Juros da habitação está cada vez mais baixo na Baixada Santista e Vale

Taxas da linha com correção pela TR caíram até 19% em um ano; se comparação for com a do IPCA, queda pode ser quase pela metade

Por: Júnior Batista  -  02/08/20  -  19:19
  Foto: Matheus Tagé/AT

Potenciais compradores da casa própria que buscaram crédito imobiliário nos últimos dois meses encontraram taxas de juros que caíram 19% ou até quase a metade em relação ao ano passado se consideradas as linhas disponíveis, segundo levantamento de A Tribuna. 


A queda dos juros é apontada por economistas e profissionais do setor imobiliário como um dos motivos pelo aumento da contratação de empréstimos da habitação. Conforme A Tribuna publicou no dia 26, o volume emprestado cresceu 35% na comparação com igual período do ano passado


De acordo com ranking do Banco Central, na linha com correção pela taxa referencial (TR), uma das mais antigas, os juros caíram de 10,3% ao ano em junho de 2019 na Caixa para 8,36% em igual mês em 2020 - um recuo de 20%. No Itaú Unibanco, as taxas recuaram, respectivamente, de 8,48% para 7,38% ao ano (queda de 13%). 


Como a TR está zerada, a taxa nominal (por exemplo, de 7,38% no Itaú) acaba sendo a da correção. Como a TR não muda, o mutuário tem previsibilidade – as parcelas variam pouco e o mutuário sabe quanto pagará ao longo dos anos. 


No caso da modalidade pelo IPCA, com juros de 4,12% na Caixa, conforme o Banco Central, esse percentual será acrescido do índice de inflação, que agora está em 2,13%, levando o contrato à casa dos 6% – mais barato que qualquer contrato pela TR. 


Se a inflação recuar, como o mercado prevê para este ano, esse mutuário vai pagar ainda menos. Para 2021, 2022 e 2022, a expectativa é de IPCA entre 3% e 3,5%, com tendência de acréscimo ao custo das parcelas, mas sem os saltos inflacionários dos anos 1980 e 1990.


A queda da taxa dos juros básicos, a Selic, de 6,5% em junho de 2019 para os atuais 2,25% ao ano, explica o barateamento do crédito imobiliário, mas há outros motivos. “Os níveis de competição também estão aumentando”, diz a economista-chefe da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Cristiane Portella. Segundo ela, ainda há espaço para a redução de taxas.


A Caixa lidera o crédito da casa própria com 60% do mercado. De acordo com Cristiane, o fato do banco estatal ter aberto uma linha de crédito com financiamentos pelo IPCA também trouxe mais concorrência com os bancos privados e até fintechs (startups do setor financeiro) que atuam nesse segmento.


Para o diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Carlos Meschini, a queda de juros estimula a concorrência desde o ano passado. 


“As novas linhas de crédito, aliadas às opções ao consumidor, beneficiaram quem compra uma casa própria, seja a primeira, seja mais uma, e sabe que é um investimento para o futuro”, diz.


Metade dos financiamentos


O superintendente de Rede do Litoral Paulista e Vale do Ribeira da Caixa, Sidney Soares, afirma que o aumento de 35% no volume de crédito imobiliário na região está muito atrelada a essa nova linha ligada ao IPCA. 


“Esse novo tipo de financiamento já corresponde a 48% do total de financiamentos SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) da Caixa na região. Tem sido uma opção, inclusive, aos financiamentos diretos com as construtoras”. 


Mutuários preferem quitação antecipada


A prestação menor foi o que atraiu o servidor público Rafael Galvão, de 37 anos. Natural de Natal (RN), ele optou pela linha que varia com a inflação ao escolher seu primeiro imóvel, um apartamento de 132m em Santos.


“Embora o financiamento pela Taxa Referencial tenha segurança da mensalidade fixa, a do IPCA deixa a parcela muito menor. No meu caso, senti diferença de 30% no valor em relação à TR”, conta ele.


Galvão financiou a casa própria em 30 anos – mas pretende quitar em dez. “Com a parcela menor, consigo fazer adiantamentos. E o período menor dá mais segurança com relação à instabilidade da inflação”, afirma.


No entanto, ainda há quem se assuste. Uma mutuária, que preferiu não se identificar, até se interessou pelo IPCA, mas preferiu a TR. 


“O gerente explicou que seria interessante optar pelo IPCA se eu tivesse a intenção de quitar o apartamento logo, pois se houvesse uma mudança muito radical na economia as parcelas poderiam até dobrar de valor. Como não é o meu caso, financiei em 360 parcelas e preferi fazer pela correção da TR”.


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