Baixada Santista tem 70% das UTIs ocupadas e três cidades com leitos esgotados

Região tenta aumentar vagas, mas faltam profissionais para ampliação de equipes no combate contra a Covid-19

Por: Maurício Martins  -  12/03/21  -  09:24
Risco de colapso por falta de UTIs é real na região
Risco de colapso por falta de UTIs é real na região   Foto: Alex Ribeiro/Governo do Pará

A BaixadaSantistapassounesta quinta-feira (11)de70% de ocupação de leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)em hospitais públicos e privados. Um dia antes,na quarta (10),a taxa era de 62%.ATribuna.com.brapurou que em três cidades já não havia mais leitos disponíveis:Cubatão,ItanhaémeBertioga.Pacientesdesses municípiosforam encaminhados para Santos.


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Mas mesmo Santos, com maior número de vagas em UTIs, enfrentaalta crescente na demanda. Chegounesta quintaa 68%, há 12 dias era de 44%.Na Cidade, o Hospital Estadual Guilherme Álvaro(HGA)atingiu 100% de ocupação, enquanto o Hospital Vitória (de campanha) temmais de 90%.Atéesta quinta, 28 pacientes de outras regiões do Estado estavam internados na Cidade.


“A nossa taxa de ocupação nos preocupa, temos pacientes de outras cidades usando leitos próprios (com verba da)da Prefeitura de Santos. Precisamos da conscientização de toda a população, principalmente evitando aglomerações”, diz o secretário municipal de Saúde, AdrianoCatapreta.


Nos próximos 10 dias, oprefeito Rogério Santos (PSDB) pretende abrir mais 60leitos UTI covid, divididos entre asunidades de pronto atendimentoCentral,daZona Leste enoHospital Vitória.Mas, segundo ele, há dificuldades na contratação de equipes de saúde para que a estrutura possa ser ampliada.


“A situação é dramática, é extremamentecomplicada. Nossa dificuldade é com contratação de equipes médicas. Temoscapacidadede abrir muito mais leitos, mas não teremos equipes para isso, elas estão esgotadas. Nenhum município está conseguindo contratar”, explica o prefeito. “A situação é muito grave”, completa.


Rogériopretende se reunirnesta sexta-feira (12)com representantes do Governo do Estado para pedir novamentereforço da PM, barreiras sanitárias nas estradas esuspensão da Operação Descida no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).


“Mas preciso de adesão da população. Eu sei que é difícil, o setor da economia vem sofrendo. Mas se tem uma pessoa desesperada porque perdeu dinheiro e outra porque não consegue respirar, quem você vai atender primeiro? Eu atendo primeiro aquele que pode morrer”.


Risco de colapso


O infectologista Roberto Focaccia afirma quealgunshospitais particularesde Santos também já chegaram ao limite da capacidade em UTIs.“Oufechamos o Estado por 15 a 20 dias,com PM na rua e multas elevadas, fechando a maioria das atividades essenciais,ou não tenho dúvidas de que caminharemos a uma tragédia monstruosa”.


Focaccia lembra que as novas variantes aumentaram a disseminação do vírus.“As vacinas que deveriam ter sido compradas em julho de 2020 só estarão por aqui no segundo semestre.As equipes médicas estão exaustas. É muito triste”.


Para o infectologista EvaldoStanislau, o esgotamento dos hospitais da região é uma possibilidade concreta. “Ocaos pode ser evitado se mantivermos apenas as atividades essenciais e todos, semexceção, cumprirem osprotocolossanitários. Infelizmente não teremos vacinas em tempo hábil para reverter isso”.


O infectologistaLeonardoWeissmannacredita que não se pode descartar que a Baixada Santista passe pela mesma situação caótica de outras regiões, visto que a taxa de transmissão está em alta.


“É fundamental a compreensão da população quanto ao momento difícil e preocupante que estamos vivendo. Precisamos ficar atentos e reduzir a circulação de pessoas. Somente assim conseguiremos reduzir a velocidade de propagação do vírus, ainda mais que não sabemos quando acontecerá a vacinação de todos”.


Estado


O governador João Doria dissenesta quintaque a questão não é apenasabrir novos leitos, de enfermaria ou UTI. Segundo ele,antes da pandemia eram 3.500 no Estado e, até o final de março, serão 9.200. O problema, disse Doria, é quenão há profissionais de saúde e o volume de infectados segue em ritmo acelerado.


Na quarta-feira, a secretáriaestadualde Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, citou que na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) - que encaminha pacientes para hospitais onde há leitos -, existe uma fila entre 1.800 e 1.900 pessoas em busca de tratamento.


Patrícia explicou, porém, que “a fila não quer dizer que não estejam sendo atendidos, mas que precisam de leitos em melhores condições”.


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