O Palmeiras e o técnico Abel Ferreira formam uma parceria muito positiva para ambos. Ao mesmo tempo em que o clube foi conduzido pelo português para os títulos da Copa Libertadores e da Copa do Brasil, o treinador também se beneficia dessa ligação Até chegar ao cargo, ele jamais havia sido campeão. Agora, tem no currículo dos dois títulos mais cobiçados do futebol brasileiro.
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"Para ser campeão, precisa ter material humano e um clube com estrutura", disse o treinador ainda no Allianz Parque neste domingo, antes de agradecer o carinho do torcedor e seu compromisso de ter ficado em casa por causa da pandemia da covid-19.
Quando chegou ao País, Abel enfrentava certa desconfiança. O ex-lateral estava no PAOK, da Grécia, e só tinha conquistado como técnico títulos no comando de times de base. Porém, em quatro meses, o português foi capaz de mudar a história do Palmeiras e a própria biografia. De um treinador pouco conhecido no Brasil, virou responsável por fazer o clube festejar taças importantíssimas em 2020.
O desejo de fazer história estava presente no começo do seu trabalho. Logo na apresentação, em novembro, Abel deixou um recado. "Atravessei o Atlântico para trabalhar, ganhar, ajudar a estrutura e os jogadores a crescer, não para conhecer a cidade. É minha missão. Minha estadia nos próximos meses será aqui dentro (da Academia de Futebol)", disse na ocasião.
A profecia se cumpriu. A equipe fazia até então uma temporada irregular, apesar de ter sido campeão paulista. Abel não teria tempo para treinar nem os reforços de peso. Teria de assumir o mesmo conjunto deixado por Vanderlei Luxemburgo. Era preciso trabalhar bastante para se adaptar ao futebol brasileiro em meio a uma pandemia.
"Foi um ano muito pesado para nós, com muitos jogos em sequência Mas a equipe e a comissão técnica deram o seu melhor. Todo mundo participou e evoluiu junto nesta temporada", afirmou o meia Zé Rafael.
Abel viveu tão intensamente o Palmeiras que quando testou positivo para covid-19, em dezembro, não quis se afastar do time O português passou a quarentena em um hotel e acompanhava treinos ao vivo graças à transmissão em vídeo do clube.
No comando do Palmeiras, chamou a atenção por escolher para os jogos sempre a força máxima possível. O português se mostrou um grande estudioso das características de cada atleta e se sentiu inconformado pela quantidade de jogos do calendário. Ele nunca teve uma semana inteira livre para treinar.
Aos poucos, o Palmeiras conseguiu montar um estilo de jogo muito competitivo. Letal nos contra-ataques e seguro na defesa, impressionou principalmente pela vitória sobre o River Plate por 3 a 0 fora de casa na Libertadores. A confiança do time no próprio potencial se tornou tão grande que nem mesmo a campanha ruim no Mundial de Clubes foi capaz de abalar as convicções. "Ganhamos experiência e aprendizagem".
O trabalho no Palmeiras já lhe traz muito reconhecimento. Após vencer o Santos na final da Libertadores, Abel recebeu a ligação do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que lhe deu os parabéns.
O título da Copa do Brasil coloca o Palmeiras na final da Supercopa do Brasil diante do Flamengo, em abril. A Libertadores abre a chance de disputar a Recopa Sul-Americana contra o Defensa y Justicia, da Argentina, campeão da Copa Sul-Americana. Serão mais dois títulos em disputa para um treinador que quer se tornar multicampeão.