A imagem ruim de um país sem reformas

É preciso começar a trabalhar não só a imagem do Brasil, mas também agir para corrigir suas deficiências

Por: Redação  -  19/01/22  -  09:25
  Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Além de iniciativas objetivas para melhorar sua produtividade, como reformar a carga tributária, investir em ensino de base e melhorar a infraestrutura, o Brasil precisa dar atenção a sua imagem para atrair o capital das grandes empresas.


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Porém, uma pesquisa da consultoria PwC, associada ao Fórum Econômico Mundial, mostra que o País vai mal em todos esses e vários outros quesitos, segundo a visão dos executivos das companhias globais. A PwC é autora de um ranking dos países que mais relevância têm na agenda das gestores das multinacionais ao redor do mundo. De principal estrela depois de Estados Unidos e China em 2013, portanto, em terceiro lugar, o Brasil recuou degrau por degrau e no ano passado caiu para décimo. Na relação, além de EUA e China, ainda líderes, à frente do País estão Alemanha, Reino Unido, Austrália, Japão, França, Índia e Canadá.


O levantamento da consultoria tem muita relação com o que se passou com a economia brasileira na década passada, considerada perdida, enfrentando uma violenta recessão no Governo Dilma Rousseff, com muita intervenção estatal e destruição das contas públicas, problema com reflexos até hoje. Nesse período, o País não passou pelo boom de commodities dos anos 2000, no Governo Lula, mas também não fez reformas, exceto a da Previdência, aprovada com Jair Bolsonaro, mas muito desidratada. Apesar de alguns marcos legais recentemente aprovados, como o do saneamento básico, poucas melhorias de fato foram votadas ou saíram do papel.


No caso da pesquisa da PwC, com 4,4 mil executivos globais, há uma lista de falhas que apagaram o brilho do Brasil no ano passado: crescimento fraco, ambiente de negócios confuso, carga tributária complexa e imagem ambiental ruim. A maioria desses fracassos não é recente, pois o Brasil não cresce de forma consistente, como a China, Austrália ou Coreia do Sul, pelo menos desde os anos 1970, intercalando saltos curtos e reveses. Mas tampouco fez reforma burocráticas profundas.


No caso da questão ambiental, ainda que o País já viesse pressionado pela devastação das florestas há vários anos, o atual governo colou no Brasil a imagem de vilão da área, o que explica a visão negativa dos executivos globais. Trata-se de um alerta – os gestores corporativos podem estar temerosos de assumir a condução de negócios no Brasil. A impressão que passam é que têm receio de serem bombardeados por ambientalistas, ONGs e parlamentares ou sofrerem restrições de estatutos de suas próprias companhias que cobram responsabilidade com o meio ambiente.


No fim das contas, a sensação é de que os anos passam e o País posterga suas decisões. Os brasileiros já sofrem com essa falta de objetividade, mas a percepção dos estrangeiros de nação travada é preocupante. É preciso começar a trabalhar não só a imagem do Brasil, mas também agir para corrigir suas deficiências.


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