Atletas paralímpicos da Baixada Santista dizem se sentir amparados, apesar das dificuldades

Esportistas tiveram planos adiados devido à maior crise sanitária do século, que adiou e cancelou diversas competições

Por: Nathalia Perez  -  29/05/20  -  15:13
Jennyfer Parinos, Nathan Torquato, Israel Stroh e Beth Gomes são paratletas da seleção brasileira
Jennyfer Parinos, Nathan Torquato, Israel Stroh e Beth Gomes são paratletas da seleção brasileira   Foto: Arte/AT

A pandemia do novo coronavírus não só adiou e cancelou competições esportivas no mundo inteiro, como atrasou os planos e sonhos de muitos atletas. Teve esportista que faria sua estreia em Jogos Paralímpicos este ano e viu o evento ser remarcado para o próximo ano. Além de atleta tendo seu caminho para Tóquio sendo interrompido momentaneamente. É sobre isso que falam alguns paratletas da Baixada Santista.


Mesatenista da seleção brasileira, Jennyfer Parinos, que é de Santos e compete pelas classes 6-10, aquecia para jogar a seletiva mundial, este mês, quando as atividades foram paralisadas. Sem uma data redefinida para o torneio, ela diz que sua preparação foi afetada, mas que segue treinando em casa.


"Eu estava me preparando para tentar conquistar minha vaga na Paralimpíada de Tóquio, mas foi adiada. Tenho um espaço na minha casa onde coloquei uma mesa de tênis de mesa pra poder treinar. Tento ser criativa, pois treino sozinha", conta ela, que costumava usar o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, para realizar seus treinos.


Para Jennyfer, bronze por equipe na Rio-2016, o ano não foi perdido devido às circunstâncias da maior crise sanitária do século. Do ponto de vista esportivo, ela encara a situação apenas como uma baixa na intensidade e no tempo dos treinamentos, e crê na pronta normalização das atividades.


Já seu colega de modalidade, o santista Israel Stroh, medalha de prata nos Jogos Paralímpicos do Rio, vê 2020 como um ano perdido esportivamente. "Não teremos competições neste ano, que seria histórico. Mas essa história pode ser escrita no ano que vem, o que é um bom suporte. É importante que a gente saiba aproveitar esse tempo ocioso de competições e treinamentos para fazer o que não tínhamos tempo. É por este caminho que estou indo", desabafa.


Este ano, Israel iria em busca do topo do pódio na classe 7 do tênis de mesa, mas a pandemia de Covid-19 adiou o que havia planejado. Segundo ele, o que está acontecendo mudou totalmente a forma como os atletas se relacionam com o esporte e a carreira. "É um ano de buscar novos significados para a carreira, o que, em um segundo momento, pode ser até bom. Mas, como jogador, é, sim, muito ruim".


Outro paratleta que se destaca em sua modalidade e terá que esperar mais um tempo para competir é Nathan Torquato (classe K44), de Praia Grande. Fenômeno do taekwondo, o jovem debutaria em Jogos Paralímpicos este ano, após garantir a vaga em um campeonato na Costa Rica.


"Não digo que atrapalhou meus planos, mas eles precisaram ser reformulados. Vou continuar o trabalho e esperar tudo voltar ao normal. O planejamento e treinamento continuam quando tudo retornar, e acredito que, no final, tudo dê certo. A prioridade, agora, é a saúde", comenta o lutador.


Otimista, Nathan tem procurado, além de dar sequência à rotina de treinamentos em casa, trabalhar a questão mental. O paratleta diz estar lendo muitos livros para manter a cabeça sã. "Estou tirando tirar proveito dessa situação". 


Apesar das dificuldades, amparados


O ano é de incertezas para Beth Gomes, santista que é recordista mundial no lançamento de disco. Apesar das dificuldades do momento, ela se sente amparada por seu clube, pelos treinadores e pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). "Eles não deixaram de me assistir nenhum momento. Estão sempre me orientando, me ligando. Eles fazem isso para saber como estão cada um dos atletas", conta ela.


Jennyfer também destaca a continuidade no apoio que sempre recebeu da equipe multidisciplinar do CPB. Agora, porém, com reuniões online com fisioterapia, nutrição, massoterapia e psicologia. Nathan corrobora o suporte que o Comitê está dando e cita, ainda, o auxílio da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD).


Israel vai na mesma onda que os outros paratletas e afirma estar protegido. "Eu não posso reclamar, de modo geral. Meus parceiros se mantiveram quase que 100% e a sinalização é que eles se mantenham para o ano que vem, com a Paralimpíada. É questão apenas de ter paciência".


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