamos bons profissionais disponíveis para nosso modelo de negócio”.


O primeiro funcionário registrado não tinha nem sequer espaço físico para desenvolver as aplicações. “Ele fazia home office”, recorda. “Mas a coisa começou a crescer e descobrimos que a região tinha muita mão de obra disponível em tecnologia.”


Seis anos depois, a unidade ocupa três salas num moderno edifício comercial do Boqueirão. São cerca de 40 colaboradores. “Quase todos entraram como estagiários e hoje continuam na empresa.”


Além de desenvolvimento de produtos e serviços, o time santista cuida de suporte técnico e testes das soluções criadas pela empresa. “Viemos para ficar e estamos, hoje, em fase de expansão na Cidade”. Na capital, manteve-se apenas o setor comercial e de relações institucionais.


Apesar do assédio constante de outros polos tecnológicos brasileiros, boa parte dos colaboradores opta em continuar por aqui, afirma Teixeira. O motivo? “As pessoas gostam da região e preferem continuar a morar aqui. Isso é importante para a manutenção de empresas de tecnologia.”


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