Bolsonaro critica Enem e diz que prova fez "doutrinação exacerbada"

Declarações do presidente eleito foram feitas na TV Bandeirantes. Bolsonaro ainda classificou prova como "vexame"

Por: De Agência Brasil  -  06/11/18  -  12:03
  Foto: Reprodução/TV Bandeirantes

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), criticou a primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aplicada no domingo (4). Ele a classificou como "doutrinação exacerbada", "vexame", e ainda reiterou que a questão ideológica é grave no país e precisa ser enfrentada.


As declarações foram dadas ao jornalista José Luiz Datena, na TV Bandeirantes, na segunda-feira (5). Direto de sua casa, no Rio de Janeiro, o político recebeu o apresentador para uma entrevista de pouco mais de uma hora, onde falou sobre vários temas, incluindo o exame.


“Tão mais grave que a corrupção é a questão ideológica no Brasil, que está muito arraigada por parte de alguns aqui em nossa pátria e você tem que lutar contra isso. Até a própria prova do Enem, é um vexame você ver o que é uma prova do Enem, o que mede conhecimento, por exemplo, essa primeira parte realizada no domingo passado, ou seja, uma doutrinação exacerbada”, declarou.


O presidente também disse que o exame precisa cobrar "conhecimentos úteis", ao invés de temas que possam influenciar jovens no futuro. “Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de gays e travestis não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse por esse assunto”, afirmou.


As críticas foram direcionadas a uma das questões do Enem, onde havia um texto sobre "o dialeto secreto" usado por gays e travestis. Apesar do conteúdo, a pergunta não cobrava dos estudantes o conhecimento sobre o vocabulário, e sim, as características técnicas para que uma linguagem seja considerada um dialeto.


Filho do presidente eleito, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) também criticou o exame
Filho do presidente eleito, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) também criticou o exame   Foto: Reprodução/Twitter

Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) também criticou o exame. “Aviso que não é requisito para ser ministro da educação saber sobre dicionário dos travestis ou feminismo”, escreveu no Twitter.


"Prezados estudantes, quando vocês forem ser entrevistados para um emprego ou estiverem abrindo um empreendimento aviso: sexualidade, feminismo, linguagem travesti, machismo e etc terão pouca ou nenhuma importância. Portanto, estude também o que lhe deixará apto para a vida”, completou ele que, em seguida, compartilhou um post que chama o Enem de “bizarro” e defende a aprovação do projeto que quer instituir a chamada 'Escola sem Partido'.


Enem


A primeira prova do exame foi aplicada no domingo e trouxe questões de linguagem, ciências humanas e redação, abordando temas como direitos humanos, racismo, ditadura militar e violência contra a mulher. O tema da redação foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. O conteúdo da prova teve boa repercussão entre especialistas e professores.


No próximo domingo (11), será a vez dos candidatos realizarem a segunda e última prova do Enem. Ela será composta por questões de ciências da natureza e matemática. O gabarito oficial deverá ser divulgado até 14 de novembro.


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