André Jardine e a crônica de uma morte anunciada

Treinador já mostrou potencial, mas não está pronto para o São Paulo

Por: Heitor Ornelas  -  28/01/19  -  19:17
Com contratações importantes, técnico do Tricolor começa a ganhar opções para montar time
Com contratações importantes, técnico do Tricolor começa a ganhar opções para montar time   Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net

Antes que o leitor pense que o texto pretende contribuir para a queda de André Jardine no São Paulo, um aviso: não é essa a intenção. Até porque o treinador é o menos culpado pela má fase do time, que vem desde o segundo turno do Campeonato Brasileiro do ano passado, quando despencou da liderança para o quinto lugar. Entretanto, uma análise sobre o que ocorreu dentro e fora de campo no Pacaembu, no último domingo, deixa clara a falta de preparo do treinador.


Com a bola rolando, o Santos foi o soberano. Jogou como quis diante de um adversário lento e frágil, e só não ganhou de mais porque tirou o pé. Na entrevista coletiva, Jardine deu outra demonstração de inaptidão quando disse que as vitórias contra Mirassol e Novorizontino, nas rodadas anteriores, também deveriam ser levadas em conta nas análises. “Não fiquei empolgado quando ganhamos esses dois jogos e não vou ficar abatido agora que perdemos”, comentou.


Como assim? Será que o treinador acredita que vai se sustentar vencendo os pequenos e sendo presa fácil diante dos grandes? No fundo, ele sabe que não. Mas, ao expor tal raciocínio, demonstra que nem boas justificativas consegue apresentar – o que é natural, em se tratando de alguém que inicia a vida entre os profissionais.


Multicampeão na base após implantar um estilo de jogo vistoso, Jardine era auxiliar de Diego Aguirre, que acabou caindo por causa dos seguidos tropeços de 2018. Já integrante da comissão técnica, ele assumiu o São Paulo sem tempo para implantar suas ideias e não conseguiu chegar ao G4, meta possível à época.


Em 2019, começou perdendo as duas partidas na Florida Cup, e agora sofre o primeiro tropeço no Paulista, às vésperas da estreia na fase preliminar da Libertadores, contra o Talleres, na Argentina. Tomando por base o que ele tem feito e o que tem sido o São Paulo dos últimos tempos, dá para imaginar que em pouco tempo o clube estará à procura de treinador. Nesse caso, a missão caberá a Raí e Leco, ambos muito mais perdidos do que André Jardine.


A menos que uma improvável evolução aconteça nas próximas semanas, o São Paulo vai passar mais um ano dando alegrias para as torcidas adversárias.


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