Sete em cada 10 brasileiros tiveram perda de renda na pandemia

Pesquisa feita por operadora de cartões indica que 62% dos entrevistados acreditam que ainda vão atrasar o pagamento de suas contas

Por: Por ATribuna.com.br  -  01/06/20  -  22:45
Médico indica que máscara pode ser usada para evitar levar as mãos ao rosto
Médico indica que máscara pode ser usada para evitar levar as mãos ao rosto   Foto: Alexsander Ferraz

A pandemia do novo coronavírus já apertou o orçamento familia dos brasileiros. Ao menos sete em cada 10 das pessoas tiveram algum tipo de perda financeira desde o início da quarentena. E 62% acreditam que ainda vão enfrentar algum problema que as obrigará a atrasar o pagamento de suas contas. Os indicadores constam em uma pesquisa online da DMCard, que entrevistou 15.010 consumidores, em maio. 


Conforme o estudo, as famílias estão priorizando o pagamento de faturas essenciais  e compras nos supermercados. Os entrevistados foram questionados sobre quais as dívidas que dariam prioridade em caso de não terem dinheiro suficiente para pagamento em dia de todas elas, sendo que, nesta questão, puderam citar mais de uma resposta. As contas de consumo como água, luz, telefone e internet ficaram em primeiro lugar, com 31% de percentual de lembrança.  


Em segundo lugar na prioridade do consumidor está o cartão fidelidade de supermercado (29%) e o cartão de crédito tradicional (20%). “Nossa amostra é composta por pessoas que são portadoras de cartão de crédito e nos permite uma representatividade muito fiel de como anda o bolso desse consumidor economicamente ativo, se ele sofreu perdas e como o bolo está sendo repartido para o consumo e pagamento das dívidas mais comuns no dia-a-dia da população”, diz Sandra Castello, Diretora de Marketing e Pessoas da DMCard. 


Segundo ela, essa ordem de prioridade indica para um consumidor que está preocupado em manter seu poder de compra, principalmente do que é essencial, em manter a comida na mesa.  


“Além dessa percepção da importância e peso no orçamento entre os cartões de loja e o tradicional, há outro fenômeno importante de se observar, principalmente nas classes mais baixas, que é a atual dificuldade de se conseguir crédito na rede bancária. Não se trata apenas de uma escolha, muita gente não consegue ter um cartão de crédito tradicional. Com o atual cenário econômico a rede bancária acaba reduzindo sua aprovação e esse consumidor, muitas vezes ainda desbancarizado, acaba migrando para os cartões de loja”, continua Sandra.  


Na sequência das dívidas que não seriam tão priorizadas, foram citadas os financiamentos (11%) e a assistência médica (9%). A diretora também explica como o reflexo do não pagamento de alguma dessas contas na rotina também interfere na decisão. “Com estes resultados, conseguimos identificar uma linha clara de comportamento. O consumidor prefere pagar primeiro as contas que podem ocasionar a interrupção de algum serviço que lhe faria muita falta no seu dia-a-dia. Em segundo lugar, vêm as dívidas que podem tirar deles o poder de compra, em um momento em que ter crédito é muito importante em caso de emergências”.  


Mercado de trabalho e Auxílio Emergencial


Apenas um em cada quatro entrevistados afirma estar empregado formalmente, com registro em carteira profissional, e sem nenhum tipo de redução em seus ganhos. Outros 15% tiveram redução de carga horária e, consequentemente, em seus rendimentos.  


Em contrapartida, 12% foram totalmente afastados do trabalho ou tiveram seus contratos interrompidos, e 15% já entraram na pandemia desempregados. Os entrevistados aposentados são 10% dos respondentes e 21% são profissionais autônomos. 


O auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo foi buscado por 49% dos entrevistados. Considerando apenas esse grupo, 31% deles já recebeu a primeira parcela. Um grupo composto por 33% não foram aprovados, outros 19% ainda não receberam e 17% ainda estão aguardando resposta.  


Dentre os 51% que não entraram com o pedido, apenas 1% ainda tem a intenção de solicitar o auxílio. “A demora e problemas no pagamento dessa ajuda do governo tem reflexo direto no comportamento financeiro, principalmente no pagamento de dívidas e nas classes mais baixas, nas quais a prioridade é sempre o consumo alimentar”, destaca Sandra. 


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