Cidades da Baixada Santista adaptam estrutura para aulas on-line

Prefeituras adotam plataformas virtuais para superar o desafio de levar ensino a alunos que estão em casa

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  18/05/20  -  15:01
Cubatão informa que aderiu ao programa de educação virtual da Secretaria de Educação do Estado de SP
Cubatão informa que aderiu ao programa de educação virtual da Secretaria de Educação do Estado de SP   Foto: Marcela Ferreira/AT

Como garantir acesso ao material digital e organizar o calendário escolar em meio à pandemia? O que fazer com o aluno que não tem internet para o ensino remoto? Como ajudar a família a tirar as dúvidas dos estudantes em casa? Se a Educação sempre foi movida a perguntas, nessa época de isolamento social por causa do novo coronavírus não faltam problemas a serem resolvidos.


Após a suspensão das aulas, as redes educacionais pública e privada começaram a se organizar para retomar as atividades de forma remota. Na Baixada Santista, as prefeituras implantam plataformas digitais para levar conteúdo pedagógico à casa dos estudantes. Porém, escolas e famílias ainda se adaptam. 


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“Estou trabalhando em casa, no mesmo horário que minha filha faz aula on-line. Então, tive que deixar o meu celular com ela, porque uso o computador. Não tem sido fácil, porque ela tem 10 anos. Então, toda hora vem perguntar alguma coisa”, conta a auxiliar administrativa Sonia Nascimento, moradora de Praia Grande e mãe de uma aluna de colégio particular.


Por outro lado, mesmo para os alunos mais velhos, a mudança não tem sido fácil. Monique Cristina Cardoso da Silva, de 17 anos, é da rede pública de Praia Grande e conta que o momento tem sido de ajustes. “Ainda estamos em processo de adaptação”.


Ela diz que as aulas acontecem de segunda a sexta-feira, mas dar conta de todo o conteúdo de casa tem sido difícil. Principalmente para ela, que também faz as aulas do curso técnico. “São muitas atividades. Espero que tudo volte ao normal o mais rápido possível. Nenhuma tecnologia substitui um professor”.


José Henrique Pereira dos Santos, de 18 anos, concorda. Ele também é estudante da rede pública, mas em São Vicente, e também se prepara para o vestibular. “Com o conteúdo on-line, percebemos a importância de um professor nos auxiliando. Por mais que seja possível mandar mensagem, não é a mesma coisa”.


A escola, segundo ele, ofereceu plataforma virtual e material impresso, mas o aplicativo trava com frequência. Outra preocupação é o processo seletivo para as universidades – em especial, segundo José Henrique, para os estudantes que têm dificuldades para acesso à internet.


Conectividade


A questão do acesso é uma preocupação geral. Conforme o movimento Todos Pela Educação, para evitar a ampliação de desigualdades ao lançar mão de estratégias de ensino remoto, é fundamental entender que a disposição de recursos tecnológicos é diferente entre os distintos perfis socioeconômicos dos alunos, e quem já tem desempenho acadêmico melhor tende a se beneficiar mais. 
“As estratégias de ensino a distância são importantes para redução dos efeitos negativos do distanciamento temporário, mas lacunas de diversas naturezas serão criadas sem a interação presencial. Por isso, as redes de ensino devem planejar desde já ações para a volta às aulas”.


Hora de discutir participação de pais e adoção da tecnologia


O isolamento social trouxe à tona duas polêmicas discutidas há anos na Educação: a participação dos pais na vida dos filhos e a formação de profissionais de ensino para atuar com tecnologia. A esperança é que, no pós-pandemia, o trabalho dos professores seja ainda mais valorizado e as famílias possam ficar mais próximas da escola.


A especialista em Educação Roberta Bento – também fundadora do portal SOS Educação, que traz dicas sobre como lidar com os estudos das crianças – explica que é preciso separar os papéis no dia a dia em quarentena. “O pai não tem que ser professor”.


Quando o filho tiver uma dúvida, a sugestão é que o pai o oriente a procurar um amigo para discutir a questão. Isso, além de fazer a criança trocar experiências sobre o conteúdo, mantém vínculos sociais e estimula a autonomia. Também é possível ouvir o aluno.


“Às vezes, ao formular a pergunta, ele entende melhor o conteúdo. Se não resolver, a orientação é anotar a dúvida e entrar em contato com o professor”.


O outro lado


Nesse cenário, os professores também têm dúvidas. “Colegas me pedem ajuda para utilizar a tecnologia no planejamento de suas aulas”, afirma Mariane Regina Kraviski, mestre em Educação e Novas Tecnologias e professora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter. 


“Participar desse momento em que os professores têm que readequar prática, estratégias e metodologias para dar aulas reforça a importância da formação do profissional de ensino para usar as tecnologias”.


Assim, depois que tudo passar, será o momento para dar mais valor para a educação a distância (EaD) e oferecer a professores formação complementar voltada à tecnologia. 


Estado investe em plataforma digital e divulga aulas na TV


O Governo de São Paulo adotou o ensino remoto, com internet gratuita para acessar a plataforma, para 3,5 milhões de alunos e mais de 180 mil professores da rede pública.


Por outro lado, além dos dois aplicativos e da produção de manuais de orientações de estudo e da distribuição de kits, a secretaria de Educação fechou parceria com a Fundação Padre Anchieta, que administra a TV Cultura, e as aulas são transmitidas no canal 2.3 pela TV Educação (para os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio) e no canal 2.2 na TV Univesp (para creche, pré-escola e anos iniciais do Ensino Fundamental).


O controle de frequência é feito após o estudante realizar o acesso ao aplicativo com login e senha. Caso ele tenha dificuldade no acompanhamento dos conteúdos, a Secretaria de Estado da Educação oferecerá ações de reforço escolar para garantir a aprendizagem.


O Centro de Mídias de São Paulo teve, até o final da última semana, mais de 1,6 milhão de acessos e 700 mil seguidores nas redes sociais.


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