Conta de energia tem novo reajuste até o fim do mês, e aumenta ainda mais em 2022

Aneel estuda também campanhas para estimular o uso mais racional de energia e água

Por: ATribuna.com.br  -  16/06/21  -  00:16
 De acordo com a agência, o país vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos
De acordo com a agência, o país vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos   Foto: Imagem Ilustrativa/Pixabay

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, disse nesta terça-feira (15), em audiência pública da Comissão de Minas e Energia na Câmara dos Deputados, que a decisão sobre o aumento no valor das bandeiras tarifárias deve ser definida até o fim de junho. Ele afirmou que o reajuste deve passar de 20% e que as contas de luz em 2022 subirão outros 5%.


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Segundo o diretor, o país vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, com os reservatórios das bacias das principais usinas hidrelétricas em níveis muito baixos. Por isso, houve a necessidade de acionamento de mais usinas termelétricas. O acionamento das bandeiras tarifárias reflete o aumento no custo da geração de energia no país.


Atualmente está sendo usada a bandeira tarifária vermelha, no patamar 2, com a cobrança adicional de R$ 6,243 para cada 100kWh (quilowatt-hora) consumidos.


“Hoje temos um custo de R$ 6,24 a cada 100 kilowatt hora consumidos, mas certamente o valor final será bem maior do que R$ 7 e alguns centavos, esse valor deve superar os 20%. A agência [Aneel] deve estar tomando essa decisão ainda no mês de junho do novo valor das bandeiras para pagar as térmicas”, afirmou Pepitone.


Água


As usinas hidrelétricas são responsáveis por pouco mais de 62% de toda a geração elétrica, mas sofrem com a escassez de chuvas, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde se concentram as principais bacias hidrelétricas. O problema atinge especialmente as bacias dos rios Parnaíba, Grande, Paraná e Tietê.


“Só temos praticamente água para atender a geração de energia do país até novembro. Até lá, teremos que atender os país com as térmicas e isso tem um custo”, disse o diretor da Aneel.


O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, admitiu que a situação é preocupante, mas descartou a possibilidade de racionamento. “As soluções de curto prazo têm caminhado bem, e estão sendo executadas e, com isso, nós reiteramos aqui que para o ano de 2021 não existe nos nossos cenários a previsão de racionamento, apagão, e nenhuma dessas consequências negativas”, afirmou.


Ações


A Aneel estuda campanhas para estimular o uso racional de energia e água pelo consumidor, além de incentivar o consumo industrial em horário fora do pico.


Além da geração térmica, outras medidas estão sendo adotadas para evitar que os reservatórios das usinas hidrelétricas fiquem ainda mais vazios. No dia 1º, a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento) decidiu declarar emergência hídrica na Bacia do Paraná. A medida permite a limitação de volumes de captação de água nos rios da bacia em caso de necessidade.


Ciochi, disse que outras ações foram discutidas e apresentadas ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. A mais importante delas abrange a redução na vazão das Usinas Jupiá e Porto Primavera e a flexibilização dos reservatórios da cabeceira do rio Paraná, principalmente do reservatório da usina de Furnas.


De acordo com o diretor, a expectativa é que a medida gere um ganho de armazenamento de 3,8% do Sistema Interligado Nacional (SIN).“Não usaremos essas águas para a geração de energia elétrica visando garantir a governabilidade de toda a cascata, para garantir que todos os reservatórios tenham o mínimo de água”, disse.


Outra proposta é a de reduzir o calado ou paralisar a hidrovia Tietê-Paraná a partir de 1º julho. O ganho de armazenamento com a redução do calado seria de 0,5% e a paralisação de 1,6% no SIN. Ainda há a proposta de flexibilizar a operação dos reservatórios do rio São Francisco, com ganho de 0,8% do SIN. Segundo Ciochi, mesmo com a adoção dessas ações, o nível dos reservatórios deve ficar em 10% no fim do ano.


“As ações vão permitir estocar água para outubro e novembro. Se não adotarmos essas medidas chegaremos em 2022 em uma condição muito frágil para atender a necessidade de energia do próximo ano”, alertou Ciochi.

*Com informações de Agência Brasil


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