Presidente em exercício, Mourão recebe militares e diz que vai 'tocar de lado'

Auxiliares do vice-presidente disseram que ele já havia declarado que sua atuação no cargo seria discreta, como a de Marco Maciel, vice do ex-presidente FHC

Por: Do Estadão Conteúdo  -  22/01/19  -  10:52
Atualizado em 22/01/19 - 10:56
Segundo Mourão, desvinculação das receitas da União é uma
Segundo Mourão, desvinculação das receitas da União é uma "grande ideia"   Foto: José Cruz/Agência Brasil

No primeiro dia como presidente em exercício durante a viagem de Jair Bolsonaro a Davos, na Suíça, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, evitou assinar decretos ou receber ministros palacianos, mas não fugiu de entrevistas à imprensa e intensificou reuniões com militares em seu gabinete.


Ao longo do dia, circularam pelo gabinete da Vice-Presidência, no anexo II do Palácio do Planalto, pelo menos cinco militares, entre eles o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o porta-voz da Presidência, Otávio Santana do Rêgo Barros. Além deles, Mourão recebeu os embaixadores da Alemanha e da Tailândia no Brasil, Georg Witschel e Surasak Suparat, respectivamente, e o engenheiro da CSN Miguel Angelo da Gama Bentes.


Auxiliares de Mourão disseram que o vice já havia declarado que sua atuação no cargo seria discreta, como a de Marco Maciel, vice do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Primeiro general a assumir a Presidência após a redemocratização, Mourão evitou adotar um tom de sobreposição a Bolsonaro. "Sem marola, só tocando a bola para o lado", disse. Mais tarde, relatou que recebeu uma recomendação do presidente diretamente de Davos: "prudência e caldo de galinha".


Enquanto estiver no exercício do cargo, Mourão não pretende receber ministros nem adiantar decisões de governo. Do Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, coordenou nesta segunda-feira (21), mais uma reunião interministerial para discutir a Região Nordeste. Nenhuma medida, no entanto, foi anunciada.


Alemanha


O presidente em exercício também recebeu "alertas". O embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, pediu que o governo brasileiro explique melhor suas intenções em relação a reformas e seus compromissos com os direitos humanos e contra mudanças climáticas.


"O que nós queremos é medir o novo governo segundo os atos, segundo os fatos, e não segundo os tuítes e as palavras durante a campanha", disse Witschel, fazendo referência a falas de Bolsonaro. Mourão declarou que não é sua tarefa debater o assunto com o representante da Alemanha no País.


Mourão viaja ao Rio para a passagem de comando do 2.º Regimento de Cavalaria de Guarda do Exército. À noite, de volta a Brasília, o presidente em exercício janta com dirigentes da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base. A entidade pretende levar as principais reivindicações do setor ao governo, entre elas uma ampla reforma no sistema de aposentadorias e o avanço na agenda de privatizações.


Filho


Ainda nesta segunda-feira, a Comissão de Ética da Presidência da República rejeitou, liminarmente, denúncia do PSOL contra a promoção de Antônio Rossell Mourão, filho do vice-presidente. Rossell Mourão se tornou assessor especial da presidência do Banco do Brasil, o que foi alvo de questionamentos.


O colegiado entendeu que o caso de Rossell Mourão não se enquadra na súmula vinculante 13 (que veda nepotismo) porque ele é concursado há 18 anos e "preenche os requisitos" para o cargo, segundo conselheiros da Comissão de Ética.


Há 11 dias, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, pediu que a promoção do filho de Mourão fosse revogada, sob alegação de que tal nomeação feria princípios que devem orientar a administração pública.


Como assessor especial do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, o salário de Rossell Mourão triplicou: passou de R$ 12 mil para R$ 36,4 mil mensais. As informações são do jornalO Estado de S. Paulo.


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