Caminhoneiros acreditam que ponte entre Santos e Guarujá será benéfica para a categoria

Categoria acredita que a ponte será benéfica desde que o valor do pedágio não seja superior ao cobrado na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, que liga as duas cidades.

Por: Bruno Gutierrez e Liliane Souza  -  26/06/19  -  09:39
Atualizado em 26/06/19 - 09:45
Ponte entre Santos e Guarujá será viável se não houver aumento no pedágio, afirmam caminhoneiros
Ponte entre Santos e Guarujá será viável se não houver aumento no pedágio, afirmam caminhoneiros   Foto: Arquivo/AT

A construção de uma ponte entre Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo, trará benefícios para os caminhoneiros, segundo a categoria, se a tarifa não for maior do que R$ 12,20 por eixo, valor cobrado atualmente pela Ecovias no pedágio da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, conhecida como Piaçaguera, que liga as duas cidades.


Em entrevista para A Tribuna On-line, o diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), José Cicero Rodrigues Agra, explica que se a travessia pela ponte custar mais caro, a tendência é que os caminhoneiros continuem optando pela rodovia.


"Hoje nós fazemos um percurso até o Guarujá e pagamos um pedágio na volta. Se esse valor for compatível com esse pedágio, seria muito bom porque diminuiria na quilometragem. Para o sindicato dos caminhoneiros, a questão é o valor a ser cobrado", afirma.


Rodovia Cônego Domênico Rangoni
Rodovia Cônego Domênico Rangoni   Foto: Reprodução/TV Tribuna

Questionada pela Reportagem sobre a possibilidade de cobrança de pedágio, a Ecovias, que será responsável pela construção da ponte, disse que as definições sobre o projeto só ocorrerão após avaliação pelo órgão regulador. "O projeto da Interligação entre Margens, que inclui a ponte sobre o canal, está em análise na Artesp", afirma.


Já a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) informou que, por determinação do Governo do Estado, somente analisa estudos e projetos encaminhados pela concessionária [Ecovias] para avaliação de viabilidade técnica do projeto de implantação da ponte Santos Guarujá.


Piaçaguera


Enquanto os motoristas têm a possibilidade de optar pela balsa para fazer a ligação entre as duas cidades, a única opção dos caminhoneiros é o trajeto pela Piaçaguera. Pela rodovia, o percurso de Guarujá a Santos costuma levar até uma hora.


De acordo com a Ecovias, a ponte deverá reduzir o percurso de 45 km para menos de 10 km. O projeto é composto por uma ponte e trechos com elevados em viadutos que somam 7,5 quilômetros. A estrutura conecta a Via Anchieta, no km 64, à Rodovia Cônego Domênico Rangoni, no km 250.


Carlos Alberto Xavier, de 50 anos, trabalha como caminhoneiro há 23 anos. Ele conta que costuma passar pela Piaçaguera, em média, três vezes por semana, e acredita que a construção de uma ponte permitirá maior fluidez no trânsito, diminuição no tempo para chegar até Santos e maior segurança.


Mesmo quando está de folga, com seu carro, ele conta que prefere utilizar a rodovia. "Acho mais prático. Não gosto de usar a balsa, acho que demora mais", afirma.


Quem também acredita que a construção de uma ponte será benéfica é o caminhoneiro Jonathan de Oliveira Costa, de 34 anos. Para ele, que utiliza a Piaçaguera há oito anos, será possível ganhar tempo.


Jonathan conta que gasta R$ 439,20 por mês só com pedágio, por isso, não seria viável optar por um trajeto mais caro. "Esperamos que possa ser realizado o mais rápido possível, pois seremos todos beneficiados com essa ponte, tanto caminhoneiros quanto moradores e trabalhadores".


Autoridade portuária


Em entrevista aoG1, o diretor-presidente da Codesp, Casemiro Tércio Carvalho, afirma que defende a construção de um túnel submerso.


"Há uma solução de túnel já amplamente discutida e para o qual existe, inclusive, projeto contemplando, além de carros de passeio e caminhões, faixa para ciclistas, trilho para VLT e passagem para pedestres. Isso converge para uma verdadeira política de integração porto-cidade, respeitando não só os atores portuários, mas a comunidade da Baixada Santista como um todo", afirma.


Segundo ele, não está claro a qual demanda a ponte atende. "Localizada ao fundo do canal de navegação, não é, certamente, à mobilidade urbana, o principal fluxo entre margens e longe da maior concentração demográfica de Santos e Guarujá. Isso é essencial ser esclarecido à população", afirma.


Casemiro Tércio afirma que um túnel localizado em uma área mais próxima à concentração demográfica permitirá atender 100% do fluxo de veículos. "A preferência por túnel submerso em ambientes portuários é consagrada mundialmente, visto que, onde se optou por ponte, tal infraestrutura revelou-se depois limitadora", finaliza.


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