O suposto furto do celular de Franciel Santos Silva,o homem que jogou etanol em um morador de rua e ateou fogo na última terça-feira (18), teria ocorrido na madrugada de domingo (16), no mesmo local do atentado. O rapaz praticou o crime contra a vítima após acusa-la de ter roubado o aparelho.
O jovem foi até lá para utilizar o sinal do wi-fi do salão de beleza de um tio. O estabelecimento estava fechado, mas o acusado sabe a senha. “Ele usava o wi-fi e adormeceu sob a marquise, onde também estavam a vítima e mais dois moradores de rua”, explicou o investigador Adriano Jorge de Mattos.
Ao acordar, Franciel sentiu a falta do celular e acusou a vítima de pegá-lo, mas nada fez, porque havia os demais moradores de rua. Porém, o rapaz voltou na terça-feira de madrugada à frente do salão de beleza para exigir de Roberto Werner a devolução do aparelho.
“A discussão começou às 5h45 e o morador de rua disse que não pegou o celular, afirmando que havia mais duas pessoas com ele. Franciel, então, foi embora, mas prometendo voltar para atear fogo na vítima”, contou Mattos.
Não demorou muito, a ameaça foi concretizada. De posse de um galão, Franciel comprou R$ 10,00 de etanol no posto de combustíveis situado na esquina da Avenida Siqueira Campos (Canal 4) com a Rua Nabuco de Araújo, no Embaré, e retornou ao local onde a vítima estava.
Franciel alegou aos policiais civis que comprou etanol por ser mais “barato” do que gasolina. Câmera de segurança registrou o momento em que o acusado adquiriu o combustível no posto.
Investigação do agressor
A equipe da delegada Edna Pacheco Fernandes Garcia conversou com a vítima no hospital antes de identificar e prender o acusado. O morador de rua disse que o autor do atentado lhe disse ser sobrinho do dono do salão de beleza.
Procurado pela manhã de terça-feira, o dono do estabelecimento não teve dúvidas em reconhecer Franciel Silva, seu sobrinho, como o homem filmado ateando fogo no morador de rua.
O próximo passou foi prender o acusado na habitação coletiva onde ele reside. A moradia fica perto do local do atentado e do posto onde foi comprado o etanol. Franciel dormia e não reagiu ao ser capturado.
Além da moto utilizada pelo acusado na fuga, os investigadores apreenderam no imóvel os tênis, a camisa e o capacete que ele usava no momento do ataque a Roberto Werner.
Para a Reportagem, Franciel declarou que praticou o crime lúcido, porém, sob o efeito de “raiva”. Ele também afirmou não possuir prova de que o celular foi furtado pela vítima. Questionado se a violência era justificável, ainda que supostamente confirmada a autoria do furto, Franciel calou-se.
O rapaz possui passagem por agredir a companheira, tendo contra si medida protetiva de urgência da Lei Maria da Penha que o proíbe de se aproximar dela. Em Sergipe, ele foi detido com uma moto furtada, sendo acusado do delito de receptação.
A delegada Edna Garcia autuou Franciel por tentativa de homicídio qualificado pelo motivo fútil e pela crueldade mediante o emprego de fogo. O crime é hediondo e punível com reclusão de quatro a 20 anos.