Alerta permanente

Aos milhares de moradores de regiões sujeitas a acidentes do gênero resta ficar em constante estado de alerta

Por: Da Redação  -  01/03/21  -  10:24

Há quase um ano, a Baixada Santista foi atingida por um temporal que deixou ao menos 45 mortos e muita destruição, principalmente nos morros. As marcas dessa tragédia ainda são visíveis a olho nu, com os clarões abertos nas encostas das terras altas, como em Guarujá. 


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Reportagem de A Tribuna, publicada ontem, mostrou que a situação ainda inspira cuidados. Afinal, 65 mil pessoas moram em áreas consideradas perigosas, sujeitas a ocorrências como as de março passado. O temporal daquela ocasião afetou, principalmente, Guarujá, Santos e São Vicente. Desde então, foram estabelecidas parcerias entre os municípios e os governos federal e estadual para a realização de obras que reduzem os riscos.


Esses trabalhos visam, essencialmente, a contenção de encostas frágeis, ao mesmo tempo que se busca viabilizar a transferência de moradores para conjuntos habitacionais financiados com verbas públicas. Há cerca de duas semanas, Guarujá, a cidade mais afetada pelas chuvas, entregou as obras de contenção no Morro do Macaco Molhado. Ali, onde nove pessoas perderam a vida, foram executados serviços que custaram cerca de R$ 25 milhões, com verbas do Governo Estadual.
 
Já a região conhecida por Barreira do João Guarda, com 23 vítimas fatais, ainda espera pelas obras. Guarujá aguarda o envio de R$ 45 milhões da União para executar a tarefa de contenção. Ao mesmo tempo, a Prefeitura fechou parceria com o próprio Governo Federal, da ordem de R$ 27 milhões, para a construção de mais 240 moradias na região do Cantagalo, destinadas às famílias atingidas pelos deslizamentos. 


Em menores proporções, o mesmo se repete nos demais municípios da Baixada Santista que sofreram com o elevadíssimo volume de água de março passado. Vale frisar que estamos num período de intensa precipitação pluviométrica, muitas vezes fora do normal para determinada época. Diante desses fatos, as cidades agem com o instrumental que dispõem, cumprindo os protocolos de segurança sob a vigilância permanente de suas respectivas equipes da Defesa Civil.


Porém, aos milhares de moradores de regiões sujeitas a acidentes do gênero resta ficar em constante estado de alerta, mantendo fina sintonia com o Poder Público em termos de monitoramento de situações que causem estranheza. Mas é preciso pressa e agilização de recursos para as obras de prevenção, bem como a edificação de moradias para abrigar esse contingente populacional. No Brasil, um país com gritantes carências sociais, e ainda mais acossado pela pandemia do novo coronavírus, as verbas nem sempre estão disponíveis para a infinidade de demandas existentes em seus quatro cantos. No caso específico da prevenção de catástrofes, a agilidade, tanto na liberação de recursos quanto na execução de obras, é condição de sumária exigência. Afinal de contas, não estamos lidando com um fenômeno raro. Em muitos casos, ele é até previsível.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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