Prefeito de Cubatão diz que pedido de impeachment tem motivação política

Câmara já rejeitou primeiro processo, que acusava Ademário Oliveira de não usar adequadamente os recursos da Contribuição de Iluminação Pública

Por: De A Tribuna On-line & Com informações de Sandro Thadeu &  -  29/05/19  -  11:13
Ademário Oliveira, prefeito de Cubatão
Ademário Oliveira, prefeito de Cubatão   Foto: Arquivo/AT

O prefeito de Cubatão, Ademário Oliveira (PSDB), passa por momentos turbulentos à frente do Executivo. Ele enfrenta um segundo pedido de cassação, ambos impetrados pelo advogado Cícero João da Silva Júnior. O primeiro, rejeitado pela Câmara no último dia 7, acusava a administração municipal de não usar adequadamente os recursos da Contribuição de Iluminação Pública (CIP). Já o novo processo acusa o tucano de não cumprir as emendas impositivas do ano passado, indicadas pelos vereadores, e por remanejar a execução delas para o exercício seguinte.


Em entrevista ao "Jornal Manhã de Notícias", da Rádio Nova FM, Oliveira disse não ter dúvidas da motivação política por trás dos atos do jurista.


"O impeachment você pede quando tem ato de improbidade, ato de crime de responsabilidade. Os pedidos de impeachment são todos motivados por descumprimento de lei municipal. Contribuição de iluminação pública, e agora dizendo que eu não cumpri emenda impositiva. Em primeiro lugar, emenda impositiva fomos nós que criamos. Eu não posso descumprir algo que eu criei. A motivação é meramente política. Até porque, se tivesse alguma motivação de improbidade, o Tribunal de Contas e o Ministério Público, que são os guardiões, já teriam se manifestado", disse o chefe do Executivo cubatense.


Segundo Ademário, o prefeito acaba "sendo refém" da situação. "Qualquer cidadão, pelo nosso rito do decreto de 1967, pode ir lá e protocolizar [o pedido] sem nenhum escrúpulo, sem necessidade de ter fundamento legal. Olha que absurdo. Infelizmente, é o nosso país. Mas, respeito, e tenho compartilhado isso com os nossos parlamentares", comentou o tucano.


'Bando de punk heavy metal'


Nos últimos dias, começou a circular no WhatsApp de muitos moradores de Cubatão uma suposta pesquisa sobre a corrida eleitoral de 2020. O assunto repercutiu na cidade. Desconfiado dos resultados e do fato de essa sondagem não estar registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o vereador Toninho Vieira (PSDB) decidiu checar a veracidade da informação, e a assessoria dele confirmou que o levantamento é falso.


No fim da tarde de segunda-feira (27), A Tribuna conseguiu contato com Margrid Sauer, uma das diretoras do Instituto Amostra, do Rio Grande do Sul, apontado como responsável por essa pesquisa. Ela ratificou que a empresa nunca foi contratada para fazer qualquer trabalho em Cubatão, e revelou que essa é a primeira vez em mais de 20 anos de experiência na área que se tornou vítima desse tipo de situação. “Em tempos de fake news, nem o Instituto Amostra escapou. Realmente fiquei chocada. Não pensei que alguém pudesse chegar a esse ponto”, desabafou a diretora do instituto.


Assim que soube do caso, ela fez uma postagem na página da empresa no Facebook para mostrar a verdade ao público. “A divulgação de pesquisas falsas é ruim inclusive para os pré-candidatos, porque eles ficam se pautando por uma coisa com dados inventados”, destacou Margrid.


O prefeito também negou qualquer intenção de antecipar o futuro neste momento. Segundo ele, política é para ser debatida apenas em ano eleitoral, e qualquer notícia divulgada neste momento não passa de especulação.


"Estou trabalhando, exercendo a outorga do mandato. Jamais anteciparia. Seria um crime antecipar a discussão política numa cidade que tem tantos problemas e requer tanta atenção", disse o tucano.


Para Ademário Oliveira, esses boatos fazem parte da politicagem, e lugares petrolíferos como Cubatão acabam gerando figuras políticas sem preparo. O chefe do Executivo classificou esse grupo como "bando de punk heavy metal".


"Se você pegar os países petrolíferos, comparando com Cubatão, por analogia você se assemelha. Quem teve sucesso? Só a Noruega. Os demais é Macaé, Rio de Janeiro, Venezuela. As riquezas de Cubatão fabricaram esse bando de punk heavy metal. Chega ao Parlamento e a pessoa diz assim: 'Prefeito, paga os R$ 300 milhões do empenho'. A pessoa não consegue entender a máquina pública. Não consegue entender o que é PPA, LDO e LOA. A gente fica assustado. Por aí, você tira o nível e a qualidade das discussões políticas que teremos pela frente", comentou o prefeito.


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