Venezuela fecha fronteira com as Antilhas Holandesas

Segundo Juan Guaidó, ajuda humanitária dos Estados Unidos viria do território caribenho

Por: France Presse  -  20/02/19  -  21:57
Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino garantiu que militares se mantêm leais a Nic
Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino garantiu que militares se mantêm leais a Nic   Foto: Yuri Cortez/ France Presse

As autoridades venezuelanas determinaram, na última terça-feira (19), o fechamento da fronteira marítima e aérea entre a Venezuela e as Antilhas Holandesas, de onde o líder opositor Juan Guaidó espera a chegada de ajuda humanitária americana estacionada em Curaçao, confirmou o comandante na região, almirante Vladimir Quintero.


“Afirmativo”, respondeu secamente Quintero, perguntado sobre informações reportadas pela imprensa local sobre a suspensão das comunicações marítimas e aéreas com Aruba, Bonaire e Curaçao, sem explicar as razões.


A decisão ocorre a quatro dias da entrada anunciada de ajuda humanitária enviada dos centros de distribuição, rejeitada pelo governo de Nicolás Maduro por considerá-la o início de uma invasão militar americana.


Cargas de medicamentos e alimentos levados em aviões militares dos Estados Unidos estão armazenadas na cidade colombiana de Cúcuta, perto da ponte fronteiriça de Tienditas, bloqueada por militares venezuelanos com caminhões e outros obstáculos.


Um segundo centro de distribuição no Brasil será aberto no estado fronteiriço de Roraima, com a ajuda do Brasil, e um terceiro em Curaçao, aonde chegará um avião de assistência a partir de Miami.


Em alerta


Também na terça-feira, a Força Armada venezuelana se declarou “em alerta” para evitar uma violação do território com a entrada anunciada de ajuda no sábado, rejeitando os apelos do chefe de Estado americano, Donald Trump, e Guaidó para que desobedeçam as ordens de Maduro.


Acompanhado pelo alto comando das Forças Armadas, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, reiterou “lealdade" e “obediência” a Maduro, respondendo a Trump, que na noite de segunda-feira pediu aos militares venezuelanos que aceitassem a “anistia” oferecida por Guaidó e rompessem com Maduro.


Reconhecido por 50 países como presidente interino da Venezuela, Guaidó enviou mensagens no Twitter para cada chefe militar estacionado nos postos fronteiriços: “Em 23 de fevereiro, ele deve escolher entre servir Maduro ou servir o país. Permita que a ajuda humanitária entre”, disse a eles.


O ministro assegurou, contudo, que os militares venezuelanos não permitirão ser “chantageados”, e descreveu como “uma série de mentiras e manipulações” o que Trump e Guaidó falam sobre “essa suposta ajuda humanitária”, tratando-a como tema de um confronto entre a Força Armada e os venezuelanos.


“A Força Armada permanecerá destacada e alerta ao logo das fronteiras, conforme ordenado por nosso comandante em chefe (Maduro), para evitar qualquer violação da integridade de seu território”, disse Padrino.


Crise e 'migalhas'


Os venezuelanos sofrem com a falta de alimentos e remédios, além de uma hiperinflação voraz que o FMI projeta em 10.000.000% este ano. Fugindo da crise, cerca de 2,3 milhões (7% da população) emigraram desde 2015, segundo a ONU.


Maduro, que culpa as sanções financeiras de Washington pela crise, rotula a ajuda enviada pelos Estados Unidos como um “show” e “migalhas” de “comida estragada” que servirão como pretexto para invadir a Venezuela.


Guaidó convocou mobilizações por todo o país para acompanhar os voluntários que vão em comboios de ônibus para as fronteiras em busca de assistência. 


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