O leilão que pode decidir os rumos do Clube XV será aberto nesta sexta-feira (19). Os lances virtuais começam às 15h e seguem até segunda-feira (22). Após um trâmite de mais de dez anos, a Justiça reconheceu o passivo da instituição junto ao Condomínio Clube XV Hotel Flats e Centro de Negócios, que administra o complexo de lojas e imóveis. Incluindo impostos e taxas, a dívida ultrapassa os R$ 17 milhões.
Avaliado pelo perito judicial em R$ 22,4 milhões, a área de 3.894 metros quadrados conta com parte do térreo e mais dois pavimentos, com piscinas, restaurante, bar, auditórios, entre outros espaços que eram destinados aos associados e também alugados.
Caso não obtenha lances nesse valor, um segundo leilão será aberto, ainda na tarde da segunda-feira, e segue até 14 de julho. Neste caso, a área pode ser leiloada pela metade do valor previsto inicialmente.
Hoje, de acordo com o processo, a dívida da entidade com o condomínio está avaliada em R$ 13,2 milhões. Mas, além desse valor, ainda constam para o imóvel um débito de impostos de R$2,9 milhões com a Prefeitura de Santos e de R$ 1,6 milhão com a União.
Se o leilão se concretizar, o Clube XV ainda não tem definido o que fará. “Sem o espaço físico da sede, ou teremos que procurar outro imóvel ou acabar com o clube”, pondera o presidente, Gilberto Ruas.
Negociação
Ele afirma que durante a tramitação do processo tentou negociar amigavelmente com o condomínio, mas as conversas não chegaram a um acordo.
Depois da decisão judicial, Ruas afirma que o clube ainda entrou com alguns recursos para anular ou suspender o leilão. Até a tarde de ontem, ele ainda aguardava um parecer favorável do Tribunal de Justiça de São Paulo que pudesse evitar a venda.
Quanto ao IPTU, Ruas diz que a entidade é isenta do imposto, mas houve um problema no pedido de isenção há alguns anos – no entanto, afirma, está trabalhando para resolver a questão junto à Prefeitura.
Contratado
“Cumprimos somente aquilo que foi contratado”, explica o síndico do condomínio Clube XV Hotel Flats e Centro de Negócios, Edgard Rauscher.
A origem da dívida vem de um questionamento do Clube sobre o acordo que assinou com a construtora do prédio, a Villela e Martins (entrou em falência). Em 2001, constava que o clube só pagaria taxas, no caso condomínio, se fosse favorecido com melhorias e benefícios. A Justiça entendeu que isso sempre ocorreu, com o trabalho de manutenção, segurança, funcionários, entre outros.
Lembranças
Alzira Esteves Ayres Gomes de Mattos, que é sócia há mais de 40 anos do Clube XV, relembra frequentar o clube na infância, nos anos 1950. Ela está triste com a possibilidade da sede ser leiloada.
“Ele era conhecido como a sala de visitas da Cidade, recebendo personalidades, sendo palco de reuniões importantes da nossa história e da cultura”, lembra ela, que destaca que a entidade recebeu, por exemplo, reuniões abolicionistas e onde se decidiu pela construção do Teatro Guarany.
‘É tanta coisa que o Clube deixa na história. Infelizmente, vão matar o patrimônio material, mas o imaterial, as lembranças e tudo o que aconteceu aqui, jamais. Isso fica”.