Conexão Portugal: Marcelo Rebelo de Souza reeleito presidente

Pela primeira vez na história da democracia lusa, um candidato venceu em todos os concelhos do país. O recorde anterior pertencia a Mário Soares

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  03/02/21  -  17:57
Conexão Portugal: A Europa e o racismo
Conexão Portugal: A Europa e o racismo   Foto: Unsplash

Decorreu, há dois finais de semana, as eleições para presidente da República em Portugal. O pleito, que deveria ter sido realizado ano passado, foi adiado para 2021 por causa da pandemia, que atinge números recordes em Portugal dia após dia. Nas urnas, o presidente Marcelo Rebelo de Souza foi reeleito sem dificuldades, com 60,76% dos votos, que correspondem a 2.519.599 de votos. Vale lembrar que, em Portugal, o voto não é obrigatório.


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As expectativas, inclusive, eram de uma grande abstenção devido ao agravamento da pandemia. De fato, o número de não votantes bateu o recorde – cerca de 60% dos portugueses não foram às urnas. Mas os números ficaram dentro da margem esperada pelo governo – para que a eleição seja cancelada no país, é preciso de uma abstenção de 70% dos eleitores. Uma explicação para o aumento de não votantes está no crescimento de eleitores que estavam registrados para votar no estrangeiro. Estes números cresceram de 301 mil eleitores em 2016, para 1,5 milhões em 2021.


Outro recorde batido nestas eleições pertence ao presidente reeleito. Pela primeira vez na história da democracia lusa, um candidato venceu em todos os concelhos do país. O recorde anterior pertencia a Mário Soares, que, em 1991, só não conseguiu vencer em nove distritos.


No seu discurso da vitória, o presidente renovou o seu compromisso com os portugueses, que querem um presidente “que respeite o pluralismo e a diferença, um presidente que nunca desista da justiça social”. E frisou que “o mais urgente”, agora, é o combate à pandemia de covid-19. “Em 2 de novembro, dia da evocação das vítimas da pandemia no Palácio de Belém, havia 2.590 mortos. São agora 10.469. Para eles, assim como para os mortos de covid, vai o meu, o nosso primeiro emocionado pensamento”, disse o chefe de Estado reeleito, que deixou bem claro que a “confiança renovada não é um cheque em branco”


Em segundo lugar, uma surpresa. Ana Gomes, com 12,97% dos votos, equivalentes a 536.236 eleitores, também bateu o seu recorde. Ela foi a mulher mais votada em Portugal. Esta foi a terceira vez que uma mulher concorreu ao cargo de presidente no país. Nascida em 1954, Ana Maria Rosa Martins Gomes é jurista e diplomata e concorreu às eleições pelo PS (Partido Socialista). Em terceiro lugar, ficou André Ventura, o candidato de extrema-direita, uma espécie de Bolsonaro luso, do partido Chega, com 11,90% dos votos.


Foi inclusive o medo que levou grande parte dos portugueses às urnas. Muitos tinham receio de que o candidato extremista tivesse uma votação expressiva, fato que não se confirmou. Ventura venceu em apenas quatro freguesias do país, todas nas região do Alentejo.


Em quarto lugar ficou João Ferreira, o candidato apoiado pelo Partido Comunista Português (PCP), com 4,32% dos votos, seguido por Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda (BE), com 3,95%. Tiago Mayan, do partido Iniciativa Liberal, ficou em sexto lugar, com 3,22%, seguido do candidato independente Vitorino Silva, com 2,94%.


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