Na alegria, saúde, em livro: Casal da Baixada Santista comemora 70 anos de casamento: 'Mesmo amor'

Francisco escreveu o livro "Amor e Fé" para a esposa quando ela começou a apresentar primeiros sinais de Alzheimer

Por: Nathália de Alcantara  -  30/07/21  -  06:34
 Sem brigas, para dar bom exemplo aos filhos, e com fé, para superarem dificuldades e se manterem unidos
Sem brigas, para dar bom exemplo aos filhos, e com fé, para superarem dificuldades e se manterem unidos   Foto: Matheus Tagé/AT

A história de amor era tão linda que, quando os primeiros sinais de Alzheimer começaram a tomar conta das memórias da dona de casa Rita Peixoto Teixeira, de 92 anos, o marido e agricultor Francisco Pedro Teixeira, de 94, escreveu um livro para que a ajudasse a lembrar como eles se conheceram, o que viveram e como ainda eram felizes. Nesta sexta (29), o casal comemora 70 anos de casamento e ele resume todos esses anos em uma frase: “é o mesmo amor, como se a gente tivesse acabado de casar”.


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Amor e Fé é o nome do livro dado a ela, por ele, num Dia das Mães. O gesto é tão especial e romântico que já aconteceu praticamente idêntico em Hollywood. Sem sequer imaginar, Francisco reproduziu um trecho do filme de drama norte-americano Diário de uma Paixão (2004).


São 22 netos e 15 bisnetos depois, e Francisco garante que o segredo para esse tempo de união está em rezar o terço juntos toda noite. “Isso não está nas nossas mãos, está nas mãos de Deus. Faltou dinheiro, mas nunca amor. Vivemos 70 anos sem discussão ou brigas. Quisemos ser bons exemplos para os filhos”, explica ele.


Ela, mais tímida, confirmou que a comemoração da data seria perfeita para a ocasião, já que, por conta da pandemia, apenas os dois ficariam juntos na casa em que moram na Vila Nova, em Cubatão, desde a década de 80. “Estou muito feliz, graças a Deus”.


A neta Camila Teixeira Lins, de 31 anos, conta que a família está sempre reunida nas datas comemorativas e tem sido difícil a distância devido ao coronavírus.


“Ele queria muito fazer uma festa, mas como não será possível, pensamos em preparar essa homenagem no jornal para que seja inesquecível para eles”.


A história


Francisco e Rita eram noivos de outras pessoas, mas terminaram. Um não sabia da existência do outro até que o primo dela se casou com a prima dele, em Paula Cândido (MG).


A troca de olhares nesse dia fez com que, 15 dias depois, Francisco enfrentasse 12h de estrada, a cavalo, para ver Rita de novo. Um ano depois, se correspondendo apenas por carta e tendo se visto apenas cinco vezes nesse, os dois casaram. E, hoje, ainda sonham em muitos anos juntos.


Dos 11 filhos, apenas um veio ao mundo com a ajuda de uma parteira. Os outros dez Rita deu à luz sozinha, com Francisco ajudando a cortar o cordão umbilical.


“Uma das filhas é especial e precisa de cuidados. Eles então vieram morar em São Paulo em busca de tratamento. Meu avô vendeu a terra em que moravam e, com os sete filhos mais novos, se mudaram”, diz Camila.


Ao sair da roça de Minas Gerais, onde tinham um sítio e viviam do que cultivavam, Francisco trabalhou como pedreiro até os 80 anos. Primeiro, para sustentar a família. Depois, só para dedicar ao trabalho cada segundo da sua boa saúde.


Em uma visita aos filhos que já trabalhavam na indústria de Cubatão, Francisco decidiu realizar o sonho de comprar uma casa térrea. “Ele rezou muito e conseguiu uma ao lado da Paróquia São Francisco de Assis, bem onde eles queriam. Frequentam essa igreja a vida inteira”, conta a neta.


Agora, Francisco assume que é mimado pelos filhos e netos já grandes, mas a neta Camila revela que ele ainda cuida de todos com a mesma dedicação e o amor incondicional. “Ele é o conselheiro da família toda e são um exemplo para nós”.


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