Pipoqueiro cego tem carrinho furtado e fica sem trabalhar em Praia Grande: 'Estou desesperado'

Ricardo Fortuna Santos, de 41 anos, tem esposa e uma filha de 8 anos. O equipamento era a única fonte de renda dele: 'Ninguém quer contratar um cego'

Por: Jean Marcel  -  16/02/21  -  09:56
Ricardo está sem o carrinho para poder trabalhar
Ricardo está sem o carrinho para poder trabalhar   Foto: Arquivo Pessoal

Ricardo Fortuna Santos tem 41 anos, e trabalha há 15 vendendo pipoca em Praia Grande. Na madrugada de sábado (6) para domingo, teve seu carrinho furtado de uma casa onde o guarda, no bairro Aviação, próximo à praia, seu local de trabalho. Ricardo é cego, e o carrinho é essencial para o sustento de casa, que fica na Vila Antártica, onde mora com a esposa Luciana e a filha Lohana, de 8 anos.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Durante o assalto uma vizinha ouviu o barulho, e, segundo Ricardo, da janela ela gritou para saber o que estava acontecendo, e dois homens responderam que eram responsáveis por verificar se estava tudo em ordem por conta do proprietário do local. Segundo ela, os homens entraram no local, cortaram o cadeado e colocaram o carrinho em um veículo. Uma mulher estava com eles. Saíram de lá levando o carrinho de Ricardo com todo o material de trabalho.


Carrinho de pipoca foi furtado durante a noite
Carrinho de pipoca foi furtado durante a noite   Foto: Arquivo Pessoal

A vida difícil


Ricardo tem uma vida difícil. Seu problema de visão nasceu com ele. Já passou por 3 cirurgias antes dos 20 anos, e foi nessa idade que perdeu totalmente a visão por um descolamento de retina. "Já trabalhei no sacolão, e também vendendo frutas, mas depois de perder totalmente a visão ficou muito mais difícil, ninguém quer contratar um cego", diz ele.


Há cerca de 15 anos ele vive da aposentadoria de 1 salário mínimo, e mais o lucro das pipocas. No carrinho ele sempre trabalha com alguém ao seu lado para auxiliar. "Dá pra tirar entre 30 e 50 reais por dia de trabalho. Antigamente íamos nas escolas e orla da praia, agora com a pandemia já estava difícil e sem o carrinho fica pior ainda", diz.


Ricardo, com a esposa e a pequena Lohana
Ricardo, com a esposa e a pequena Lohana   Foto: Arquivo Pessoal

A esposa, Luciana, ajuda fazendo faxina nas casas de pessoas. Com a pandemia, o trabalho também diminuiu. Sem o carrinho de pipocas a situação fica muito difícil para a família. O amigo Claudinei, tentando ajudar, fez algumas postagens na internet pedindo ajuda para encontrar o carrinho.


"É incrível a maldade das pessoas, pois mesmo em uma situação como estamos, ainda teve gente ligando e pedindo para depositar dinheiro em conta para devolver o carrinho", diz Ricardo. "E não era pouco, pediram R$ 400", completou. Eram pessoas que não estavam com o carrinho.


Ele contou que ultimamente é na região da praia que tem trabalhado, mas que no sábado [dia do furto] nem chegaram a sair, porque chovia muito. E foi justamente no dia que levaram o carrinho. "Coloquei na mão de Deus. Sei que Ele fará algo por mim. Espero que quem pegou tenha amor no coração, pois eu sou deficiente, e pra mim é muito mais difícil conseguir me recuperar", disse Ricardo.


Quem souber do paradeiro do carrinho pode entrar em contato com o amigo da família, o Claudinei, pelo telefone 13-98813-4499.


Logo A Tribuna
Newsletter