O Centro de volta ao centro

Ainda há tempo de trazer de volta à região central santista movimento e relevância, mas é preciso que algumas garantias

Por: Redação  -  13/06/22  -  07:10
A boa notícia é que um movimento de resgate está em curso
A boa notícia é que um movimento de resgate está em curso   Foto: Isabela Carrari/PMS

A reocupação da área central de Santos vem ganhando espaço nos debates púbicos nos últimos anos, movimento que decorre tanto do visível esvaziamento que se observa nas vias antes disputadas pelo comércio como da certeza de que parte desses imóveis pode servir para reduzir o déficit habitacional de Santos e até da região. A fala mais ouvida por gestores municipais, especialistas e estudiosos é que o Centro deve ser requalificado para voltar a ser atrativo, tanto para comerciantes como para os empresários da construção civil.


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Movimento positivo, sem dúvida, que há muitas décadas já poderia ter sido desencadeado, bem antes do estado a que chegou, com sequências inteiras de imóveis fechados, abandonados, se deteriorando e encarecendo qualquer iniciativa de recuperação. Durante anos, vigorou o discurso de que a responsabilidade pelo cenário de abandono era dos órgãos de proteção ao patrimônio, que criaram regras severas demais e afugentaram o novo empreendedor e até mesmo os atuais proprietários, que para qualquer tipo de obra precisavam não apenas de uma montanha de recursos, como enfrentar a burocracia e o detalhismo da legislação. Essa é uma meia verdade.


A região central de Santos começou a ser esvaziada comercialmente quando surgiram os primeiros empreendimentos novos e mais modernos nos bairros da zona leste, shoppings incluídos. Paralelamente, questões-chave que poderiam fixar a clientela não receberam do poder público a atenção devida, como segurança e zeladoria de ruas e praças, boa iluminação e facilidade de estacionamento. A meia verdade do rigor da legislação histórica entra quando estabeleceu as regras de restauro e recuperação de imóveis com algum grau de proteção. Não se está aqui falando que bens com interesse histórico devam ser demolidos ou descaracterizados, porém, é preciso enxergá-los dentro de um contexto maior, em que toda uma região estava perdendo o interesse do público, do comércio e dos serviços.


Além disso, é preciso admitir que o e-commerce e a facilidade de resolver problemas bancários e burocráticos pela internet ajudaram a desenhar o cenário de hoje - típico de vários outros municípios antigos, em que seus centros históricos foram perdendo relevância.


A boa notícia é que um movimento de resgate está em curso, e ainda há tempo para requalificar e repovoar os bairros que compõem essa nobre região da Cidade. Um primeiro projeto de retrofit, na Praça José Bonifácio, está em curso, e esse é um movimento que tem potencial para se espalhar rapidamente. Por parte do empreendedor, importante que aplique margens de lucro em sintonia com o bairro. Por parte da Prefeitura, pensar em pacotes de benefícios por períodos definidos.


Para quem paga aluguel, morar na região central pode ser, sim, uma boa opção, desde que caiba no bolso, haja produtos e serviços próximos, segurança e mobilidade urbana.


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