Covid-19: Baixada Santista começa a receber pacientes de outras regiões de São Paulo

Com UTIs chegando no limite, Governo do Estado já começa a transferir pessoas para onde há leitos disponíveis

Por: Maurício Martins  -  12/05/20  -  11:37
Estado afirma que pode mandar pacientes conforme necessidade, inclusive para o Estivadores
Estado afirma que pode mandar pacientes conforme necessidade, inclusive para o Estivadores   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Pessoas com Covid-19 de fora da Baixada Santista já começam a ocupar leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na região. Com índice de ocupação chegando próximo ao limite na Grande São Paulo, dois pacientes graves de lá foram transferidos para o Hospital Emílio Ribas II, em Guarujá, conforme apurou A Tribuna. Outras transferências podem acontecer nos próximos dias.   


A Secretaria Estadual da Saúde confirma a informação e afirma que, por enquanto, são apenas esses dois casos. Mas diz que “eventuais transferências inter-hospitalares e intermunicipais de pacientes serão feitas, se e quando houver necessidade, pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross)”.   


A secretaria ressalta que a Baixada Santista conta com cinco serviços de referência para o tratamento de casos que precisem de internação: hospitais Emílio Ribas II (Guarujá), Regional de Itanhaém, Irmã Dulce (Praia Grande), Estivadores e Guilherme Álvaro (ambos em Santos). Todos eles recebem verbas estaduais para funcionamento.   


“Vale destacar que o Governo do Estado anunciou repasse de mais de R$ 300 milhões aos municípios para auxiliar no enfrentamento à Covid-19. Para a Baixada Santista foram repassados R$ 16,9 milhões”, justifica a pasta.  


Presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), afirma que a região não tem a mínima condição de receber pacientes de outras regiões. Ele diz que já há dificuldade para atender quem mora aqui. 


“Somos contrários (à transferência de pacientes para a Baixada), até porque estamos com mais de 80% de ocupação. Nada contra os pacientes, mas se estamos preocupados com a nossa capacidade, não tem sentido atender gente de fora. O Estado deve mandar para regiões que têm taxas menores de ocupação”, dispara Barbosa.  


Cidades 


A Prefeitura de Santos diz, em nota, que não houve comunicação do Estado sobre a transferência de pacientes e que o Estado não poderá usar hospitais sob gestão municipal (caso do Estivadores).  


“O número de leitos destinado para casos Covid-19 foi calculado com base nas estimativas de casos graves da doença na região e levando em conta o alto percentual de população idosa em Santos, público mais suscetível a complicações”, afirma o município.  


Já Praia Grande informa que a transferência de pacientes de São Paulo para a região está sendo discutida pelos prefeitos e o Estado, por meio do Condesb. “A Secretaria de Saúde de Praia Grande aguarda definição pelos gestores municipais e segue trabalhando para estruturar o máximo possível a rede de saúde”.  


São Vicente ressalta que as vagas existentes são necessárias para pacientes da região. “Espera-se que não ocorram mais transferências. Qualquer aumento na demanda trará resultados negativos para o atendimento local”, diz a prefeitura.  


Guarujá afirma que não houve discussão sobre o tema, mas que tem observado a existência de pacientes residentes fora de municípios da Baixada Santista no Hospital Emílio Ribas. “Será necessário que todos os leitos da região estejam disponíveis para absorver a demanda. A transferência de pacientes de outras regiões pode causar desassistência e agravamento da situação”.  


Itanhaém e Mongaguá dizem que essas transferências são inviáveis e podem comprometer o atendimento dos moradores. Cubatão, Bertioga e Peruíbe não se manifestaram.  


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