Empresa quer dinheiro da venda de Rodrygo por dívida que envolve Neymar

A FK Sports exige que o Peixe pague pela intermediação na transferência do atacante do Barcelona para o PSG

Por: Bruno Lima  -  25/11/18  -  19:08
  Foto: Antoine Dellenbach/Flickr

A FK Sports Agenciamento LTDA cobra mais de R$ 2 milhões do Santos na Justiça. O valor é referente à intermediação da Quantum Solutions Limited, empresa de Malta que trabalha com transações internacionais e que atuou para que o clube recebesse sua parte como formador na transferência de Neymar do Barcelona para o Paris Saint-Germain, em agosto de 2017.


Para resolver a pendência, a empresa pede que parte do dinheiro referente à venda de Rodrygo ao Real Madrid seja destinada a ela. A ação está na 3ª Vara cível de Santos.

Na época, o então presidente Modesto Roma Junior firmou contrato com o grupo maltês para conseguir o pagamento de 5% da negociação. Da data da transferência de Neymar para o PSG até então, a FK Sports substituiu a Quantum na cobrança aos santistas.


O Peixe recebeu cerca de R$ 33 milhões do clube francês por força do Mecanismo de Solidariedade por Formação de Atleta, previsto no regulamento da Fifa. O dispositivo dá aos clubes formadores 5% do valor das transferências.


Porém, inicialmente o PSG teria se recusado a efetuar o repasse sob a justificativa de que não houve negociação, e sim o depósito do valor da multa contratual, equivalente a 222 milhões de euros (R$ 820 milhões), o que dispensaria a necessidade do pagamento do Mecanismo de Solidariedade.


Diante desse posicionamento do PSG, o Santos procurou a Quantum para auxiliá-lo. Pelo contrato firmado entre as partes, ficou acertado que a Quantum receberia 5% dos valores pagos ao Peixe pelos franceses (R$ 1,7 milhão) em caso de sucesso da empresa no serviço.


Participação fundamental


De acordo com os advogados da FK Sports, a Quantum teve participação fundamental para que os valores devidos pelo PSG fossem pagos, tendo seus representantes não apenas trocado e-mails com representantes do clube francês como também identificado e falado com pessoas chave do time parisiense para convencê-las. Isso feito, os R$ 33 milhões foram pagos ao Peixe.


Com o recebimento da quantia pelo Santos no início de outubro de 2017, a Quantum acreditava que o Peixe efetuaria o pagamento dos seus 5% imediatamente. Porém, mesmo reconhecendo a dívida, o clube não pagou sob alegação de que precisava quitar outros compromissos financeiros mais urgentes.


Houve um acerto, então, para que a dívida fosse paga em 31 de dezembro. Mas isso também não aconteceu.

Da venda de Rodrygo

Assim, a FK Sports entrou na Justiça cobrando os 5% firmado no contrato mais juros de 1% ao mês, o que faz a dívida, até o último dia 6, ser de 521 mil euros (R$2.238.224,96).


No seu pedido, a FK Sports quer que a Justiça obrigue o Santos a tirar esse valor do dinheiro que o clube tem a receber da venda do atacante Rodrygo para o Real Madrid. O Peixe irá receber a segunda metade do valor – 25 milhões de euros – em junho de 2019.


"Estranha intermediação"


Em fevereiro deste ano, questionado por A Tribuna, o atual presidente do Santos, José Carlos Peres, definiu a intermediação da Quantum como “estranha” e disse que não havia motivos para que o pagamento fosse feito.

“Até aonde nós sabemos, a questão é muito simples. O Santos não teria de jeito nenhum que pagar nada, porque o próprio departamento jurídico do clube poderia ter feito essa liberação do dinheiro. Era só fazer um protocolo de solicitação da transferência, porque o dinheiro já estava separado”, explicou o presidente.


“Houve uma intermediação estranha, feita por uma empresa de Malta, que solicitou esse dinheiro para o PSG e o trouxe para o Brasil”, completou.

Perguntado, neste sábado (24), se quitaria a dívida, Peres, por mensagem de WhatsApp, limitou-se a dizer: “De jeito nenhum. O direito de bater o pé é legítimo, mas este caso é uma vergonha”.


Na apresentação de Neymar ao PSG, o seu empresário, Wagner Ribeiro, afirmou que o pagamento dos 5% do Mecanismo de Solidariedade só aconteceu após pedido feito pelo pai do jogador diretamente a dirigentes do clube francês.


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