O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou na noite desta quinta-feira (22), que o filósofo e professor colombiano nacionalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodríguez será o futuro ministro da Educação. Crítico do Enem e com afinidade ao projeto Escola sem Partido, Rodríguez é hoje professor-colaborador do programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).
Em mensagem postada no último dia 7 em seu blog, ele atribuiu sua indicação ao cargo ao filósofo Olavo de Carvalho, próximo da família do presidente eleito e uma referência do pensamento conservador.
"Gostaria de comunicar a todos a indicação de Ricardo Vélez Rodríguez, filósofo autor de mais de 30 obras, atualmente professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, para o cargo de ministro da Educação", escreveu Bolsonaro, em sua conta no Twitter.
O anúncio foi feito um dia depois de a bancada evangélica vetar o nome de Mozart Neves, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, para o cargo. De perfil técnico, Mozart chegou a ser convidado por Bolsonaro, mas a escolha provocou atrito com integrantes da Frente Parlamentar Evangélica - que faz parte da base de apoio do presidente eleito no Congresso. Para eles, Mozart não tinha "afinidade ideológica" com o novo governo. Pessoas próximas do educador disseram que ele não aprovava o Escola sem Partido.
Blog
Rodríguez mantém um blog chamado Pensador de La Macha, em referência a Dom Quixote (obra do escritor espanhol Miguel de Cervantes). No texto do último dia 7, ele escreveu que, como ministro da Educação, queria "tornar realidade, no terreno do MEC, a proposta de governo externada pelo candidato Jair Bolsonaro, de 'Mais Brasil e Menos Brasília'". Disse ainda que Bolsonaro venceu porque representou a insatisfação dos eleitores contra governos petistas.
Sobre educação, Velez deixa clara sua afinidade com projetos como o Escola sem Partido. Segundo ele, os brasileiros seriam "reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de revolução cultural gramsciana, com toda a corte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero".
Para ele, o modelo atual de educação estaria "destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em suma, do patriotismo".
Rodríguez também criticou outros nomes que foram avaliados para o MEC, como a da presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Maria Inês Fini. Para o futuro ministro, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prova que ela é responsável atualmente, é um "instrumento de ideologização".