Técnica de enfermagem relata agressão sofrida durante expediente em Hospital de São Vicente

Em conversa com ATribuna.com.br, Vivian Almeida Rafael fala sobre ocorrido e revela estar trabalhando há quase três meses sem receber salários

Por: Carlos da Hora  -  15/02/21  -  09:40
Ficha de atendimento médico de Vivian comprova a agressão sofrida
Ficha de atendimento médico de Vivian comprova a agressão sofrida   Foto: Arquivo pessoal

A técnica de enfermagem Vivian Almeida Rafael tem vivido dificuldades na profissão nos últimos meses. Sem receber salário há quase 90 dias, a profissional - que está na linha de frente da Covid-19 - conta que precisa pagar transporte e refeição do próprio bolso para poder trabalhar.


Como se já não bastasse a dificuldade, ela alega que foi agredida por duas mulheres após não conseguir atender uma idosa por conta do fim de seu expediente.


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Em conversa com ATribuna.com.br, Vivian conta que o caso ocorreu na última quinta-feira (11), no Hospital Municipal de São Vicente. "Eu estava na triagem da Covid-19 sozinha quando pediram para eu encerrar o expediente. Era por volta de 17h45 quando fui informar as pessoas que ainda estavam lá que não conseguiria mais realizar novas triagens".


Segundo a profissional de saúde, uma mulher que acompanhava uma idosa de 90 anos começou a proferir diversos xingamentos contra ela. Assustada, Vivian fechou a porta para não ser agredida. Contudo, a acompanhante chamou outra moça e conseguiu entrar na unidade de saúde pela entrada dos pacientes e se dirigiram até a sala da triagem, onde agrediram a técnica de enfermagem.


Ficha de atendimento de Vivian indica agressão sofrida na última quinta-feira
Ficha de atendimento de Vivian indica agressão sofrida na última quinta-feira   Foto: Arquivo Pessoal

O mais revoltante para a profissional, é que as agressoras conseguiram entrar no local sem serem contidas por nenhum segurança. "Uma delas arrombou a porta de madeira da sala e ninguém fez nada para impedir".


Traumatizada, Vivian buscou auxílio do próprio hospital, mas não obteve. "A enfermeira responsável me orientou a fazer uma carta no dia seguinte após o ocorrido, mas logo depois ela foi engavetada e pediram para eu aguardar".


Vale lembrar que por conta dos atrasos salariais, a mulher está sem conseguir pagar seu plano de saúde. Segundo a técnica de enfermagem, além do descaso, teve de escutar que a agressão é uma "situação normal" deste tipo de trabalho.


Atrasos Salariais


A profissional agredida também revela que os pagamentos pararam de ser feitos após a Prefeitura de São Vicente começar a ser responsável pelos depósitos. "Quando estávamos sob responsabilidade da ACENI isso não acontecia. Sob responsabilidade da prefeitura não recebemos mais salários". De acordo com Vivian, já são quase três meses sem receber.


Além disso, a mulher alega que os médicos continuam sendo pagos, que apenas técnicos de enfermagem, enfermeiros e fisioterapeutas sofrem com os atrasos.


Resposta


Pessoas com desconforto respiratório são encaminhadas para a sala de emergência da unidade
Pessoas com desconforto respiratório são encaminhadas para a sala de emergência da unidade   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), informa que está apurando o caso sobre a suposta agressão à funcionária Vivian Almeida Rafael e que tomará as providências cabíveis. A funcionária está afastada de suas atividades desde a última quinta-feira (11), data do ocorrido.


A Sesau informa que o Hospital Municipal possui câmeras de monitoramento e que dois guardas municipais cuidam da segurança do local diariamente. Para este caso, a Polícia Militar foi acionada e registrou a ocorrência.


Quanto à assistência médica, a Sesau esclarece que a funcionária passou por atendimento com clínico geral e psicólogo, além de ser acompanhada durante todo o tempo pelo enfermeiro supervisor do plantão.


E os salários?


Sobre o salário em atraso, a Sesau declara que no início da nova gestão foi verificada irregularidade na forma de pagamento, bem como a continuidade de um serviço sem contrato. Perante a estes fatos, foi realizado um levantamento dos profissionais para pagamento em forma de indenização e o processo está seguindo os trâmites legais e administrativos para que se conclua o quanto antes. O objetivo é contemplar de forma justa os profissionais que trabalharam no enfrentamento da Covid-19.


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