Índices de mortalidade infantil sobem na Baixada Santista

Proporção foi de 14 mortes por mil crianças menores de 1 ano, em 2018, para 16 por mil até agosto, apontam dados obtidos por A Tribuna

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  30/08/19  -  16:25
Santos tem queda histórica, em parte, devido às operações da maternidade do Hospital dos Estivadores
Santos tem queda histórica, em parte, devido às operações da maternidade do Hospital dos Estivadores   Foto: Nirley Sena/ AT

A mortalidade infantil voltou a crescer na Baixada Santista. Juntas, as nove cidades registraram 16 óbitos para cada mil nascidos vivos menores de 1 ano. Os dados são deste ano, contabilizados até o último dia 23, e representam uma proporção superior à de 2018 – de 14 por mil, a mais alta do Estado naquele ano.


O resultado só não foi pior porque Santos alcançou a menor taxa da história (8,2). Os dados foram obtidos com exclusividade por A Tribuna e fazem parte do levantamento prévio da Secretaria Estadual da Saúde, a partir de cruzamentos de informações dos Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e de Nascidos Vivos (Sinasc). 


Os números pautaram o encontro mensal do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), na terça-feira, e levaram à aprovação do financiamento de um diagnóstico sobre a mortalidade infantil regional.


“(O dado) É muito grave. Tentamos (ter) em nossa região o programa (Primeiríssima Infância) para minimizar esse problema”, afirmou a diretora executiva da Agência Metropolitana (Agem), Raquel Chini. 


Conforme o levantamento, apenas Santos, Mongaguá e Peruíbe melhoraram. A mortalidade infantil é o principal indicador da saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 


A Organização das Nações Unidas (ONU) inseriu a redução desse indicador entre as oito Metas do Desenvolvimento do Milênio (objetivos para a melhoria no padrão de vida). A instituição cita que 80% das mortes ocorrem devido a nascimentos prematuros, complicações no parto ou infecções.


Amamentação, boa nutrição e equipes de saúde treinadas são citadas como formas de evitar mortes antes do primeiro ano de vida. 
 


Dados


Os números apontam que 14.610 crianças nasceram na Baixada até dia 23. Delas, 234 morreram antes de completar 1 ano. 


Guarujá teve maior quantidade absoluta de mortes, com 58 casos em 2.757 nascimentos – 21 óbitos por mil. Itanhaém teve a proporção mais elevada, de 21,8 mortes por mil (18 óbitos em 827 nascimentos). 


Segundo a coordenadora de Saúde da Mulher de Guarujá, Adriana Machado, a mortalidade infantil não está apenas relacionada à saúde. “Envolve a condição econômica e social na qual a paciente se encontra, e muitas vezes, a aceitação da própria gestação”. 


Santos registrou a maior queda no índice de mortalidade infantil: 8,2 por mil, o menor da história da Cidade. A taxa está dentro do padrão indicado pela OMS, de até dez por mil. 


O prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) atribuiu a redução do índice à ampliação da rede de saúde municipal e aos resultados do programa Mamãe Santista, instituído em 2014. “Todas as gestantes são acompanhadas durante a gravidez e até a criança completar 2 anos de idade”. 


O secretário municipal de Saúde, Fábio Ferraz, cita que a iniciativa santista estimula que as gestantes façam todos os exames pré-natais e serve para ajustar ações da pasta. Ele também credita o resultado ao início das operações da maternidade do Hospital dos Estivadores. “(Na unidade) Temos um coeficiente de mortalidade infantil baixo, que é comparado com os de hospitais privados de altíssima performance.” 


Mongaguá teve a queda mais expressiva, passando de 20,4, em 2018, para 14. A diretora municipal de Saúde, Daiane Conceição Itacarambi, explica que a Cidade criou um comitê com reuniões mensais para debater o tema. “Todo esse esforço tem surtido efeito positivo, tanto que o Município alcançou esta importante redução no índice de um ano para cá”. 


Cidades montam comitês para estudar causas e evitar mais mortes
Cidades montam comitês para estudar causas e evitar mais mortes   Foto: Irandy Ribas/ AT

São Paulo evolui e fica perto de recomendação da ONU


O Estado se aproxima da marca fixada pela ONU. Dados preliminares da Secretaria Estadual da Saúde apontam que a média paulista da taxa de mortalidade infantil está caindo. A pasta afirma que o indicador atual é de 10,7 por mil nascidos vivos. 


Em nota, a pasta indica que o aprimoramento da assistência ao parto e à gestante, o incentivo ao aleitamento materno, a ampliação do acesso ao pré-natal, a expansão do saneamento básico e a vacinação de crianças com base nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) são as principais ações contra a mortalidade infantil. 


A situação paulista é oposta à da maioria das cidades da Baixada. Com números em alta, Praia Grande (19,8) e São Vicente (14,9) dizem ter criado comitês de mortalidade infantil.


Os grupos dispõem de uma equipe multiprofissional que analisa com mais profundidade as causas das mortes de mães e crianças e buscam soluções com profissionais. 


Com a mais elevada taxa local, Itanhaém alega ter iniciado melhorias. “Esperamos que o nosso esforço possa refletir em uma melhor assistência materno-infantil”, afirma o secretário de Saúde, Fábio Crivellari Miranda. Bertioga, Peruíbe e Cubatão afirmam manter um comitê multidisciplinar de prevenção à mortalidade.


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