Santos conclui nova proposta de restauro da Casa do Trem Bélico

Última obra ocorreu há 9 anos; projeto é motivado pelo comprometimento da estrutura do edifício

Por: Da Redação  -  12/11/18  -  17:25
  Foto: Luigi Bongiovanni/AT

Está pronto um projeto de revitalização de toda a estrutura da Casa do Trem Bélico, no Centro de Santos, atualmente em visível estado de deterioração. O imóvel turístico, sob responsabilidade da Prefeitura e tombado como patrimônio histórico nas esferas municipal, estadual e federal, é o prédio público mais antigo da Cidade, erguido entre 1640 e 1656.


Os problemas já haviam sido reportados por A Tribuna On-line em junho e, com o tempo, comprometem-se ainda mais as estruturas. O último restauro, no valor de R$ 1,5 milhão, foi realizado em 2009, e a futura intervenção está a cargo da Secretaria de Infraestrutura e Edificações.


Ainda não há reserva de dinheiro para o novo projeto. Questionada, a Prefeitura não informou seu custo, mas ressaltou que buscará fontes de verba para a reforma.


Segundo o arquiteto Ney Caldatto, do Departamento de Planejamento e Orçamento da secretaria, a iniciativa de restaurar o prédio foi motivada, principalmente, pelo desmoronamento de parte do beiral dos fundos da edificação, como resultado da infiltração que está comprometendo as paredes já encharcadas pela retenção da água da chuva.


A casa está parcialmente destelhada, pois telhas escorregam devido à trepidação com o tráfego pesado do Porto, a 100 metros do local. “As manutenções periódicas não foram feitas com a relevância necessária”, afirma o arquiteto.


O projeto da Prefeitura contempla substituição da argamassa original (à base de areia, como na época da construção), recuperação das portas e janelas de madeira, já apodrecidas, revisão do telhado com reposição e fixação de telhas para evitar deslocamentos, recomposição dos beirais, troca de dobradiças e outras ferragens e pintura dos lados interno e externo, a ser feita com cal – outro material usado originalmente na construção.


A proposta de restauro prevê, ainda, a instalação de câmeras de monitoramento e alarme para evitar as constantes invasões ao imóvel. “Já foi instalado gradil isolando a escadaria externa que dá acesso ao prédio, mas esse tipo de estrutura deteriora o patrimônio e dá um aspecto negativo para a Cidade”, ressaltou Caldatto.


Segundo o arquiteto, o projeto passa por revisão final mas, antes de sair do papel, o próximo passo da secretaria será dar entrada no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa).


“Este tipo de projeto de restauro difere do convencional porque, devido aos tombamentos, necessita de documentação muito mais ampla sobre o imóvel, levantamento de questões históricas, diagnóstico sobre conservação e detalhamento de procedimentos técnicos para sanar os problemas”, diz Ney Caldatto.


Marco de fundação da Vila de Santos, Outeiro é foco da próxima restauração
Marco de fundação da Vila de Santos, Outeiro é foco da próxima restauração   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Outeiro é o próximo


Alvo de denúncia recente do Conselho Municipal de Cultura (Concult) ao Ministério Público Estadual, devido ao estado avançado de deterioração, o Outeiro de Santa Catarina é foco do próximo projeto de restauro do patrimônio histórico da Cidade pela Prefeitura, diz o arquiteto Ney Caldatto.


O Outeiro é o marco de fundação da Vila de Santos e fica a 200 metros da Casa do Trem Bélico. Ambos estão na rota do passeio turístico de bonde pelo Centro. Caldatto afirma que o projeto ainda está em fase inicial, mas ele pretende entregá-lo ainda este ano.


Na representação que encaminhou ao Ministério Público, o Concult acusa a Fundação Arquivo e Memória (Fams), responsável pelo imóvel, de negligência com a sociedade civil ao manter o prédio deteriorado, fechado e vulnerável a invasões por usuários de drogas. Presidente do Conselho, Júnior Brassalotti está acompanhando o andamento da denúncia, que pode virar um inquérito por meio do qual a Promotoria poderá fiscalizar as iniciativas e os prazos da Prefeitura para sanar os problemas.


Uma reunião recente entre a Secretaria de Infraestrutura e Edificações e a Fams definiu detalhes do projeto. A intenção é resolver as infiltrações, refazer acabamentos, recompor as telhas e dar soluções de acessibilidade.


O elevador para cadeirantes está inativo devido à água que brota da formação rochosa e, com as intervenções, deverá voltar a funcionar.


Memória


Sede do Circuito Turístico dos Fortes, a Casa do Trem Bélico é o único prédio militar do período colonial com características originais preservadas e foi erguida entre 1640 e 1656 para guardar munições e armas para a proteção da Vila de Santos contra ataques de piratas. Abriga, hoje, exposições de peças dos bondes e mostras variadas. Fica na Rua Tiro Onze, 11, no Centro.


Já o Outeiro de Santa Catarina, que foi erguido no século 16 em uma formação rochosa, representa o marco de fundação de Santos. Sobre a pedra, foi construída a Capela de Santa Catarina de Alexandria, por isso o nome do local. Do outeiro foram retiradas pedras para o calçamento de ruas e para a ampliação do Porto. É localizado na Rua Visconde do Rio Branco, 48, também no Centro.


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