Alimentos de base vegetal se multiplicam no mercado

Variedade está em alta nas prateleiras

Por: Sheila Almeida & Da Redação &  -  13/08/19  -  23:47
  Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Embora não haja números para apontar o tamanho do mercado de produtos livres de exploração animal ou de lácteos à base de vegetais, é cada vez maior o espaço reservado a eles nos supermercados da Baixada Santista. Para comprovar, basta passear por corredores e observar os novos rótulos disputando espaço nas prateleiras ou ganhando corredores inteiros.


No Brasil, segundo pesquisa do Ibope Inteligência de abril de 2018, 14% da população se declarava vegetariana – o equivalente a cerca de 30 milhões de pessoas. A estatística representa um salto em relação a 2012, quando a mesma pesquisa indicava 8%.


Outro dado, divulgado pelo Euromonitor Internacional, indica que o crescimento não é exclusividade brasileira. No ranking global, entre os países com maior aumento da onda vegetariana estão Nigéria, Paquistão, Indonésia, Filipinas, Alemanha e Brasil.


De acordo com o estudo, o aumento do vegetarianismo ocorre pela preocupação com o consumo consciente. Esse comportamento estimula também o veganismo, que consiste em não escolher produtos que exigiram sofrimento animal na produção.


Nas prateleiras


Com a alta da quantidade de pessoas que não consomem determinados alimentos – por necessidade ou escolha –, aumenta a busca por produtos específicos.


Segundo a Associação Brasileira de Supermercado (Abras), em 2015 a demanda por produtos vegetarianos era maior do que a oferta no País. E o segmento dos “saudáveis” faturou, naquele ano, R$ 55 bilhões. Não há levantamento recente, nem sequer regional.


Bifes e carnes vegetais, exemplos de alimentos com procura crescente
Bifes e carnes vegetais, exemplos de alimentos com procura crescente   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A veterinária Amanda Corrochano, de 32 anos, de Santos, conta que percebe no dia a dia como esse mercado cresce. Ela é vegetariana há 14 anos, por ter conhecido, na faculdade, os processos para fabricação de produtos de origem animal. Por isso, escolheu mudar a dieta. Desde 2012, é vegana.


“Hoje, é mais simples. Quando eu comecei, só tinha massas. De uns cinco anos para cá, foram muitas mudanças, muitos estabelecimentos e opções no mercado, mas o que me preocupa é que eles [os alimentos] são caros”, contou ela.


Amanda é co-organizadora do Caiçara Vegan Fest. O evento ocorre desde 2015 na região e hoje conta com 32 expositores. Será no domingo, das 11 às 20 horas, no Colégio São José (Avenida Ana Costa, 373, no Gonzaga).


Nem tudo beneficia a saúde, e é preciso orientação


A Tribuna percorreu mercados, supermercados e hipermercados. Nos menores, há poucas ou nenhuma opção de produtos veganos. Nos maiores, corredores específicos contêm alimentos sem glúten, sem lactose, light e diet.


É isso que preocupa Stefany Andrade, técnica formada e graduanda em Nutrição. Após sofrer com a doença celíaca – na qual o intestino rejeita o glúten –, ela foi estudar para entender seu corpo e auxiliar outras pessoas. No caminho, percebeu uma “moda” perigosa. Muita gente está prejudicando a saúde ao optar por esses alimentos nas prateleiras, que os indicam como saudáveis.


Produtos sem adequados a quem sofre com doença celíaca
Produtos sem adequados a quem sofre com doença celíaca   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

“Não emagrece. Algumas pessoas pegam produtos diet, por exemplo, que são mais calóricos que os normais. A diferença é que estes não são acrescidos de açúcar, mas têm mais gordura para compensar”, aponta.


Segurança


Ao tratar dos sem lactose e sem glúten, lembra que a retirada sem indicação pode gerar desconforto e problemas quando reinseridos na dieta. Por isso, trocas devem ser acompanhadas por profissionais.


“A exclusão de um alimento deve ser orientada e acompanhada de médico ou nutricionista. A restrição sem real necessidade pode causar deficiência nutricional, tanto em macro como em micronutrientes trazendo mal à saúde. Quem escolhe mudar a alimentação também precisa de orientação, para uma transição segura”, diz.


Stefany Andrade considera, no entanto, que o crescimento desse mercado tem atendido tanto quem opta por esse tipo de alimentação quanto quem realmente tem de conviver com doenças de origem alimentar.


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