A alta dos combustíveis é tão indecente que até o Bolsonaro é contra ele mesmo

Anúncio da Petrobras na última sexta-feira (17) de novo reajuste no valor da gasolina foi mais um duro golpe

Por: Júnior Bozella  -  20/06/22  -  07:24
  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O anúncio da Petrobras na última sexta-feira (17) de um novo reajuste no valor da gasolina foi mais um duro golpe na já fragilizada economia brasileira. Hoje, o Brasil tem 11,5 milhões de desempregados e mais 17,5 milhões de famílias vivendo na miséria, com renda per capita mensal de até R$ 105. Os números ilustram uma realidade cruel, em 2022 o número de famílias em extrema pobreza aumentou quase 12% segundo dados do Cadastro Único.


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Não bastasse toda a crise econômica que o país enfrenta, durante o governo Bolsonaro o Brasil vem vivendo o maior reajuste no valor dos combustíveis dos últimos quase 20 anos, ultrapassando 70%. Quando o presidente Bolsonaro assumiu o governo no início de 2019 o valor da gasolina na bomba custava R$ 4,27 e do diesel R$ 3,40. Chegamos em junho de 2022 com a gasolina batendo a marca dos R$ 8 em diversas cidades do país.


A popularidade do presidente derrete a cada novo aumento. Diante disso, a última narrativa criada por Bolsonaro para livrar o seu governo da responsabilidade pela ingerência no que tange à alta indeiscente no preço dos combustíveis, foi virar todo o seu arsenal verborrágico para a empresa, como se não fosse ele o presidente da Republica ao qual está vinculada a estatal.


Com o auxílio dos seus aliados do Centrão na Câmara dos Deputados, Bolsonaro sugeriu a abertura de uma CPI para investigar a política de preço da Petrobras. Levando em conta que a Constituição Federal dá ao presidente da República uma série de mecanismos para conter casos de altas abusivas, fica claro que Bolsonaro tenta ludibriar o povo para parecer que está fazendo alguma coisa e ganhar tempo até as eleições de outubro “inventando” uma CPI que não levará a lugar algum. Na condição de presidente da Republica, se ele efetivamente quisesse fazer algo já teria feito. Ele fez uso da caneta para garantir um indulto para o amigo na cadeia, mas finge que não é com ele quando o assunto afeta centenas de milhares de brasileiros.


Que o reajuste dos combustíveis tem sido abusivo todo mundo já sabe. Agora é papel do governo federal, do presidente da República e não do presidente da Câmara dos Deputados, dar um basta nisso. O Bolsonaro e a sua equipe precisam encontram uma saída. Qual? O presidente e a sua equipe econômica já deveriam ter apresentado. Mas, temendo desgaste eleitoral, ele joga a responsabilidade para a Petrobras como se a estatal e o governo fossem coisas totalmente distintas.


Constrangedora e covarde a atitude do presidente. Na Câmara dos Deputados é quase unanimidade o entendimento de que a política de preço da Petrobras não é questão para uma CPI. Uma CPI tem o poder de determinar a realização de diligências, tomada de depoimentos, requisição de informações de órgãos públicos e até mesmo a quebra de sigilos telefônico, bancário, fiscal e telemático de investigados. Mas neste caso isso resolveria o que? Muda o que no bolso do povo brasileiro? É só mais uma ação fake do governo ludibriar o povo.


Enquanto a Petrobras anuncia mais um aumento nos preços da gasolina e do diesel, o presidente esbraveja e ameaça abrir uma investigação contra a estatal. Ele só esqueceu que as políticas de reajuste são responsabilidade do seu governo. O Bolsonaro vai se posicionando contra o próprio Bolsonaro. A culpa pelo desastre econômico do Brasil já foi da OMS, da ONU, do Biden, dos governadores, do STF, da imprensa e agora é da Petrobras. O próximo em quem o Bolsonaro vai colocar a culpa é no povo que não votou nele.


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