Quer comprar um gato que morde?

Você gosta de salmão? Bom, né? Pois é... meu gato gosta de “Salmos”. Ontem, ele comeu a Bíblia de cabeceira da minha mulher.

Por: Renê de Moura  -  19/02/21  -  12:07
Atualizado em 19/02/21 - 12:19
  Foto: Andreas Lischka por Pixabay

Durante a vida, já tive vários gatos. Acho gato um bicho sensacional e uma boa companhia. Sabe por que eu acho isso? Porque Romeu, meu gato atual, não foi o primeiro. Se tivesse sido o primeiro, é bem provável que teria sido o último. Romeu destrói qualquer possibilidade de harmonia na relação homem x animal. O termo “pet” tem que revisto por causa dele.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Eu devia ter desconfiado quando me disseram que tinha um gato de São Vicente para ser adotado. Ah, São Vicente... essa cidade merece uma crônica a parte.


Então... Você gosta de salmão? Bom, né? Pois é... meu gato gosta de “Salmos”. Ontem, ele comeu a Bíblia de cabeceira da minha mulher. Juro. Mas olha só: ele não comeu Coríntios nem o apocalipse. Ele engoliu a página do salmo que minha mulher lê dia sim dia não. Ela está em choque, dizendo que ele tem pacto com Lúcifer.


Romeu é diferente. Não dá para classificar ele como um felino. Ele não sobe na pia. Todo gato sobe na pia. Ele não. Mas não é porque ele é treinado ou educado. Ele não consegue. É um gato siamês com a agilidade de um buldogue. Para subir na mesa ele tem que passar pela cadeira. Juro. E chega bufando. Nasceu cansado esse desgraçado.


Já perdi cabos de iPhone, pulseira de relógio, carteira, mochila... Ele come tudo. Quase tudo. Ração tem que ser de uma marca e sabor que a gente só encontra em um lugar na cidade. Você tem noção de que eu vou no Carrefour só para comprar a comida dele? Eu não gosto do Carrefour. Você vai dizer “coloca outra e dane-se. Com fome ele vai comer”. Se você colocar outra, ele faz cocô no tapete, em represália.


E tem uma coisa. Não é qualquer cocô. Quando ele está com raiva, o cocô dele sai com glitter e tem cheiro de sulfeto de hidrogênio com gás da Coqueria da Cosipa. O moço da portaria disse que não posso mais colocar o cocô dele na lixeira do prédio, porque senão a Terracom não leva. Tem que incinerar antes.


Ele não deixa você pegar ele no colo, não deixa você fazer carinho, não deixa você em paz. Ninguém mais me visita porque ele ataca. Tenho um sobrinho pequeno que se você falar a palavra “gato”, ele chora. Trauma.


Mas calma. É castrado. Decidimos fazer isso para não deixar essa espécie proliferar.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter