Santos tem menor índice de mortalidade infantil da história

Foram 7,2 mortes para cada mil crianças nascidas no ano passado

Por: Maurício Martins & Da Redação &  -  11/01/21  -  09:32
No Hospital dos Estivadores, foram quatro mortes para 1.475 nascimentos registrados ao longo de 2020
No Hospital dos Estivadores, foram quatro mortes para 1.475 nascimentos registrados ao longo de 2020   Foto: Arquivpo/AT

Santos registrou, em 2020, 7,2 mortes de crianças para cada mil nascimentos. É o menor índice de mortalidade infantil da história da Cidade. O número ficou abaixo do considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de até 10 bebês mortos para cada mil nascidos vivos. Até então o melhor desempenho no Município era o de 2017, com nove óbitos.


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A Cidade, porém, não apresenta uma regularidade nesse quesito, com queda consistente. Há uma oscilação nos números ano a ano. Em 2015 a taxa foi de 10,6, subindo para 13,3 em 2016 e caindo para 9 em 2017. Em 2018, nova alta, 11,8, seguida de queda para 10 em 2019.


O índice leva em consideração as mortes de bebês ocorridas em toda a rede hospitalar, pública e privada. Para Fábio Ferraz, que comandava a Secretaria de Saúde do Município no ano passado e é o atual secretário de Planejamento, o bom desempenho em 2020 foi puxado pela saúde pública, nos hospitais sob responsabilidade da Prefeitura.


No Hospital dos Estivadores, onde nasceram mais crianças santistas no ano passado, foram quatro mortes para 1.475 nascimentos. O coeficiente de mortalidade infantil ficou em 2,7 - o menor índice dentre todas as maternidades da Cidade (públicas e particulares). O local, referência para gestações de risco, tem 36 leitos para gestantes e 10 leitos de UTI Neonatal (com atendimento a 657 bebês em 2020).


“A maternidade tem altíssima performance. A gente pratica, inclusive, telemedicina dentro da UTI Neonatal do Estivadores. Os nenês de alto risco são monitorados em tempo real numa sala dentro do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Os profissionais daqui têm todo suporte. Esse é um diferencial”, diz Ferraz.


Outro fatore apontado como importante para reduzir o índice é a maior adesão ao pré-natal, principalmente de moradores de áreas carentes da Zona Noroeste. Em 2020, 3.022 gestantes foram atendidas no Programa Mãe Santista, recebendo incentivos (kits maternidade) para não deixarem de ir às consultas.


Ferraz também destaca o reforço feito na Maternidade Silvério Fontes, na Zona Noroeste e os investimentos em infraestrutura no Instituto da Mulher, com prédio novo para realização de exames e acompanhamento para as grávidas de alto risco.


“Avançamos num tripé: atenção primária, com pré-natal mais consistente; especializada, no Instituto da Mulher; e no atendimento hospitalar, no parto. Nunca tivemos uma mortalidade infantil tão baixa. Números entre 7 e 8 mortes são de municípios melhor qualificados do Brasil”.


Intenção é ampliar pré-natal de alto risco


Para que Santos mantenha índices baixos de mortalidade infantil, a intenção nos próximos anos é ampliar o pré-natal às gestantes de alto risco. O planejamento é feito pelo novo secretário de Saúde, o médico Adriano Catapreta. Ele é especialista na área: ginecologista e obstetra.


“O pré-natal de alto risco é aquele em que a gestante tem alguma patologia prévia, como diabetes. Uma das principais coisas para impactar o índice de mortalidade infantil é o pré-natal de qualidade e vamos avançar”, diz Catapreta.


O secretário acredita que é necessário um maior controle de natalidade na Cidade, com orientação das adolescentes sobre o uso de anticoncepcional.


“Uma adolescente de 12, 13 anos que engravida, por si só, é uma gestação de alto risco. O índice de complicação é maior que o de uma mulher madura. Pela nossa experiência, não diminuiu a gestão na adolescência. Vemos os nossos jovens não usarem preservativos”.


Mais exames


Ele também destaca a necessidade de aumentar o número de exames importantes para o pré-natal, como o ultrassom morfológico, que avalia possíveis anormalidades no bebê, e o ecofetal, que verifica malformações cardíacas. “Os exames imunológicos também são importantes e vamos fazer”.


Catapreta tem a intenção de criar um ambulatório de pediatria para crianças prematuras. A ideia é acompanhar por mais tempo aqueles bebês que nasceram antes do tempo e precisaram ficar em UTIs. “Eles precisam de um pós-alta melhor, com acompanhamento multidisciplinar, com médicos, psicólogos, nutricionistas”.


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