São Paulo precisa do Pablo?

Chegada de atacante faz Tricolor correr o risco de ter contratado o "artilheiro de uma temporada"

Por: Bruno Gutierrez  -  20/12/18  -  20:47
Campeão da Sul-Americana, atacante Pablo interessa ao São Paulo
Campeão da Sul-Americana, atacante Pablo interessa ao São Paulo

O atacante Pablo ganhou destaque nos noticiários esportivos em 2018, principalmente na metade final do ano. Os gols do camisa 9 ajudaram o Athletico-PR terminar na sétima colocação do Campeonato Brasileiro e a conquistar o título da Copa Sul-Americana, o mais importante da história do clube.


Mas, o São Paulo precisava de Pablo? O investimento, que pode chegar a 7 milhões de Euros, em um jogador de 26 anos, que teve seis bons meses, vale a pena?


Apesar do reforço poder empolgar o torcedor tricolor, os números não animam. Nas últimas cinco temporadas, Pablo marcou 45 gols em 199 jogos, uma média de 0,22 gol por jogo. Passou por Real Madrid B, Figueirense e Cerezo Osaka-JAP, sem muito destaque.


Claro que é necessário relevar algum dado ou outro por causa do posicionamento do jogador. Tiago Nunes o escalou como atacante mais próximo da área, enquanto em outras temporadas, o atleta atuava mais aberto no ataque. Mas, mesmo assim, será que foi aposta que vale mais a pena do que as opções no elenco?


Entre os jogadores que atuaram mais à frente no elenco do São Paulo, em 2018, somente um não tem média superior a Pablo nas últimas cinco temporadas. Diego Souza, o principal, marcou 80 gols em 256 partidas, uma média de 0,31 gol por jogo. Sendo que, em grande parte desse período, o camisa 9 tricolor atuava no meio de campo.


O questionado Santiago Tréllez, que chegou a ser sondado em uma troca por Victor Ferraz com o Santos, tem 34 gols em 150 jogos. A média é de 0,24 gol por jogo, a mesma de Gonzalo Carneiro. O uruguaio, que enfrentou problemas físicos nas últimas temporadas, marcou 14 gols em 57 partidas.


O único com média inferior a Pablo é Joao Rojas. O equatoriano marcou apenas 27 gols em 183 jogos. A média é de 0,14 gol por jogo. De longe, o pior aproveitamento entre os atacantes tricolores.


Vejo Pablo como uma incógnita. Claro que o jogador tem uma certa qualidade. Mas é um risco. E muitos clubes brasileiros já caíram no conto do "artilheiro de uma temporada". Talvez o caso mais icônico seja de Josiel, artilheiro do Brasileirão de 2007 pelo Paraná, que conseguiu um contrato com o Flamengo e foi um fiasco.


Souza, em 2006, também foi artilheiro da Série A pelo Goiás. Também foi para o Flamengo, mas longe de ser o artilheiro. Da mesma forma, foi assim no Corinthians.


O Flamengo caiu mais uma vez no conto do artilheiro. Em 2003, Dimba foi o goleador do Brasileirão, pelo Goiás. Mas esteve longe de repetir o feito no Rubro-Negro carioca.


Recentemente, outros três casos. Éderson, também do Athletico-PR, foi artilheiro em 2013, mas não teve mais o mesmo desempenho. Foi emprestado ao Al Wasl, dos Emirados Árabes, vendido ao Kashiwa Reysol-JAP, emprestado pelos japoneses ao Vasco da Gama, e depois, retornou ao Furacão. Hoje, tenta recuperar o bom futebol no Fortaleza.


Em 2016, William Pottker foi destaque na Ponte Preta, aparecendo como um intruso na disputa pela artilharia do Brasileirão entre Fred (Fluminense) e Diego Souza (Sport). No Internacional, o atacante brigou pela posição com Leandro Damião e Nico López, por exemplo.


Já em 2017, Henrique Dourado surpreendeu com uma campanha acima da média no Fluminense. O artilheiro que não perde pênalti fez uma temporada que carimbou sua ida ao Flamengo (sempre o Rubro-Negro). No entanto, no último ano, esteve longe de ser unanimidade. Perdeu espaço, recentemente, para Uribe.


E aí, torcedor tricolor. A contratação de Pablo foi acertada?


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