Só depois, ser mãe: Mulheres adiam a maternidade com foco na carreira e no amor

Mulheres decidem adiar a maternidade para, antes, ter foco na carreira e em relacionamentos

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  14/12/20  -  23:21
Mulheres decidem adiar a maternidade para, antes, ter foco na carreira e em relacionamentos
Mulheres decidem adiar a maternidade para, antes, ter foco na carreira e em relacionamentos   Foto: Reprodução/Unplash

Grávida de oito meses, a agente de viagens Aline Domingues Amorim vive a ansiedade de qualquer mulher que embarca pela primeira vez rumo às delícias e aos desafios de ser mãe. Mas, com 38 anos, ela integra um grupo que vem crescendo: o de mulheres que decidiram pela maternidade um pouco mais tarde. Atualmente, a idade média das mães da Baixada é de 28,5 anos. Em Santos, chega a 30,1, até maior que a do Estado. 


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Dados da Fundação Seade apontam que, entre 2000 e 2019, em São Paulo, a proporção de mães com menos de 20 anos caiu quase pela metade – de 19,5% para 10,4% –, enquanto aumentou a parcela das mães com mais de 30 anos. A faixa daquelas de 30 a 39 anos passou de 26% para 39,1%. 


>> Veja o infográfico com a média de idade entre mães da Baixada Santista


A mudança na distribuição dos nascimentos segundo grupos etários resultou no aumento de quase três anos na idade média das mães paulistas, que passou de 25,9 a 28,7 anos de 2000 para o ano passado. Na Capital, essa idade é ligeiramente mais elevada, indicando maior proporção de mães em grupos etários mais avançados: em 2019, a idade média foi de 29,1 anos. Na Baixada Santista, no ano passado, a média da idade das mães foi de 28,5 anos. 


Mas é Santos quem puxa esse cenário. A média de idade das mães santistas é de 30,1 anos. Em seguida, vêm Praia Grande (28,6) e Itanhaém (28,2; veja infográfico). 


De acordo com a Fundação Seade, a realidade da Baixada se repete no Estado. Assim, em geral, a idade média é mais elevada nos municípios que são sede de regiões e naqueles com melhores condições socioeconômicas. 


Prioridades


Para Aline, adiar a gravidez estava relacionado a suas prioridades. “Lido com viagens e sempre coloquei o trabalho como prioridade. Fora que também teve a questão de um relacionamento mais sério no qual pude, enfim, ter a certeza de querer dar um tempo nas demais prioridades para ter filhos”, conta. 


Com mais experiência de vida e realizações, ela acredita que isso possa ajudar na hora de criar o pequeno Ravi, que está a caminho. 


Débora Mara Silva Rocha dos Santos, de 36 anos, está na segunda gravidez. Na primeira, ela já tinha passado dos 30. “A gravidez mais tardia foi uma opção, sim, porque priorizamos nos estabilizar, comprar nosso apartamento”, explica. 


Segundo Débora, isso também possibilitou que o casal ficasse mais maduro para lidar com a educação dos filhos. “Casei com 22 anos, e ele, com 27. Curtimos muitos anos a dois, viajamos bastante. Creio ter sido a hora ideal para nós os filhos após os 30, pois estávamos mais amadurecidos e estabilizados”.


Precoces


Por outro lado, cerca de 25 mil adolescentes com menos de 18 anos foram mães em 2019 em São Paulo. Embora, proporcionalmente, sua participação seja de 4,3% do total de nascimentos e tenha se reduzido pela metade entre 2000 e 2019, a gravidez na adolescência permanece como importante tema de estudo, podendo trazer diversos riscos à saúde (materna e do recém-nascido) e consequências relacionadas à educação e a a questões socioeconômicas e familiares, por exemplo. No Estado, as regiões de Itapeva e Registro apresentaram as proporções mais elevadas de mães com menos de 18 anos. 


Questões pessoais se unem a avanços na Medicina


Conforme Denise Miranda de Figueiredo, doutora em Psicologia Clínica, especialista em Terapia de Família e uma das fundadoras do Instituto do Casal, os fatores que levam as mulheres a adiarem a maternidade geralmente estão atrelados, em primeiro lugar, ao investimento maior nas carreiras. 


“Num segundo ponto, também ao investimento nas próprias relações. As pessoas acabam casando mais tarde e querendo aproveitar um pouco mais essa relação antes de ter o seu primeiro filho.” 


Além das questões sociais, elementos médicos também permitem essa mudança de cenário, avalia Denise. Hoje em dia, a maternidade tardia é uma possibilidade, pois a Medicina avançou muito nesta questão. “As mulheres sabem que podem contar com possibilidades de serem mães, seja com acompanhamento médico específico ou, até, técnicas de fertilização.” 


Para Denise, para viver a maternidade, não há uma idade certa. “É claro que, se atrelarmos à questão biológica, vamos ter um tempo limitado”, diz. Porém, com saúde, cada mãe tem um jeito e um tempo certo para nascer em cada mulher.


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