Ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes e empresário são autorizados a sair do país

Eles respondem a processo por fraude a licitação relacionada à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), organizado pela Igreja Católica em julho de 2013

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  07/02/19  -  21:26
Ex-prefeito do Rio, Paes responde a processo por fraude a licitação relacionada a JMJ
Ex-prefeito do Rio, Paes responde a processo por fraude a licitação relacionada a JMJ   Foto: Agência Brasil

Réus em processo que apura suposta fraude em licitação por ocasião da XVIII Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e proibidos de deixar o Brasil sem autorização judicial e prévia comunicação à Justiça com dois meses de antecedência, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo da Costa Paes e o empresário uruguaio Daniel Eugenio Scuoteguazza Clerici já estão autorizados a realizar viagens internacionais.


Acolhendo pedido formulado pelas defesas de Paes e Clerici, a juíza Ana Helena Mota Lima Valle, da 26ª Vara Criminal do Rio, autorizou, na última terça-feira (5), a saída dos réus do território nacional, sem as condições antes impostas, exigindo apenas que os acusados comuniquem as suas viagens à Justiça, na hipótese de elas excederem 30 dias.


Segundo a magistrada, não há indícios de que o ex-prefeito carioca e o empresário dificultarão embaraços ao trâmite regular da ação penal. No caso específico de Clerici, a juíza ainda deferiu requerimento para que realize viagem de férias com a família já programada, entre 13 de fevereiro e 3 de março, a países da Europa, África e Ásia.


A defesa de Paes alegou que ele é vice-presidente para a América Latina de uma multinacional, e as restrições de viagens internacionais inviabilizarian a sua rotina de trabalho. O advogado Marcelo Cruz, defensor do empresário, sustentou que o cliente tem seus negócios estabelecidos no Brasil há mais de 15 anos, mas nos fins de semana viaja a Montevidéu, onde moram a sua mulher e os quatro filhos.


“A medida cautelar imposta irá restringir a locomoção de Daniel Clerici e limitar sua estrutura familiar”, argumentou Cruz ao pleitear a revogação da imposição. O advogado acrescentou que o empresário compareceu espontaneamente ao juízo para ser citado da ação e, embora já estivesse com voo marcado para a capital uruguaia, optou por permanecer no Brasil, demonstrando não querer prejudicar o andamento processual.


Entenda o caso


Nas eleições de 2018, Paes concorreu ao Governo do Rio de Janeiro
Nas eleições de 2018, Paes concorreu ao Governo do Rio de Janeiro   Foto: Agência Brasil

A ação penal tem mais cinco réus: Hans Fernando Rocha Dohmann, ex-secretário de Saúde do Rio; João Luiz Ferreira Costa, ex-subsecretário de Atendimento Hospitar, Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde; Flávio Carneiro Guedes Alcoforado, ex-subsecretário de Gestão da Secretaria de Saúde; Mario Luiz Viana Tiradentes, pregoeiro da Secretaria de Saúde, e o empresário Leonardo Pan Monfort Mello.


O promotor Cláudio Calo Souza, do Ministério Público do Rio de Janeiro, ofereceu denúncia contra o grupo alegando que ele participou de uma licitação com cartas marcadas para o fornecimento de ambulâncias e outros equipamentos médicos para a JMJ, realizada na capital carioca pela Igreja Católica, entre 22 e 28 de julho de 2013.


De acordo com o MP, as empresas de Clerici e Monfort Mello já haviam celebrado contrato para o fornecimento de equipamentos e a prestação de serviços médicos com o Comitê Organizador Local (COL), do Instituto JMJ, vinculado à Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, que ainda contou com o apoio das três esferas de governo.


No entanto, o contrato foi desfeito, sendo realizada a menos de um mês do evento, pela Prefeitura do Rio, licitação, na modalidade pregão presencial, da qual saíram vencedoras as empresas de Clerici e Monfort Mello. A juíza vislumbrou indícios de “conluio” entre os acusados e recebeu a denúncia, bloqueando bens dos réus em até cerca de R$ 7,5 milhões, valor estimado do prejuízo ao erário. Eles negam fraude ao certame.


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